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Quadrilha com ligações políticas arrecada mais de 30mi em RO

Batizada de Apocalipse, a operação, iniciada em dezembro de 2011, investigou 27 empresas e 98 pessoas, entre elas cinco vereadores e cinco deputados estaduais

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 4 de julho de 2013 às 20h44.

Brasília – A Polícia Civil de Rondônia deflagrou hoje (4) operação para apurar crimes relacionados ao financiamento, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, envolvendo empresários e políticos locais. Batizada de Apocalipse, a operação, iniciada em dezembro de 2011, investigou 27 empresas e 98 pessoas, entre elas cinco vereadores e cinco deputados estaduais.

A organização criminosa atuava em Rondônia, mas tinha ramificações em seis estados – Acre, Amazonas, Mato Grosso, Ceará, Rio Grande do Norte, São Paulo e Paraná – e no Distrito Federal. De acordo com a investigação, só em Rondônia, a quadrilha acumulou patrimônio de R$ 33,5 milhões, que incluía 200 veículos (R$ 7,5 milhões), 25 imóveis (R$ 22,5 milhões) e cotas de empresas no valor de R$ 3,5 milhões.

O secretário de Segurança Pública do estado, Marcelo Bessa, disse à Agência Brasil que os suspeitos captavam recursos por meio de lavagem de dinheiro e financiavam campanhas políticas, pedindo, em troca, benefícios como a nomeação de funcionários fantasmas e até mesmo demandas políticas. Os desdobramentos da investigação também apontaram o envolvimento da quadrilha em crimes como falsificação de documentos, estelionato, peculato, corrupção (ativa e passiva), tráfico de influência, prevaricação, quebra de sigilo funcional e formação de quadrilha.

"A quadrilha passou a também buscar o poder político, por meio do financiamento de campanhas de pretensos candidatos a cargos eletivos, com o compromisso de que, uma vez eleitos, tais políticos nomeassem pessoas indicadas pela organização para serem laranjas e até mesmo para trabalhar nos gabinetes", disse o secretário. Segundo ele, a quadrilha tinha ainda demandas referentes à atividade parlamentar.

Conforme as investigações, vereadores, empresários e funcionários públicos estão envolvidos com o esquema. A participação de vereadores e deputados estaduais nos crimes investigados fez com que a Justiça determinasse a suspensão da função parlamentar por 15 dias, prorrogáveis por mais 15, para não prejudicar o andamento das apurações.


"Ela [a quadrilha] tinha uma veia política, estendida basicamente no âmbito do Poder Legislativo Municipal e Estadual. Temos cinco deputados sendo investigados, entre eles, o presidente da Assembleia. A Justiça decretou o afastamento deles. Cinco vereadores estão sendo investigados, e três deles foram presos hoje. Então, temos parlamentares municipais e estaduais", ressaltou Bessa.

Bessa informou que, com a Operação Apocalipse, foram determinadas 64 prisões e 229 medidas cautelares, entre mandados de busca, apreensão e prisão, além de indisponibilidade de bens em nove estados.

O presidente da Assembleia Legislativa de Rondônia, Hermínio Coelho (PSD), afastado do cargo por ordem judicial, é investigado por crime de peculato. Ele é acusado de nomear para cargos comissionados na Assembleia pessoas indicadas pela quadrilha. Os deputados Ana da 8 (PTdoB), Adriano Boiadeiro (PRP), Cláudio Carvalho (PT) e Jean Oliveira (PSDB), vice-presidente da Casa, foram proibidos de entrar na Assembleia e tiveram decretada a indisponibilidade de seus bens dos parlamentares, além de busca e apreensão em seus domicílios e gabinetes e no Departamento Financeiro e de Recursos Humanos da Casa. De manhã, foram apreendidos documentos e computadores que serão periciados.

Roberto Rivelino Guedes, filho do presidente afastado da Assembleia, investigado por formação de quadrilha e estelionato, também teve prisão preventiva decretada. Na casa dele, foram encontradas notas fiscais de postos de gasolina e documentos bancários. Foram presos os vereadores Marcelo Reis (PV) e Jair Montes (PTC) . Hoje foi cumprida uma etapa mais "ostensiva" da operação, que era executar os mandados de prisão e coletar mais provas, como documentos e equipamentos. "Eles serão analisados e daí poderão surgir novos fatos, novos ramos de operação do grupo e, inclusive, novos membros. A operação só tem começo – o fim vai de acordo com as provas que são colhidas e que vão orientar a gente", explicou Bessa.


O secretário informou que o grupo operava ainda um esquema de fraude em empresas de cartões de crédito. Pessoas recrutadas pela quadrilha forneciam dados pessoais para fazer contratos, que não eram pagos, com as instituições financeiras. Começou-se a demonstrar que a quadrilha tinha um viés de atuação voltado para fraudes bancárias e estelionato multimilionário, disse Bessa. Donos de concessionárias de veículos são suspeitos de participar do esquema, ajudando na lavagem de dinheiro. Um desses empresários foi preso hoje. Os 77 pedidos de prisão preventiva e temporária resultaram na detenção de 42 pessoas em Rondônia e seis em outros estados.

Bessa classificou o esquema de sofisticado e disse que a polícia deverá abrir um inquérito específico sobre esse delito. "A perspectiva é instaurar exclusivamente um inquérito para o crime de lavagem de capitais, para apurar com mais profundidade e melhor produzir as provas", informou. A polícia deve apresentar à Justiça, em até dez dias, o inquérito com as investigações não relacionadas ao tráfico de drogas. Para a investigação desse tipo de crime, a autoridade policial tem até 30 dias para apresentar o inquérito.

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