PT reitera apoio a Maduro e defende legitimidade da Constituinte
Apesar da insistência da direção do PT em defender Maduro, alguns dirigentes, como o ex-presidente Lula, não demonstraram apoio incondicional
EFE
Publicado em 22 de setembro de 2017 às 21h45.
Rio de Janeiro - O PT manifestou nesta sexta-feira seu respaldo à Assembleia Nacional Constituinte da Venezuela , questionada por grande parte da comunidade internacional, e aproveitou para criticar o presidente Michel Temer e o governo dos Estados Unidos.
O apoio à Constituinte e ao governo de Nicolás Maduro foi expressado em uma resolução política que a Direção Nacional do PT divulgou hoje, após dois dias de reuniões para analisar diferentes assuntos, entre eles a situação na Venezuela.
"Na América Latina, um dos mais graves aspectos da ofensiva conservadora é o ataque aberto do governo (Donald) Trump à soberania da Venezuela, com a cumplicidade do governo Temer e outros governos subordinados, que se recusam a reconhecer a legitimidade de instituições democraticamente eleitas como a Assembleia Constituinte", afirma a nota do PT.
De acordo com os dirigentes do partido, os países, como o Brasil, que se negam a reconhecer a legitimidade da Constituinte também rejeitam "o direito do povo venezuelano à sua autodeterminação".
Pelo contrário, segundo acrescentam na nota, os movimentos populares e os partidos progressistas de toda América Latina lutam pelas mesmas coisas, "democracia, soberania e justiça social", e não se rendem.
De acordo com o PT, a profunda crise que o Brasil enfrenta atualmente não pode ser desvinculada dos graves conflitos que ocorrem no palco continental e global, como a situação na Venezuela.
"A busca, pelos EUA e outras potências hegemônicas, de uma saída para a sua própria crise econômica, não resolvida desde 2007/08, se desdobra em uma crise de dominação política, com agressões que põem seriamente em risco a paz e a segurança dos povos", ressalta o documento do PT.
Apesar da insistência da direção do PT em defender Maduro e sua Constituinte, alguns dirigentes da legenda, como o próprio ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não demonstraram um apoio incondicional ao governo na Venezuela.
"Não podemos permitir que qualquer que seja o erro que tenha cometido Nicolás Maduro, ou que venha a cometer, permita que um presidente americano diga que utilizará a força para poder derrubá-lo", disse Lula no mês passado em uma cerimônia na qual criticou a intervenção militar na Venezuela defendida por Trump.
Lula, que durante seu governo foi um importante aliado tanto do falecido presidente venezuelano, Hugo Chávez, como do próprio Maduro, criticou as declarações nas quais Trump defendeu o uso da força na Venezuela, mas sem fazer uma clara defesa do atual presidente venezuelano.