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PT não fará nova carta porque tem fundamentos para tocar país, diz Haddad

"Estão querendo obrigar o PT a escrever uma outra carta aos brasileiros, ao mercado. Não precisa", afirmou.

Haddad ainda foi questionado se daria um indulto a Lula, caso fosse eleito (Patricia Monteiro/Bloomberg/Bloomberg)

Haddad ainda foi questionado se daria um indulto a Lula, caso fosse eleito (Patricia Monteiro/Bloomberg/Bloomberg)

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Reuters

Publicado em 7 de setembro de 2018 às 12h33.

BRASÍLIA - Candidato a vice-presidente na chapa presidencial petista, Fernando Haddad disse na noite de quinta-feira que o PT não irá fazer uma nova "Carta aos Brasileiros", nos moldes da escrita pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para acalmar o mercado antes de sua primeira eleição, em 2002, porque o partido tem "fundamentos sólidos".

Em entrevista à rede GloboNews, o candidato à vice --que deve ser confirmado no início da semana que vem como substituto de Lula, que teve seu registro rejeitado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE)--, Haddad foi pressionado a admitir erros na condução econômica do PT e a se comprometer com uma política diferente do segundo governo de Dilma Rousseff.

"Não existe isso. Estão querendo obrigar o PT a escrever uma outra carta aos brasileiros, ao mercado. Não precisa, nós temos fundamentos sólidos para tocar o país", afirmou.

Haddad reconheceu decisões equivocadas assumidas pelo PT no segundo governo de Dilma Rousseff, especificamente a política de desonerações e a política energética, mas ressaltou que a conta da crise, em sua opinião, teve também um forte componente político.

"Eu entendo que 2013 e 14 tomamos algumas decisões equivocadas. Mas que não explicam a crise de 2015 e 2016 que, na minha opinião, foi sobreposta com a crise institucional. Na minha opinião a crise política tem que ser colocada na conta da recessão", defendeu.

"De 2003 a meados de 2012 eu penso que, se cometemos erros na gestão econômica, eles foram muito laterais, não foram importantes. Em 2013 e 2014 foram erros importantes, mas que não explicam a debacle de 2015 e 2016."

Haddad acusa o PSDB de gerar instabilidade no país a partir de 2014, quando o senador Aécio Neves não aceitou o resultado da eleição presidencial, e de cooptar um vice de "caráter frágil" --referindo-se ao atual presidente Michel Temer-- para criar a crise política que levou ao impeachment de Dilma.

"Foi um sabotagem institucional que causou incertezas e levou os investidores a se recolherem para ver no que ia dar. Deu nisso", disse.

DECISÃO

Haddad confirmou ainda que o PT espera o resultado da Justiça sobre os últimos pedidos --ainda resta uma liminar pedida ao TSE-- para garantir o registro de Lula e conversará com o ex-presidente na segunda-feira para então homologar a mudança da chapa na terça, data limite dada pelo tribunal.

Questionado se continuaria na chapa como vice no caso do PT escolha outro nome que não o seu para substituir Lula, Haddad negou. "Não continuarei", disse.

A substituição de Lula por Haddad já está pacificada dentro do PT por decisão do próprio ex-presidente, depois de semanas de disputas internas causadas, inclusive, pela dificuldade que Lula teve em aceitar que dificilmente conseguiria garantir seu registro.

Sem outra solução e sob o risco de ficar sem candidato se não decidir até terça-feira, a expectativa é que Haddad saia do encontro com Lula, na segunda, com uma carta apontando-o como substituto. A homologação deve ser feita na própria segunda ou na terça.

Haddad ainda foi questionado se daria um indulto a Lula, caso fosse eleito. O ex-prefeito esclareceu que isso não está em consideração.

"Lula pede que os tribunais superiores julguem o mérito da sua condenação. Que se reconheça o erro judiciário. Ele não vê no processo uma única prova cabal que ele tenha cometido um ilícito no caso daquele apartamento. Ele me disse 'eu quero a comprovação da minha inocência. Eu não estou pedindo indulto, estou pedindo reconhecimento do erro judiciário'", disse Haddad.

(Reportagem de Lisandra Paraguassu)

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