PT lança plano de reconstrução nacional em oposição a Bolsonaro
Partido quer aproveitar o horário de TV dos candidatos do PT às eleições municipais como espaço para Lula amplificar críticas ao governo federal
Estadão Conteúdo
Publicado em 10 de setembro de 2020 às 11h47.
Última atualização em 10 de setembro de 2020 às 11h47.
Depois de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se colocar "à disposição" para enfrentar o governo Jair Bolsonaro, o PT vai lançar nos próximos dias um "programa de reconstrução nacional". Segundo lideranças do partido, os dois passos fazem parte do mesmo movimento para recolocar o PT no papel de oposição natural a Bolsonaro.
A próxima etapa, afirmam lideranças petistas, é aproveitar o horário de TV dos candidatos do PT às eleições municipais de novembro como espaço para Lula amplificar suas críticas ao governo federal. Por ordem do ex-presidente, o PT terá um número recorde de candidatos nas cidades com segundo turno - 85 em um total de 95 municípios.
O programa elaborado pela Fundação Perseu Abramo sob a coordenação do ex-ministro Aloizio Mercadante, "diverge frontalmente", segundo o PT, "dos caminhos trilhados pelo governo Bolsonaro em temas relacionados à economia e à democracia, além de sugerir políticas públicas em áreas que vão de meio ambiente, saúde, educação e cultura". No texto em que anuncia o programa, o partido usa a expressão "oposição propositiva".
Embora tenha a assinatura do PT, afirma o partido, o programa contempla sugestões de outras siglas de oposição, como PDT, PSOL Rede, PSB e PCdoB. O mote do programa, colocado por Lula em pronunciamento no dia 7, é "Vamos juntos reconstruir o Brasil".
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que o texto será apresentado para debate com as demais forças de oposição. "O plano é a contribuição que o PT vai dar para o debate da esquerda e oposição ao Bolsonaro para essa reconstrução", disse ela.
Gleisi negou que o objetivo tanto do pronunciamento de Lula quanto do plano seja eleitoral. "Não é um programa de governo", disse ela.
O ex-presidente já está gravando vídeos para os candidatos petistas. Ele pretende falar das cidades, mas levando o assunto para a esfera federal, lembrando realizações dos governos petistas e fazendo críticas a Bolsonaro.
"Ele não vai se furtar de fazer críticas, denúncias. Quando se colocou à disposição do povo brasileiro foi também para isso", afirmou Gleisi.
No 7 de Setembro, Lula fez um pronunciamento em suas redes sociais no qual faz duras críticas à forma como Bolsonaro vem conduzindo o País no enfrentamento à pandemia e à política econômica do governo. Ao final, o ex-presidente se colocou "à disposição do povo brasileiro" para enfrentar a situação.
A frase foi interpretada como sinal de que Lula quer mais uma vez ser candidato à Presidência em 2022, se for liberado pela Justiça. Em 2018, o ex-presidente foi enquadrado na Lei da Ficha Limpa por ter sido condenado em dois processos em órgão colegiado (o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, TRF-4).
Preso em abril de 2018, para cumprimento provisório de sua pena no caso triplex do Guarujá (SP) por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no esquema de desvios na Petrobras, o ex-presidente foi solto em novembro do ano passado.
Petistas apostam em uma reversão dessas penas no julgamento pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) da ação que pede a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro. Até agora, dois integrantes da Segunda Turma votaram contra a suspeição e dois indicaram que vão votar a favor. O voto de Minerva será do decano do STF, ministro Celso de Mello, que deve se manifestar antes de se aposentar, em novembro. Nesta semana petistas reativaram a campanha Lula Livre, agora com o mote "anula STF", numa tentativa de pressionar o Tribunal.