Aécio Neves: afastado do cargo (Evaristo Sá/AFP)
Da Redação
Publicado em 23 de março de 2017 às 19h01.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h02.
PT e Odebrecht
O site O Antagonista teve acesso à íntegra dos depoimentos de Marcelo Odebrecht ao Tribunal Superior Eleitoral, divulgando acusações do empreiteiro ao PT. Segundo Odebrecht, o ex-ministro Paulo Bernardo solicitou 64 milhões de reais para liberação de uma linha de crédito para a campanha de 2010. Entre as acusações também estão presentes os 150 milhões de reais disponibilizados a Guido Mantega para a campanha de Dilma Rousseff em 2014, e outros 27 milhões para o ex-ministro. Com Antonio Palocci, afirma ter acertado o pagamento de mais 300 milhões de reais entre 2008 e 2014. Palocci tratava com Odebrecht conforme combinado com Luiz Inácio Lula da Silva, com ciência de Dilma Rousseff. Lula, inclusive, movimentava uma conta-corrente no departamento de propina da empresa, sob o codinome “Amigo”. Marcelo Odebrecht disse ainda que não tratou de valores com Michel Temer — quem pediu os 10 milhões aos candidatos do PMDB foi o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha.
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Aécio e o laranja
Segundo o site BuzzFeed, o empresário Alexandre Accioly, dono da rede de academias Bodytech, foi apontado na delação da Odebrecht como laranja do senador do PSDB Aécio Neves (MG). Accioly, segundo executivos do grupo, forneceu uma conta fora do país para o tucano receber propina quando era governador de Minas Gerais e colocou a estatal Cemig como sócia da construção da usina Santo Antônio, em Rondônia. Ambos negam envolvimento com o esquema.
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Muito dinheiro
Segundo Daniel Gonçalves Filho, fiscal apontado como líder do esquema de corrupção desvendado pela Operação Carne Fraca, o deputado federal Sérgio Souza (PMDB-PR) é um dos políticos que receberam “muito dinheiro” e teria o “rabo preso” com envolvidos presos pela Polícia Federal. A informação é do jornal O Estado de S. Paulo. O parlamentar foi citado em grampos da PF, mas o órgão não havia encontrado até então indícios de crimes por detentores de foro privilegiado. A história corrobora com a alegação da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), em plenário, que foi pressionada no ano passado por Sérgio Souza e pelo atual ministro da Justiça, Osmar Serraglio, para manter Daniel Gonçalves no cargo de fiscal. Nesta quinta-feira, Souza foi eleito presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara. O deputado não se manifestou.
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Vistoria surpresa
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, sugeriu a importadores de carnes chineses que façam “vistorias surpresa” em frigoríficos brasileiros para atestar a eficiência do controle de qualidade do mercado pecuário brasileiro. Maggi concedeu entrevista coletiva a agências internacionais como uma tentativa de reverter as suspensões de importação de carnes, em especial da China e de Hong Kong, depois da deflagração da Operação Carne Fraca. O ministro jogou toda a culpa na Polícia Federal e argumentou que se trata de um problema burocrático, não sanitário. Segundo dados oficiais, as exportações caíram de 63 milhões de dólares para 74.000 dólares ao dia.
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Mais uma terceirização
O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), pretende colocar em pauta o projeto mais recente de terceirização que tramita no Congresso, votado pela Câmara dos Deputados em 2015 e que traz mais garantias ao trabalhador. Aprovados os dois projetos de lei, caberá ao presidente Michel Temer vetar ou sancionar artigos para criar um texto mais robusto. A mudança aprovada ontem, que tem a mesma base, de legalizar a terceirização em todas as áreas de uma empresa, é resultado de uma manobra do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para driblar a resistência de parlamentares em votar a questão no Senado.
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Sigilo de fonte
O juiz federal Sergio Moro voltou atrás na determinação de busca e apreensão para desvendar a fonte que informou o blogueiro Eduardo Guimarães de que haveria ações judiciais contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva antes da 24ª fase da Operação Lava-Jato. Moro considerava que o blogueiro havia obstruído a Justiça ao avisar ao ex-presidente de que seria conduzido coercitivamente e ao divulgar as informações vazadas. O blogueiro alega que precisou checar a veracidade dos dados que constavam no despacho obtido por ele e publicar a informação correta em seu blog. “Deve ser excluído do processo e do resultado das quebras de sigilo de dados, sigilo telemático e de busca e apreensão, isso em endereços eletrônicos e nos endereços de Carlos Eduardo Cairo Guimarães, qualquer elemento probatório relativo à identificação da fonte da informação”, diz Moro em despacho. O juiz volta atrás depois de reivindicações de associações de jornalistas. O sigilo de fonte está assegurado pela Constituição.