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Da Redação
Publicado em 26 de novembro de 2013 às 18h17.
Brasília – A cúpula do PSDB anunciou hoje (26) que apresentará denúncia à Comissão de Ética da Presidência da República contra o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, por entender que ele agiu politicamente no caso da investigação, pela Polícia Federal, das denúncias de envolvimento de representantes da legenda no esquema de corrupção no metrô de São Paulo.
Os tucanos também pediram o afastamento de Cardozo do cargo. Em uma entrevista coletiva, com a presença dos principais nomes do partido, o PSDB avaliou que a saída do ministro é “condição sine qua non” para continuidade das investigações.
“A ação do ministro da Justiça não coaduna com preceitos republicanos. A forma açodada como agiu o ministro e sua omissão tiram dele as condições de conduzir essas investigações”, disse o presidente do partido, senador Aécio Neves (MG).
Os integrantes da legenda mencionaram a existência de um documento, encaminhado por Cardozo à PF, em que o ex-diretor da empresa Siemens Everton Rheinheimer faz denúncias sobre a prática de cartel das empresas que forneciam materiais e serviços para o metrô de São Paulo.
Segundo o PSDB, o presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Vinicius Carvalho, foi quem repassou o documento com as denúncias à PF. O Cade também investiga o esquema, além dos ministérios Público Federal e Estadual. O PSDB alega que partiu do Cade a denúncia contra membros do partido. A legenda também defende o afastamento de Carvalho.
Para Aécio Neves, o PT “usa as instituições” para se perpetuar no poder. “O PT faz um mal enorme à democracia ao se apropriar das instituições como patrimônio para tentar perpetuar o projeto de poder.”
O líder do PSDB na Câmara, deputado Carlos Sampaio (SP), comparou o caso ao episódio que ficou conhecido como “dossiê dos aloprados”, em que integrantes do PT foram presos pela Polícia Federal, duas semanas antes das eleições presidenciais de 2006, tentando comprar um dossiê que ligava o então candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra, à máfia dos sanguessugas.
“Um documento não assinado, entregue na sua casa [do ministro], por um companheiro de partido [o secretário de Serviços da prefeitura de São Paulo, Simão Pedro (PT)] e que, ao final, o denunciante pede um cargo na Vale? O papel que o ministro fez não coaduna com o papel de um ministro de Estado”, reforçou Sampaio. “Esse documento nos causa repulsa”, acrescentou.
O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), disse que, além de apresentar denúncia contra Cardozo na Comissão de Ética Pública, o partido tentará convocá-lo na Câmara e no Senado. “Contra aqueles que participaram disso vamos tomar medidas de natureza institucional e do ponto de vista pessoal. Do ponto de vista institucional, vamos atuar no Congresso para convocar o ministro da Justiça na CCJ [Comissão de Constituição e Justiça]”.
O secretário estadual de Energia de São Paulo, José Aníbal, um dos acusados de participação no esquema, classificou o documento como “uma fraude”. “A presidenta Dilma, se ela não sabia disso, agora está sabendo. Ou ela demite o ministro ou ela é cúmplice desse dossiê aloprado 2”, disse Aníbal.