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PSDB deve anunciar que permanece na base aliada de Temer

A tendência é de que a sigla não desembarque agora do governo, sob o argumento de que um rompimento poderia prejudicar as reformas

Governo Temer: Serra diz que o PSDB deveria tomar uma decisão "sensata" para não ser acusado de aprofundar a crise (REUTERS/Ueslei Marcelino/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 12 de junho de 2017 às 21h50.

Brasília - Principal fiador do presidente Michel Temer no Congresso Nacional, o PSDB deve anunciar na noite desta segunda-feira, 12, após reunião ampliada da executiva nacional e de demais lideranças do partido, que vai permanecer na base aliada.

Segundo apurou o Broadcast/Estadão com tucanos presentes no encontro, a tendência é de que a sigla adote o discurso de que não pode desembarcar agora do governo, sob o argumento de que um eventual rompimento com Temer poderia prejudicar a aprovação das reformas.

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Na reunião, que ainda acontece a portas fechadas, prevalece o entendimento de que, enquanto as reformas da Previdência e trabalhista estiverem tramitando no Congresso Nacional, o PSDB deve continuar ao lado de Temer.

Nos bastidores, tucanos também defendem que, após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) absolver Temer, a legenda deve agora aguardar a possível denúncia contra o presidente que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve apresentar até o fim de junho.

A reunião é comandada pelo presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), e conta com as presenças de várias lideranças do partido.

Entre elas, a do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do prefeito da capital paulista, João Doria.

Os quatro ministros da sigla - Bruno Araújo (Cidades), Antônio Imbassahy (Secretaria de Governo), Aloysio Nunes (Relações Exteriores) e Luislinda Valois (Secretaria de Direitos Humanos) - também participam do encontro.

Na reunião, as lideranças tucanas estão se revezando no microfone. De acordo com relatos de tucanos presentes, em seus discursos, o governador de São Paulo e o senador José Serra (SP), ex-ministro das Relações Exteriores de Temer, defenderam que o partido permanecesse aliado ao governo, por enquanto, para ajudar o Palácio do Planalto a aprovar as reformas da Previdência e trabalhista.

Segundo relatos, Serra defendeu a unidade do PSDB e que o partido levasse em consideração a crise econômica pela qual o Brasil passa, ao decidir sobre o apoio a Temer.

O ex-ministro das Relações Exteriores pregou que a legenda deveria tomar uma decisão "sensata" para não ser acusada de aprofundar a crise.

Ele ainda pregou que a sigla retome suas principais bandeiras, como a defesa pelo parlamentarismo.

Alckmin, por sua vez, afirmou que o PSDB deveria "observar" o cenário político até a conclusão da votação das reformas.

Conforme relatos, o governo ainda propôs antecipar a eleição para escolher novos membros da executiva nacional do partido, entre eles, o substituto definitivo do senador afastado Aécio Neves (MG).

O parlamentar mineiro está licenciado da presidência nacional da legenda desde 18 de maio, após ser atingido pela delação de executivos do frigorífico JBS.

A eleição do substituto definitivo de Aécio no comando do PSDB está prevista somente para maio do próximo ano.

Como antecipou o Broadcast/Estadão no último dia 8 de junho, senadores e deputados querem antecipar o pleito para o segundo semestre deste ano.

A estratégia é tirar o tucano mineiro do foco político para que a legenda possa tentar "renovar" sua imagem para as eleições de 2018.

Mesmo ausente da reunião, Aécio também trabalhou, nos bastidores, para evitar o desembarque do PSDB do governo agora.

A avaliação de "aecistas" é a de que, se os tucanos romperem com Temer agora, o PMDB, partido do presidente e dono das maiores bancadas no Congresso Nacional, trabalhará a favor da cassação do mandato do senador mineiro no Conselho de Ética do Senado.

Doria também fez discurso em defesa da permanência do PSDB no governo durante a reunião.

Segundo relatos de tucanos presentes no encontro, o prefeito da capital paulista destacou que o partido precisa manter o compromisso com a governabilidade e com as reformas.

Afilhado político de Alckmin, o tucano também acenou para o governador em seu discurso. O prefeito disse que ele e Alckmin são "indivisíveis".

Em meio às defesas de permanência no governo, tucanos também fizeram uma autocrítica durante a reunião desta segunda-feira.

As lideranças do PSDB avaliaram que os sucessivos escândalos colocaram toda a classe política em cheque e que há uma "hipertrofia" generalizada dos três poderes - Executivo, Legislativo e Judiciário.

Nesse sentido, alguns dos caciques manifestaram preocupação sobre o que acontecerá com o país.

Entre os que defendiam o desembarque, coube ao senador Ricardo Ferraço (ES) fazer a fala mais incisiva.

Ao chegar na sede do partido, ele defendeu a imediata entrega dos cargos no governo por conta das "denúncias devastadoras" contra a gestão Temer.

"Vou defender que o PSDB entregue os cargos, mas continue apoiando as reformas. A crise vivida pelo governo é insustentável, as denúncias são devastadoras", disse antes de acrescentar que é possível tocar as reformas sem apoiar o governo peemedebista.

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