João Doria e Eduardo Leite. (Fotos: Eduardo Leite: Tiago Coelho/Bloomberg via Getty Images / João Doria: Governo do Estado de São Paulo / montagem/Exame)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 26 de novembro de 2021 às 06h00.
Assim que a votação das prévias do PSDB foi suspensa, no último domingo, 21, o partido não sabia quando o processo seria retomado. Dois dias depois, a legenda marcou para o próximo domingo, 28, a retomada e finalização da escolha do candidato à presidência da República. Mas até esta sexta-feira, 26, há mais perguntas do que respostas, e pode ser que o pleito nem ocorra.
A começar pelo sistema de votação. Na terça-feira, 23, o presidente do PSDB, Bruno Araújo, disse que estava em validação com uma nova empresa para o desenvolvimento de uma plataforma segura para continuar a votação. Esta nova plataforma não conseguiu passar no teste de estresse ao qual foi submetida.
O partido foi para outras opções, que também não conseguiram demonstrar eficiência. Ou seja, ainda não se sabe como será a votação dos cerca de 60% de votos faltantes dos 44.700 aptos a votar.
Também não está claro o que realmente aconteceu com o aplicativo desenvolvido pela Fundação de Apoio à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Faurgs). A principal falha foi constatada na etapa de tirar uma foto do eleitor, processo necessário para validar o voto. Nesta semana, o PSDB emitiu uma nota dizendo que “cresce o alerta de que o app pode ter sido vítima de ataque de hackers”.
A executiva nacional do partido não quer o envolvimento da Polícia Federal, mas a pressão interna e dos três candidatos, João Doria, Eduardo Leite e Arthur Virgílio, para uma solução definitiva cresce cada vez mais. Ex-caciques do PSDB solicitaram que a PF entre no caso.
Antes mesmo da votação começar, analistas políticos alertavam que o partido poderia sair rachado do processo, pelo alto grau de competitividade entre os candidatos. Com o problema técnico, o clima só piorou nos últimos dias. Tanto a campanha de Leite quanto a de Doria dizem que estavam ganhando, e que esperam que o resultado seja a seu favor.
O sentimento interno do partido também é de fiasco. "O nosso entendimento é de que o processo foi ruim. O filiado quer votar. Nós queremos a definição do candidato do partido", disse Marco Vinholi, o presidente do diretório estadual do PSDB de São Paulo, em entrevista à EXAME.
Do total de eleitores inscritos a participar da votação, mais de 60% são paulistas, que em sua maioria apoiam Doria. O Rio Grande do Sul, terra que deve dar maioria ao governador gaúcho, tem 9% dos inscritos, e Minas Gerais, que também apoia Leite, tem 4% dos filiados inscritos a votar.
Apesar da vantagem, em números absolutos, do governador paulista, a conta não é uma matemática simples. Os votos dos filiados contam como 25% do peso total, os deputados federais, senadores, vice-governadores e vice-governadores e ex-presidentes do partido somados também valem 25%, assim como o dos deputados estaduais. Já prefeitos e vereadores têm peso de 12,5%, cada, na escolha interna do PSDB.
Se a conta não é uma matemática exata, o resultado político muito menos. A dois dias da data marcada para a finalização da votação, é incerto o futuro do PSDB nas eleições de 2022.