Eduardo Campos, governador de Pernambuco e líder do PSB (Fabio Rodrigues Pozzebom/AGÊNCIA BRASIL/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 8 de outubro de 2012 às 07h58.
Brasília — Se havia dúvida de que o PSB seria fiel da balança da eleição de 2014, já não parece mais haver. Isso a julgar, obviamente, pelo resultado da eleição municipal deste domingo. Em um pleito em que nenhuma outra sigla se sobressaiu em relação às demais, partido algum teve tantos resultados expressivos nas capitais – termômetro das eleições municipais – quanto o do governador pernambucano Eduardo Campos.
No Recife, o pessebista Geraldo Julio derrubou a hegemonia petista de 12 anos ao vencer a eleição já no primeiro turno. O petista Humberto Costa, aliás, protagonista de uma das brigas mais ferrenhas do PT por uma candidatura própria nas capitais – houve divisão interna no partido para sacramentar a chapa de Costa –, sequer ensaiou ameaçar a Geraldo Julio nas urnas. Enquanto o candidato do PSB foi eleito com 51,1% dos votos válidos, Costa ficou em terceiro, com pouco mais de 17%. O surpreendente Daniel Coelho, do PSDB, ficou com 27%.
Outra das grandes rinhas políticas das eleições de 2012 ocorreu em Belo Horizonte – e também nela o PSB saiu vencedor. Marcio Lacerda foi reeleito já no primeiro turno, a despeito da força-tarefa montada pelo PT para eleger o ex-ministro do Desenvolvimento Social e ex-prefeito Patrus Ananias. Nela entrou pessoalmente a presidente Dilma Rousseff, em uma de suas únicas incursões pessoais neste pleito.
Se perdeu uma prefeitura importante no Sul – em Curitiba, o prefeito Luciano Ducci foi superado por Ratinho Júnior (PSC) e Gustavo Fruet (PDT) –, o PSB deve levar já no primeiro turno uma das mais importantes do Centro-Oeste. O empresário Mauro Mendes, derrotado em 2008, está prestes a vencer a disputa já no primeiro turno (com 25% das urnas apuradas até 20h30mim, o pessebista tinha 75% dos votos válidos).
No desempenho dos partidos, as eleições municipais de 2012 foram tão fragmentadas quanto o próprio leque de siglas existente no país. Se há uma pretensa entre PT e PSDB, ela ficou latente apenas em São Paulo, o maior colégio eleitoral do país. O tucano José Serra e o petista Fernando Haddad asseguraram presença no segundo turno na capital paulista. Mas isso não ocorreu com larga margem: até a última semana, era a zebra Celso Russomanno, do inexpressivo PRB, quem liderava a corrida.
Além de São Paulo, as capitais só terão desempate em segundo turno entre petistas e tucanos em João Pessoa e Rio Branco. Na capital paraibana, a briga será entre Luciano Cartaxo (PT) e Cícero Lucena (PSDB). Na acreana, por sua vez, o segundo turno será entre Marcus Alexandre (PT) e Tião Bocalom (PSDB).
Eduardo Campos, o presidente do PSB, projetava conquistar entre 350 e 420 prefeituras no país neste ano – em 2008, foram 306. Seria, segundo ele, o atestado de que a sigla chegara “à idade adulta”. Essa é fala polida. A entrelinha da declaração, dada neste domingo, é de que seu partido ganhou peso para a composição da chapa presidencial de 2014.
O partido, habitual companheiro de primeira hora do PT, parece se credenciar para algo mais que apenas ceder minutos para o programa eleitoral petista. “O PSB virou o fiel da balança desta eleição. E da próxima”, diz um veterano ex-deputado federal. “O PMDB quer a vaga de vice (em uma eventual chapa da presidente Dilma Rousseff), e o PSB também. Só que não existem duas vagas de vice.”