Placa com nome da Avenida Paulista: “A realidade é que há 50 alunos em cada sala de aula e querem colocar mais 20 com o fechamento de várias escolas" (Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2015 às 14h26.
Após quase três horas e meia de protesto e cinco quilômetros percorridos, terminou por volta das 11h30 a manifestação de estudantes contra a decisão do governo estadual, que dividiu os colégios estaduais por ciclos de ensino, obrigando os alunos a mudar de escola a partir do ano que vem.
O ato começou às 8h, na região da Rua Augusta, e 20 minutos depois os alunos interditaram uma faixa da Avenida Paulista.
No fim da manifestação, os alunos estavam em frente à Secretaria Estadual de Educação. Segundo a Polícia Militar, uma pessoa foi presa durante o protesto.
A decisão do governo foi apresentada às diretorias de Ensino no dia 22. O objetivo é que as unidades ofereçam classes só de um dos três ciclos do ensino básico (anos iniciais – do 1º ao 5º e finais – do 6º ao 9º), do ensino fundamental e médio.
A ideia é que os alunos estudem a, no máximo, 1,5 quilômetro da unidade em que estão matriculados.
De acordo com a diretora executiva da União Municipal dos Estudantes Secundaristas (Umes), Natália Duarte Santo Prete, a manifestação é em defesa dos estudantes e da educação.
“A realidade é que há 50 alunos em cada sala de aula e querem colocar mais 20 com o fechamento de várias escolas. Sem contar que muitos estudarão longe de suas casas e outros, antes de chegar à sala de aula, terão de levar o irmão em outra escola. Além disso, muitos professores e funcionários devem ficar desempregados.”
Vicente Ribeiro Loiola Neto, 16 anos, está no segundo ano, mas terá de mudar de escola, que fica a quase 10 quilômetros da atual.
“Vou para a escola de bicicleta e levo cinco minutos para chegar. Com a transferência, não poderei mais ir assim, porque lá é perigoso e tem assalto até durante o dia. Vai alterar minha rotina e trabalho, porque, se não tiver vaga de manhã, terei de estudar no horário de trabalho.”
Henrique Hideky Oshiro tem 15 anos. No ano que vem ele cursará o segundo ano, mas não poderá permanecer na atual unidade, na Vila Formosa.
“Apesar de sabermos que vamos para uma escola próxima, a qualidade de ensino deve cair, porque já temos 45 alunos em sala e deve aumentar para 60. Hoje, somos a segunda melhor escola. Para onde vamos, é considerada uma das piores”.
Gabriela Baio Reis é aluna do último ano e estuda na zona Sul, em uma escola que será fechada. “Muitos amigos meus serão prejudicados, porque serão transferidos para Heliópolis, que é muito longe e com um percurso perigoso.”
A Secretaria Estadual de Educação foi procurada, mas não se manifestou até a publicação da matéria.