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Projeto no Senado limita em 20% os juros do cartão de crédito

Proposta criada em meio à pandemia do coronavírus valeria para dívidas contraídas entre março deste ano e julho de 2021

Cartões de crédito: taxa média de juros para pessoas físicas não acompanhou a queda da Selic (Germano Lüders/Exame)
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Da Redação

Publicado em 14 de maio de 2020 às 06h30.

Última atualização em 14 de maio de 2020 às 06h54.

Os juros básicos da economia nunca estiveram tão baixos. No dia 6, o Comitê de Política Monetária (Copom) cortou 0,75 ponto percentual na taxa Selic, que chegou a sua mínima histórica, de 3% ao ano. Mas os juros cobrados ao consumidor ainda continuam altos. Em março, quando a Selic foi reduzida de 4,25% para 3,75% ao ano, os juros do rotativo do cartão de crédito subiram, atingindo 326,4% ao ano. O aumento foi de 3,8 pontos percentuais em relação a fevereiro.

A taxa média de juros para pessoas físicas também não acompanhou a queda da Selic, ficando em 46,1% em março. A queda foi de apenas 0,6 ponto percentual em comparação a fevereiro. Para as empresas, o cenário foi pior ainda. Os bancos repassaram somente 0,4% ponto percentual da diminuição da taxa de juros.

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A permanência dos juros altos para o consumidor e para as empresas vem preocupando não apenas os contribuintes, mas também o Congresso. Nesta quinta-feira, 14, os senadores devem se reunir, por videoconferência, para votar o projeto de lei 1.166/2020, do senador Alvaro Dias (Podemos-PR).

A medida define um limite de 20% ao ano para juros de cartão de crédito e cheque especial para dívidas contraídas entre março deste ano e julho de 2021. “Com a taxa Selic tão baixa, não é razoável manter juros maiores a 600% ao ano”, disse o senador.

O índice de risco levado em conta pelos bancos e as operadoras de cartão de crédito para calcular os juros reais é um dos principais motivos para o corte na Selic não chegar ao consumidor final. Segundo o Banco Central, o endividamento das empresas chega a 3,1 trilhões de reais.

O número de famílias com dívidas no cartão de crédito, cheque especial, empréstimo pessoal e prestação de carro vem aumentando. Em abril, chegou a 66,6%, diante de 66,2% em março, segundo dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor.

O spread bancário, que é a diferença entre os que as instituições financeiras pagam para captar recursos e o que cobram de juros ao fazer empréstimos para os correntistas, é outro fator importante. O Brasil tem um dos maiores spreads bancários do mundo, o que encarece o custo do dinheiro.

As duas linhas tratadas no projeto do senador Alvaro Dias já passaram a contar com novas regras nos últimos anos que limitaram a cobrança de juros por parte dos bancos. Em janeiro deste ano, entrou em vigor uma resolução que limitou as taxas cobradas no cheque especial em 8% ao mês.

Os bancos, obviamente, tentam barrar o projeto. Segundo informações do jornal O Estado de São Paulo, o presidente da Federação Brasileira de Bancos, Isaac Sidney, tem conversado com os senadores e levado a eles argumentos como a possibilidade de “redução severa” do crédito, caso a medida seja aprovada. O assunto tem tudo para render hoje.

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