PRF apreende garimpeiro suspeito de de patrocinar manifestações no Pará
A PRF suspeitou que o garimpeiro poderia estar patrocinando 'ações delituosas de bloqueio de rodovias' no Estado
Estadão Conteúdo
Publicado em 16 de novembro de 2022 às 18h13.
A Polícia Rodoviária Federal apreendeu R$ 150 mil em dinheiro vivo e 78 camisetas nas cores verde e amarela com a inscrição 'Deus, Pátria e Família' — clichê usado pelo presidente Jair Bolsonaro em manifestações públicas — durante abordagem a um garimpeiro na cidade paraense de Itaituba, a quase 900 quilômetros de Belém.
Os agentes suspeitaram que o garimpeiro, flagrado ao volante de uma Toyota Hilux Cd branca quando transitava na altura do Km 650 da BR 163, poderia estar patrocinando 'ações delituosas de bloqueio de rodovias' no Estado, como as que ocorreram após a derrota de Bolsonaro nas eleições.
O dinheiro e as camisetas com estampa da bandeira do Brasil foram encontrados na caçamba da Hilux. O Estadão apurou que o garimpeiro, identificado como Rogério Amorim Macedo da Silva, estava acompanhado da namorada e da mãe dela.
Segundo a PRF, a região onde foi feita a abordagem é conhecida por abrigar um grande número de garimpos irregulares.
O garimpeiro alegou que o valor encontrado no veículo seria decorrente de 'uma venda de ouro', mas não apresentou aos policiais documentos que comprovassem a transação.
Os agentes conduziram o motorista e a quantia apreendida para o posto da Polícia Federal em Itaituba, 'para que fossem adotadas as medidas cabíveis'.
O Estadão teve acesso ao registro de ocorrência lavrado pelos agentes da PRF, que indica que o caso foi enquadrado como 'usurpação de bem ou matéria-prima da união, lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, direitos e valores'.
Além do dinheiro em espécie e das camisetas, os agentes que efetuaram a abordagem apreenderam seis cartões de crédito, a CNH o RG, o título de eleitor do motorista e o documento do carro.
A abordagem ocorreu por volta das 10h50 desta terça-feira, 15. Os agentes narraram que faziam uma fiscalização em razão de obras no quilômetro 650 da BR 163, quando avistaram a Hilux branca ultrapassando pelo acostamento a fila de carros formadas pelo sistema 'Pare/Siga' da rodovia.
A equipe abordou o veículo, sendo que nele estavam, além do motorista, sua sogra e sua namorada. Aos policiais, o homem que conduzia o carro alegou que estava indo para um 'garimpo de sua propriedade, onde passaria em torno de um a dois meses'. Segundo a PRF, a narrativa do condutor, junto da quantidade de bagagem transportadas no veículo, 'fez com que a equipe procedesse com uma busca veicular minuciosa'.
Durante a busca, os agentes encontraram, em uma das malas localizadas na caçamba da Hilux, um pacote com cédulas de R$ 100 e R$ 50.
Indagado sobre a origem do dinheiro, o garimpeiro alegou que carregava R$ 150 mil decorrentes de venda de ouro, sustentando que o montante seria destinado ao pagamento de seus funcionários na extração do minério.
A PRF questionou o homem sobre a documentação que atestaria a licitude da venda citada, mas ele disse não ter os respectivos papéis.
Os agentes também questionaram qual o valor que o garimpeiro pagaria a seus funcionários. Ele 'titubeou', segundo os policiais, e alegou que 'além de seus empregados teria outras contas para pagar, não sabendo precisar quais seriam'.
As camisetas com as cores da bandeira estavam acondicionadas em uma sacola também encontrada na caçamba da caminhonete. Segundo a PRF, as vestimentas tinham a bandeira do Brasil estampada, 'com a escrita do lema "Deus, Pátria, Família', e o logotipo de uma empresa de compra de ouro chamada 'Rota do Ouro'.
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