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Pressionado por 'efeito Marçal', Nunes anuncia coronel da Rota como vice nesta sexta

Indicado por Jair Bolsonaro, Ricardo de Mello Araújo terá nome oficializado na chapa em agenda do prefeito com Tarcísio

Efeito Marçal: Ricardo Nunes anuncia vice indicado por Bolsonaro em meio a pressões (Leandro Fonseca/Exame)

Efeito Marçal: Ricardo Nunes anuncia vice indicado por Bolsonaro em meio a pressões (Leandro Fonseca/Exame)

Agência o Globo
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Publicado em 20 de junho de 2024 às 19h57.

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O prefeito Ricardo Nunes (MDB) vai anunciar nesta sexta-feira o coronel aposentado da Polícia Militar Ricardo de Mello Araújo, indicado por Jair Bolsonaro, como seu vice na chapa de reeleição à prefeitura de São Paulo.

O anúncio será feito durante uma agenda conjunta de Nunes com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) para anunciar a extensão da Linha 5 (Lilás) do metrô até o Jardim Ângela. Há também a expectativa de que o presidente da Câmara Municipal, Milton Leite (União Brasil), participe do evento.

Contexto da Escolha

Na quarta-feira, em um jantar organizado pelo governador Tarcísio de Freitas, os partidos que apoiam o emedebista fecharam que a indicação seria do PL, mas houve discussões sobre qual o melhor nome. As vereadoras Sonaira Fernandes e Rute Costa, a delegada Raquel Galinatti e a ex-deputada federal Zulaiê Cobra foram algumas das sugestões, mas Araújo, por ter o aval de Bolsonaro, prevaleceu.

A escolha do vice vinha sendo adiada por Nunes, que argumentava ser necessária uma negociação entre todos os partidos de sua base. Desde janeiro, o ex-presidente Bolsonaro insistia no nome de Mello Araújo, ex-comandante da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) e ex-presidente da Ceagesp. Mas foi a chegada de Pablo Marçal (PRTB) na disputa que mudou o cenário.

Pressão do 'Efeito Marçal'

A possibilidade do coach angariar uma parcela dos votos do eleitorado de direita foi usada como argumento de Bolsonaro e seu entorno para pressionar por uma sinalização mais explícita de que o prefeito está alinhado ao bolsonarismo. A indicação do vice sugerido pelo ex-chefe do Executivo nacional seria esse sinal. Há duas semanas, Marçal foi até Brasília, reuniu-se com Bolsonaro e publicou uma foto nas redes sociais. Para o entorno do ex-presidente, o registro foi uma forma de pressionar Nunes a acertar a questão do vice com mais rapidez, e deu resultado.

Apoio e Resistências

Nos últimos dias, a movimentação ficou acelerada e Tarcísio entrou em campo para ajudar nas negociações. Na semana passada, o governador mudou o discurso ao dizer que estava “fechado com Bolsonaro” ao endossar Mello Araújo para a chapa do prefeito. Foi Tarcísio quem convocou o jantar no Palácio dos Bandeirantes e convidou as siglas para uma conversa definitiva, além de estar em diálogo com Bolsonaro e Valdemar Costa Neto, do PL, para aparar eventuais arestas.

São Paulo já foi governada por vices em várias ocasiões, como em 2006, quando José Serra deixou a posição para Gilberto Kassab (PSD), e em 2018, quando Bruno Covas (PSDB) assumiu após João Doria deixar a prefeitura.

Desafios e Estratégias

O discurso oficial de Nunes na demora para anunciar o vice é de que ele não aceitaria “imposição” de ninguém, diferentemente de seu adversário Guilherme Boulos (PSOL). Entretanto, Nunes tem reforçado a “frente ampla” que montou, agregando tanto partidos da direita quanto de centro, e há receio de que um vice aliado de Bolsonaro possa afetar seu desempenho no segundo grupo.

Nunes não cultiva uma relação próxima com Araújo, e os dois haviam se encontrado poucas vezes. Outro fator considerado é que a chegada de um ex-Rota na chapa possa trazer à baila com mais força o tema da segurança pública, que é uma seara que o prefeito busca evitar em seus discursos.

A escolha de um bolsonarista convicto como vice de Nunes é vista como boa notícia para os adversários. A pré-campanha de Tabata Amaral (PSB) acredita que isso poderia afastar parte do eleitorado de centro que o prefeito tem, que ela poderia angariar. Já para Boulos, é uma chance de trazer para o debate críticas mais contundentes ao ex-presidente e colar em Nunes a pecha de bolsonarista.

Entre os partidos que apoiam Nunes, também houve objeções. Inicialmente, integrantes do PP se posicionaram contra, mas chegaram a um consenso. O União Brasil, entretanto, foi a sigla mais contrária à aliança, pois esperava a chance de indicar o nome. O vereador Milton Leite, principal liderança da legenda em São Paulo, participou por telefone. Leite tem dito que estará com o prefeito em qualquer cenário, mas a sigla tem Kim Kataguiri (União-SP) como pré-candidato e abriu diálogo com Marçal nos últimos dias.

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