Presídio: os detentos que serão selecionados para a obra serão beneficiados com a remição da pena (Getty/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 22 de março de 2017 às 16h24.
Sorocaba - Os próprios presos vão realizar a restauração do prédio do Centro de Progressão Penitenciária 3, de Bauru, interior de São Paulo, destruído durante uma rebelião, em janeiro deste ano.
Durante o motim, 152 detentos fugiram e 26 ainda não foram recapturados. A unidade abriga presos do regime semiaberto, que podem trabalhar fora da prisão.
A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) do Estado informou que sua equipe de engenharia já concluiu o relatório técnico das obras necessárias, após a vistoria das instalações afetadas pela rebelião. Atualmente, estão sendo elaborados o projeto básico para a reforma e a planilha com avaliação dos custos.
De acordo com a SAP, os detentos que serão selecionados para a obra serão beneficiados com a remição da pena, ou seja, a cada três dias trabalhados, é descontado um dia na pena a ser cumprida, conforma prevê a Lei das Execuções Penais. Eles também devem receber salário. Ainda não há data para o início das obras.
O CPP 3 está com 407 presos, número bem inferior à lotação no dia da rebelião, quando a unidade tinha 1.427 detentos. Com a destruição das instalações, a maioria dos internos foi transferida para outras unidades.
A previsão é de que seja aproveitada a mão de obra disponível na unidade, já que muitos detentos passaram por cursos de capacitação profissional durante o cumprimento da pena.
A rebelião aconteceu no dia 24 de janeiro, na unidade de regime semiaberto da penitenciária. O motim teria se iniciado depois que um agente penitenciário retirou um telefone celular que era usado por um detento - os aparelhos são proibidos no interior dos presídios.
Os rebelados atearam fogo em colchões e depredaram as instalações, aproveitando o tumulto para realizar fuga em massa. Três pavilhões ficaram destruídos. Em dois deles, até o telhado ruiu.
O prédio que atualmente abriga o CPP 3 foi construído na década de 1940 para abrigar a Escola Prática de Agricultura, na zona rural de Bauru.
Em 1955, o então governador Jânio Quadros autorizou o uso das instalações pelo Departamento Estadual de Presídios, passando a sediar o Instituto Penal Agrícola, uma colônia penal em que os presos trabalhavam na agricultura e criação de animais. A denominação Centro de Progressão Penitenciária 'Professor Noé Azevedo" foi dada em 2011.
A unidade já abrigou presos famosos, como o ex-cirurgião plástico Hosmany Ramos e o chinês Law Kin Chong, considerado o maior contrabandista do Brasil.