Michel Temer e Dilma Rousseff: pano de fundo dessa disputa é o processo de impeachment contra a presidente Dilma (Ueslei Marcelino/ Reuters)
Da Redação
Publicado em 12 de dezembro de 2015 às 11h00.
Brasília - A disputa entre o Palácio do Planalto e o vice-presidente, Michel Temer, pela indicação do líder do PMDB na Câmara passou a envolver a busca por governadores que possam influenciar integrantes da bancada.
O pano de fundo dessa disputa é o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff na Câmara.
Do lado do Palácio do Planalto, estão escalados o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), e o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), para ajudar na restituição do deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ) ao comando do PMDB da Câmara. Pezão jantou com Dilma anteontem no Palácio do Planalto. O jantar também contou com a presença do ministro Ricardo Berzoini (Secretaria Geral) e do ex-ministro Ciro Gomes (PDT).
Os governadores do Rio Grande do Sul, Ivo Sartori (PMDB), e do Espírito Santo, Paulo Hartung(PMDB), tiveram recentes encontros com Temer. Com eles, o vice tem tratado do apoio ao novo líder, Leonardo Quintão (MG). Temer nega que tenha tratado da questão do comando do PMDB da Câmara.
Além de Sartori e Hartung, o governador de Rondônia, Confúcio Moura, também entrou no jogo. Ele teria pedido ao deputado Lindomar Garçon (PMDB-RO) para manter Quintão. Garçon nega ter qualquer influência do governador em sua decisão e diz que apenas apoiou a mudança na liderança em razão de o prazo previsto para a permanência de Picciani expirar no início do próximo ano.
Ameaçado de perder o cargo, com a possibilidade do surgimento de uma nova lista para indicação da liderança, Quintão diz que seu grupo, que conta com o apoio de Michel Temer, também vai reagir na mesma moeda.
"O Rio de Janeiro está querendo tomar o PMDB. O governador não poderia agir dessa maneira. Estamos acionando os governadores para fazer uma contraofensiva. É porrada aqui e porrada lá. Essa briga nacionalizou", afirmou o novo líder. "Vamos analisar o quadro. O governador do Rio Grande do Sul, Ivo Sartori, está mais próximo da gente e tem condições de trazer um. No Espírito Santo temos lá um segundo suplente. Vamos trabalhar nisso." Quintão afirma que a lista dos 35 deputados que o conduziram à liderança deve chegar a 38 nos próximos dias.
O receio do Palácio do Planalto com a indicação de Quintão ocorre porque o mineiro chegou ao comando da bancada com o apoio do grupo de deputados que defende o impeachment de Dilma. Picciani, contemplado na última reforma ministerial com a indicação dos ministros da Saúde e Ciência e Tecnologia, atuava numa linha próxima ao governo e contra o afastamento da petista.
Conforme apurou o Estado, a articulação para recolocar Picciani no comando da bancada iniciou-se na quarta-feira, mesmo dia em que foi deposto, com o apoio de 35 dos 66 deputados da bancada. Pouco depois de dar declarações à imprensa, condenando a manobra dos peemedebistas pró-impeachment, Picciani, a caminho do gabinete, recebeu uma série de ligações do prefeito Eduardo Paes em busca de informações.
Na linha de ação traçada pelo PMDB fluminense, o secretário de Esporte e Juventude, Marco Antônio Cabral, filho do ex-governador Sérgio Cabral, foi exonerado por Pezão do cargo. Com a iniciativa, Marco Antônio retomou o mandato de deputado federal para reforçar o grupo de Picciani.