Agência de notícias
Publicado em 26 de junho de 2024 às 16h59.
Última atualização em 26 de junho de 2024 às 17h21.
Marcio Pochmann, presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), afirmou, nesta quarta-feira, que a falta de liberação de recursos financeiros já leva o órgão a atrasar o aluguel e pode comprometer as pesquisas, como a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), e indicadores de inflação e desemprego, ainda que não haja risco iminente.
De acordo com ele, o instituto já possuiu o orçamento de quase de R$ 2,7 bilhões para o ano, mas os recursos ainda não foram liberados.
"Nós temos orçamento, mas se não houver liberação financeira, esse risco está presente", disse Pochmann, sobre a possibilidade de não conseguir realizar as pesquisas conjunturais do IBGE.
A declaração foi feita em entrevista durante evento de divulgação do Anuário Estatístico do Brasil, que teve sua primeira versão digital lançada na Casa Brasil do IBGE, no Rio de Janeiro, nesta quarta.
Ele acrescentou que pesquisas maiores, como a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), deveriam começar esse ano, mas correm o risco de adiamento por causa da restrição orçamentária.
"Para o Censo Agropecuário, em especial, nós não identificamos problemas maiores porque já temos recursos pra viabilizar o que é necessário para este ano. Já a POF [Pesquisa de Orçamentos Familiares] é mais sensível, ela demanda um recurso maior, cerca de R$ 20 milhões para a gente começar em 2024. E tivemos alguns adiantamentos orçamentários, porém não financeiros. Somos autorizados pelo orçamento a ter esse recurso, mas precisamos do financeiro para poder usar o dinheiro", explica o presidente do instituto.
De acordo com Pochmann, a POF acompanha cerca de 103 mil domicílios ao longo dos quatro trimestres do ano, e a previsão é de que comece a ser realizada a partir de outubro, caso os recursos sejam liberados.
O IBGE atualmente está sob o Ministério do Planejamento e Orçamento, liderado por Simone Tebet, ministra indicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Pochmann diz que o governo já estar a par da situação.
"Imagine faltar recursos para fazer pesquisas de preço, ou coisas desse tipo. Imagino que o governo não vai chegar a essa situação. Ele está sabendo das nossas dificuldades e nós não estamos na iminência de problemas dessa natureza, mas a gente está olhando o ano todo, o semestre todo. Então, estamos aguardando um posicionamento com relação a isso.
Ele diz também que a instituição já passa por problemas financeiros que estão comprometendo o pagamento de contas de seus prédios, e que isso pode chegar às pesquisas.
"Estamos com uma restrição de recursos que não é pequena. Não estamos pagando aluguel, estamos com problema de pagamento de energia elétrica, pagando com atraso, temos restrição de viagens internacionais", conta.