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Presa grávida dá à luz em solitária de presídio no Rio

A VEP do Tribunal de Justiça do Rio pediu o afastamento da diretora e da sub-diretora da penitenciária

Prisões: após atendimento em um hospital, a presa voltou ao isolamento e a criança foi encaminhada a um abrigo (Antonio Milena/ Veja)
DR

Da Redação

Publicado em 26 de outubro de 2015 às 20h34.

Rio de Janeiro - A Secretaria de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro (Seap) terá de explicar como uma gestante presa, prestes a dar à luz, foi colocada na solitária, de castigo. Ela teve o bebê sozinha, apesar dos gritos de socorro das presas em uma cela vizinha.

O caso ocorreu no dia 11, mas veio a público somente hoje (26) e motivou pedidos de esclarecimento da presidente da Comissão de Segurança Pública e vice-presidente da Comissão de Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), deputada Martha Rocha.

A Vara de Execuções Penais (VEP), do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, pediu o afastamento da diretora da Penitenciária Talavera Bruce, Andreia Oliveira, e da sub-diretora, para apuração dos fatos. Procurada por email e telefone, a Seap não respondeu à Agência Brasil sobre o caso.

“Consta que a presa teve o bebê no isolamento e, mesmo com os gritos de outras detentas pedindo ajuda, ela só saiu com o bebê já no colo, com o cordão umbilical pendurado. Isso é de uma indignidade humana inaceitável”, criticou o juiz Eduardo Oberg, titular da VEP. Segundo ela, a diretora negou ocorrido, mas foi desmentida.

Após atendimento em um hospital, a presa voltou ao isolamento e a criança foi encaminhada a um abrigo, mesmo com a penitenciária dispondo de Unidade Materno Infantil (UMI). No local, as detentas podem ficar com os recém-nascidos por pelo meno seis meses.

Conforme a Agência Brasil informou no sábado (24), detentas do Presídio Talavera Bruce relataram que partos nas celas acontecem. Elas culpam a demora no serviço de escolta, responsável por levar às gestantes ao hospital, e cobram transferência das grávidas de unidade.

Em protesto em frente à sede da Seap, no centro, a Associação de Servidores da Saúde e Assistência Penitenciária, que reúne médicos, psicológicos e assistentes sociais, entre outras categorias, confirmou nesta segunda-feira que os partos em cela não são atípicos.

De acordo com representantes da associação, a realidade é reflexo da precariedade do atendimento ao preso e das condições de trabalho dos profissionais.

Psicóloga agredida

Vestidos de preto, os servidores da saúde denunciaram a agressão de um preso a uma profissional da equipe na semana passada. Uma psicológa teve o consultório invadido por um interno que voltava do ambulatório e foi rendida.

Ele ainda a ameaçou de morte com uma caneta e tentou obrigá-la a usar cocaína, sem que agentes de segurança o impedissem.

Em ofício à Seap, a deputada Martha Rocha também cobrou informações sobre a agressão.

“A situação de vulnerabilidade desses servidores é algo que temos de nos preocupar muito. Eles exercem funções fundamentais para o processo de ressocialização”, acrescentou a deputada. Ela pediu mais segurança para que os servidores da saúde possam trabalhar.

Para garantir melhores condições de trabalho nos presídios, com a criação de salas adequadas para o atendimento e o fim da insalubridade – que favorece a proliferação de doenças –, os servidores querem valorização e contratação de mais profissionais.

Hoje, são 576 profissionais, uma média de dez para cerca de 50 unidades prisionais, que abrigam mais de 43 mil internos.

“O que queremos não é só para gente. São melhorias que favorecem os presos e suas famílias", disse a médica e presidente da associação dos servidores.

Em nota sobre a agressão à psicóloga, a Seap divergiu da versão dos servidores. Informou que ela foi agredida durante atendimento e reconheceu que não havia um inspetor penitenciário acompanhando o interno.

O agressor foi identificado com problemas de saúde e levado ao Hospital Psiquiátrico. Uma sindicância vai apurar erros de procedimento.

A secretaria também estuda contratar profissionais de saúde para as unidades prisionais.

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Rio de Janeiro - A Secretaria de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro (Seap) terá de explicar como uma gestante presa, prestes a dar à luz, foi colocada na solitária, de castigo. Ela teve o bebê sozinha, apesar dos gritos de socorro das presas em uma cela vizinha.

O caso ocorreu no dia 11, mas veio a público somente hoje (26) e motivou pedidos de esclarecimento da presidente da Comissão de Segurança Pública e vice-presidente da Comissão de Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), deputada Martha Rocha.

A Vara de Execuções Penais (VEP), do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, pediu o afastamento da diretora da Penitenciária Talavera Bruce, Andreia Oliveira, e da sub-diretora, para apuração dos fatos. Procurada por email e telefone, a Seap não respondeu à Agência Brasil sobre o caso.

“Consta que a presa teve o bebê no isolamento e, mesmo com os gritos de outras detentas pedindo ajuda, ela só saiu com o bebê já no colo, com o cordão umbilical pendurado. Isso é de uma indignidade humana inaceitável”, criticou o juiz Eduardo Oberg, titular da VEP. Segundo ela, a diretora negou ocorrido, mas foi desmentida.

Após atendimento em um hospital, a presa voltou ao isolamento e a criança foi encaminhada a um abrigo, mesmo com a penitenciária dispondo de Unidade Materno Infantil (UMI). No local, as detentas podem ficar com os recém-nascidos por pelo meno seis meses.

Conforme a Agência Brasil informou no sábado (24), detentas do Presídio Talavera Bruce relataram que partos nas celas acontecem. Elas culpam a demora no serviço de escolta, responsável por levar às gestantes ao hospital, e cobram transferência das grávidas de unidade.

Em protesto em frente à sede da Seap, no centro, a Associação de Servidores da Saúde e Assistência Penitenciária, que reúne médicos, psicológicos e assistentes sociais, entre outras categorias, confirmou nesta segunda-feira que os partos em cela não são atípicos.

De acordo com representantes da associação, a realidade é reflexo da precariedade do atendimento ao preso e das condições de trabalho dos profissionais.

Psicóloga agredida

Vestidos de preto, os servidores da saúde denunciaram a agressão de um preso a uma profissional da equipe na semana passada. Uma psicológa teve o consultório invadido por um interno que voltava do ambulatório e foi rendida.

Ele ainda a ameaçou de morte com uma caneta e tentou obrigá-la a usar cocaína, sem que agentes de segurança o impedissem.

Em ofício à Seap, a deputada Martha Rocha também cobrou informações sobre a agressão.

“A situação de vulnerabilidade desses servidores é algo que temos de nos preocupar muito. Eles exercem funções fundamentais para o processo de ressocialização”, acrescentou a deputada. Ela pediu mais segurança para que os servidores da saúde possam trabalhar.

Para garantir melhores condições de trabalho nos presídios, com a criação de salas adequadas para o atendimento e o fim da insalubridade – que favorece a proliferação de doenças –, os servidores querem valorização e contratação de mais profissionais.

Hoje, são 576 profissionais, uma média de dez para cerca de 50 unidades prisionais, que abrigam mais de 43 mil internos.

“O que queremos não é só para gente. São melhorias que favorecem os presos e suas famílias", disse a médica e presidente da associação dos servidores.

Em nota sobre a agressão à psicóloga, a Seap divergiu da versão dos servidores. Informou que ela foi agredida durante atendimento e reconheceu que não havia um inspetor penitenciário acompanhando o interno.

O agressor foi identificado com problemas de saúde e levado ao Hospital Psiquiátrico. Uma sindicância vai apurar erros de procedimento.

A secretaria também estuda contratar profissionais de saúde para as unidades prisionais.

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