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Prefeitura quer controlar entrada diária de haitianos em SP

De acordo com o secretário de Direitos Humanos e Cidadania, Rogério Sotilli, medida é necessária para que se consiga dar um atendimento adequado aos imigrantes


	Haitianos: deslocamento desses imigrantes para o Sul e o Sudeste do país está ocorrendo desde o fechamento, no início de abril, do abrigo para haitianos em Brasiléia, no Acre
 (Marcello Casal Jr./ABr)

Haitianos: deslocamento desses imigrantes para o Sul e o Sudeste do país está ocorrendo desde o fechamento, no início de abril, do abrigo para haitianos em Brasiléia, no Acre (Marcello Casal Jr./ABr)

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Da Redação

Publicado em 6 de maio de 2014 às 18h31.

São Paulo - A prefeitura de São Paulo propôs ao Ministério da Justiça uma ação articulada com o estado do Acre para limitar a entrada diária de até 40 haitianos na capital paulista.

De acordo com o secretário de Direitos Humanos e Cidadania, Rogério Sotilli, a medida é necessária para que se consiga dar um atendimento adequado aos imigrantes, como abrigos estruturados e encaminhamento para empregos. “Há uma quantidade grande de haitianos que estão vindo para São Paulo e, se a gente não coordenar, não vamos conseguir dar uma atenção adequada”, apontou.

Ele informou que a questão está sendo debatida hoje (6), em mais uma reunião entre o governo federal e os governos municipal e estadual de São Paulo sobre o tema.

O deslocamento desses imigrantes para o Sul e o Sudeste do país está ocorrendo desde o fechamento, no início de abril, do abrigo para haitianos em Brasiléia, no Acre. A maior parte dos que chegaram a São Paulo foi acolhida na Igreja Nossa Senhora da Paz, no Glicério, região central da cidade.

Muitos vieram de ônibus com passagens pagas pelo governo do Acre. O estado enfrenta uma grande cheia dos rios que cortam a região, que o deixou isolado do restante do país. Pela paróquia paulistana, que mantém um centro de acolhida, passaram mais de 500 imigrantes no último mês.

De acordo com o padre Antenor Dalla Vecchia, diretor da Casa do Migrante, pelos menos 400 já foram encaminhados para vagas de emprego.

Durante a reunião em Brasília, o município pediu ainda que os haitianos sejam encaminhados à cidade já com a documentação de permanência regularizada. “[Quando isso não é feito,] atrapalha muito o nosso trabalho de recebimento dessas pessoas, então é fundamental que o governo federal ajude a articular para que toda a documentação seja feita no Acre”, explicou o secretário de Direitos Humanos de São Paulo.

Para conseguir um encaminhamento de emprego, é preciso que os haitianos tenham carteira de trabalho, CPF e protocolo do visto humanitário. Sotilli informou que também está sendo discutida a criação de um equipamento permanente, em São Paulo, para a acolhida de imigrantes.

O tema também foi debatido entre o prefeito Fernando Haddad e a Embaixador do Haiti, Madsen Cherubin, em uma reunião na manhã de hoje. Segundo Sotilli, a prefeitura propôs ao governo haitiano que seja feita uma campanha de esclarecimento para que os que quiserem vir ao Brasil virem por via aérea, para que não dependam da ação de atravessadores, como os chamados coiotes. “Eles vêm por terra, porque são induzidos de que no Brasil é mais fácil entrar assim. Existe falta de esclarecimento sobre isso”, destacou.


Além disso, a embaixada comprometeu-se a criar um posto avançado na capital paulista, que não conta com um consulado, para atender melhor os haitianos.

Hoje à noite, segundo a prefeitura de São Paulo, deve começar a funcionar o abrigo, cuja criação foi anunciada ontem. O lugar era uma reivindicação dos padres que dirigem o centro de acolhida da igreja, pois não havia espaço suficiente para acolher os imigrantes. Ontem, 52 haitianos dormiram no salão de festas da paróquia, que não conta com infraestrutura adequada, e outros 30 ficaram na casa do migrante.

A Agência Brasil esteve no local no fim da manhã de hoje e conferiu que o espaço, que funciona a 200 metros da igreja, ainda está passando por reparos. A Secretaria Municipal de Assistência Social, no entanto, garantiu que eles já poderão dormir lá esta noite.

O padre Dalla Vecchia disse que tem dúvidas se o local estará pronto no prazo prometido. Além do espaço físico, ele relata a necessidade de uma equipe de funcionários para atuar na unidade. “Não temos conhecimento do pessoal que vai trabalhar lá. Pode ser que estejam pensando nisso, mas é preciso, por exemplo, alguém para controlar a entrada, segurança para as pessoas que se estabeleçam ali”, apontou.

A assessoria de imprensa da Secretaria de Assistência Social, por sua vez, informou que a gestão do espaço será feita pela igreja e que a secretaria apoiará no que for necessário, mas não garantiu que um corpo técnico atuará no abrigo.

Dalla Vecchia destaca que é preciso pensar um espaço permanente de acolhida para imigrantes. “Estamos reivindicando um espaço que seja administrado pelo poder público. Não podemos nos responsabilizar por todos os imigrantes que chegam”, afirmou.

O padre explica que é necessário prestar um atendimento diferenciado para essa população, uma vez que ela demanda serviços específicos, como ações para adaptação à nova cultura, cursos de língua, orientação quanto aos documentos, entre outras questões.

O pároco avalia que, embora as medidas provisórias anunciadas pelos governos municipal e estadual sejam insuficientes, elas apontam um avanço. “A chegada dos haitianos provocou a necessidade de se repensar a política migração e se repensar esta forma de atender pessoas diferentes, essa diversidade”, declarou.

Ele reforça a necessidade de fazer a sociedade refletir e ver os imigrantes não como um “empecilho, mas como uma riqueza, que tem um valor mais importante que a moeda”. Ele lembra que a sociedade brasileira é formada por essa miscigenação de culturas. “São diversas expressões que vem nos ajudar a crescer como povo”.

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