Prefeitura de São Paulo suspende acordo que criaria 'Largo da Batata Ruffles'
Decisão veio após onda de comentários nas redes sociais
Repórter de macroeconomia
Publicado em 13 de dezembro de 2024 às 14h16.
Última atualização em 13 de dezembro de 2024 às 16h58.
A Prefeitura de São Paulo recuou de um acordo que permitira à Pepsico chamar o largo da Batata, em Pinheiros, de Largo da Batata Ruffles.
A Pepsico, fabricante da batata frita Ruffles, havia fechado uma parceria com a prefeitura para fazer uma reforma e instalar novos equipamentos no largo, que passaria a ser chamado de "Largo da Batata Ruffles" em ações publicitárias. No local, seriam instalados tabela de basquete, futmesa, wi-fi, uma horta e um novo parquinho.
O acordo, no entanto, foi suspenso, após o caso se tornar público. "A Prefeitura de São Paulo informa que tornou sem efeito nesta quinta-feira (12) o Termo de Doação Nº 06/SUB-PI/2024 objetivando a reanálise documental e tempo hábil para manifestação da Comissão de Proteção à Paisagem Urbana (CPPU) a respeito da proposta de parceria para o Largo da Batata", disse a prefeitura, em nota.
A Pepsico havia divulgado um release para anunciar a novidade. Segundo o material, a ideia da mudança veio após um comentário, de 2023, sobre o Largo da Batata publicado por um estrangeiro de passagem por São Paulo, que disse que "Não tinha uma batata sequer quando passamos por lá”.
"O comentário inspirou a Bakery by Ampfy a desenvolver um projeto de revitalização do local por Ruffles envolvendo a parceria da marca e a implantação de atividades de lazer e entretenimento para a comunidade, criando uma interligação entre a história local e o conceito de Ruffles", diz o comunicado.
Após a desistência municipal, a Pepsico voltou a se pronunciar. Disse, em nota, que o acordo "trata-se de um termo de cooperação e doação, sem necessidade de licitação ou consulta pública, que cumpriu todos os trâmites legais e que não incorreu em nenhuma irregularidade".
"A iniciativa não contempla a mudança do nome do Largo da Batata (naming rights). A Pepsico aguarda a avaliação dos demais órgãos competentes ligados à Prefeitura para definir a continuidade da ação", afirma.
Lei Cidade Limpa
Uma autoridade da prefeitura comentou, de forma reservada, que a parceria inicial previa que o largo da Batata fosse adotado pelo Pepsico. A empresa poderia fazer reformas no local, sem custo para a prefeitura, em troca de exibir pequenas placas no local, como é feito em várias praças da cidade.
No entanto, quando a Pepsico começou a divulgar a parceria como se fosse uma mudança de nome do local, e passou a usar a ação em uma grande campanha publicitária, a prefeitura decidiu rever o acordo, que será analisado pela Comissão de Proteção à Paisagem Urbana. A parceria havia sido feita sem passar pelo aval do órgão.
O ex-secretário Nabil Bonduki, vereador eleito da cidade, divulgou trechos do acordo nas redes sociais. O acerto previa que a Pepsico desembolsaria R$ 1,1 milhão em melhorias, ao longo de 24 meses, um valor considerado baixo para o ganho de visibilidade que a marca teria.
Em São Paulo, existe a Lei Cidade Limpa, que veta outdoors e propagandas em espaços públicos, com poucas exceções, como em pontos de ônibus.
O largo da Batata fica no começo da avenida Brigadeiro Faria Lima, uma das vias mais movimentadas da cidade. A praça recebeu uma reforma no começo dos anos 2010, que ampliou o espaço de circulação. No entanto, a reforma deixou um ar inóspito em algumas partes do largo, que tem baixo fluxo de pessoas ao longo do dia e da noite.