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Pragmático na política, Maia tem seus rompantes de contrariedade

Nova empreitada tem como ponto de partida guinada de seu discurso para o centro, dando ênfase à questão social, sem abrir mão do enxugamento do Estado

Rodrigo Maia: a pretensão eleitoral de Rodrigo Maia não é vista como promissora pelo próprio pai, o vereador e ex-prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia (DEM) (Ueslei Marcelino/Reuters)

Rodrigo Maia: a pretensão eleitoral de Rodrigo Maia não é vista como promissora pelo próprio pai, o vereador e ex-prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia (DEM) (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Reuters

Publicado em 8 de março de 2018 às 17h01.

Brasília - Nome que tenta se colocar como a opção mais viável em seu campo político para disputar as eleições de outubro, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é conhecido pelo pragmatismo político e pela posição declaradamente liberal em termos econômicos.

A nova empreitada tem como ponto de partida uma guinada de seu discurso da direita para o centro, dando mais ênfase à questão social, sem abrir mão da pauta do enxugamento do Estado e discussão sobre as despesas públicas.

Mas, apesar de sua movimentação e da adequação de seu discurso, a pretensão eleitoral de Rodrigo Maia não é vista como promissora pelo próprio pai, o vereador e ex-prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia (DEM).

O presidente da Câmara credita essa opinião a uma preocupação paterna. E contra-argumenta: uma candidatura do PSDB teria poucas chances de vencer um segundo turno, abrindo espaço para que candidatos como Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) ou um representante do PT ganhe a disputa.

Mesmo que tenha se referido à esquerda como o campo do "populismo" em entrevista recente, Maia conseguiu construir pontes e uma boa relação com os adversários.

Ainda no governo da ex-presidente Dilma Rousseff, chegou a ajudá-la em 2015, quando o hoje presidente Michel Temer era articulador político da petista. Na ocasião, o governo precisava de votos no DEM, então oposição, para aprovar uma medida provisória que restringia o acesso ao seguro-desemprego.

Em 2016, buscou apoio de partidos como o PT e o PCdoB, apesar de sua convicta oposição aos governos petistas, para viabilizar sua primeira eleição à presidência da Câmara.

À época, o deputado conseguiu o comando da Câmara apoiado no sentimento anti-Eduardo Cunha e sob o temor da eleição de alguém ligado ao parlamentar. No ano seguinte, elegeu-se novamente, nutrindo boa relação tanto com o Executivo quanto com o Judiciário.

Rompantes

Abraçou a reforma da Previdência, pauta prioritária de Temer e de outro possível candidato à Presidência da República nas eleições de outubro, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

Também mantém conversas frequentes com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, e coordena com ela uma pauta sobre o controverso auxílio-moradia de magistrados.

A facilidade de relacionamento, no entanto, não evitou alguns rompantes e o deputado não se privou de reações muitas vezes surpreendentes quando se via contrariado.

No episódio mais recente, o presidente da Câmara teceu críticas a uma lista de medidas econômicas anunciadas pelo governo, boa parte delas já em tramitação no Congresso, após a desistência de se votar a reforma da Previdência.

A irritação tinha como pano de fundo o fato de o governo ter cooptado sua agenda da segurança pública, algo caro e valioso em 2018 por conta de seu apelo eleitoral, quando decidiu pela intervenção federal no Rio de Janeiro.

No ano passado, demonstrou seu descontentamento e pediurespeito diante da atuação de ministros do MDB, principalmente do núcleo do Planalto, para atrair parlamentares do PSB. O DEM também tinha interesse nessas filiações.

Rodrigo Felinto Ibarra Epitácio Maia começou cedo na política e em 1997 se tornou secretário de Governo da prefeitura do Rio de Janeiro.

Dois anos depois, foi eleito pela primeira vez deputado federal pelo PFL (denominação anterior do DEM), e desde então foi reeleito em todas as eleições para a Câmara. Entre 1999 e 2001 foi filiado ao PTB, mas depois retornou ao PFL e não saiu mais do partido.

Em 2012 tentou se eleger prefeito do Rio de Janeiro, mas conseguiu pouco menos de 3 por cento dos votos válidos, ficando em terceiro lugar, na disputa.

Agora, aos 47 anos, tenta não só se colocar como a candidatura do centro com chances de vencer, mas também trazer o DEM, partido que já presidiu e do qual já foi líder na Câmara, para um campo de maior atuação política, no lugar da posição de apêndice do PSDB que vinha ocupando.

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