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Poste, ácido e linguiça: 11 trotes que chocaram o Brasil

Veja alguns dos exemplos mais recentes de trotes violentos que resultaram não só em humilhações verbais, mas também em graves ferimentos e até mortes

Trotes violentos já fazem vítimas em 2015 (Marcos Santos/ USP Imagens)
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Da Redação

Publicado em 6 de fevereiro de 2015 às 05h00.

Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 14h51.

São Paulo - Nesta época do ano, as faculdades públicas e privadas começam a recepcionar seus novos estudantes. Junto com a alegria e os rostos pintados, voltam a aparecer também os casos de trotes violentos. As "brincadeiras" impostas por veteranos a calouros vão desde obrigar os novatos a ingerir bebidas alcoólicas até submeter os estudantes a situações perigosas.  Nesta semana, pelo menos três calouros das Faculdades Adamantinenses Integradas (FAI), em Adamantina, no interior de São Paulo , ficaram feridos após serem recepcionados com ácido pelos colegas veteranos. Um jovem de 18 anos corre o risco de ficar cego.  A maioria das instituições proíbe o trote dentro de suas dependências. Algumas cidades e estados, como São Paulo, Santa Catarina e Distrito Federal, não permitem este tipo de "brincadeira" com os estudantes novatos. Isso não impede, no entanto, que os trotes continuem acontecendo ano após ano.  Há relatos de vítimas de trotes violentos no Brasil desde no início do século 19. Esta é uma tradição herdada e trazida de Portugal, onde a prática também permanece comum.  Esta lista traz alguns dos exemplos mais recentes de trotes violentos que resultaram não só em humilhações verbais, mas também em graves ferimentos e até mortes. Veja, nas fotos, cada caso.
  • 2. FAI (2015)

    2 /12(Divulgação/ FAI)

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    Instituição: Faculdades Adamantinenses Integradas (FAI) - Adamantina (SP) Data: fevereiro de 2015 O que ocorreu: Na segunda-feira, dia 2 de fevereiro, alunos veteranos da FAI receberam os calouros com ácido. Segundo os estudantes que ficaram feridos, o grupo obrigou os novatos a formarem uma fila e jogou um líquido ácido na cabeça deles. Um jovem de 18 anos teve 70% da córnea do olho esquerda queimada e pode perder a visão. Outra aluna, sofreu queimaduras de terceiro grau nas pernas e na barriga. A polícia investiga o trote, mas os suspeitos ainda não foram identificados. Em nota, a FAI afirmou que, caso seja comprovada a culpa dos veteranos no trote, eles sofrerão medidas administrativas que podem acabar em expulsão.
  • 3. UFMG (2013)

    3 /12(Wikimedia Commons)

  • Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) - Belo Horizonte (MG) Data: março de 2013 O que ocorreu: duas fotografias da recepção aos calourosde Direito da universidade tiveram repercussão negativa. Em uma delas, uma garota pintada de preto é segurada por uma coleira com a placa “caloura Chica da Silva”. Em outra, um calouro é visto preso a uma pilastra enquanto veteranos fazem a pose que consagrou o nazismo, com as mãos levantadas. Uma comissão instalada pela UFMG investigou 198 alunos da faculdade e decidiu punir 4 deles: 1 foi expulso e os outros 3 foram suspensos por um semestre.
  • 4. UnB (2011)

    4 /12(Emília Silberstein/UnB Agência)

    Instituição: Universidade de Brasília (UnB) - Brasília (DF) Data: janeiro de 2011 O que ocorreu: Veteranos de Agronomia recepcionaram os calouros com todo tipo de clichês quando se trata de trotes. Um elemento se sobressaiu, no entanto: as calouras foram obrigadas a lamber linguiças com leite condensado. As imagens foram parar na internet e a Secretaria de Política para as Mulheres da Presidência pediu explicações à UnB. Houve punições leves para alguns dos envolvidos, mas onze meses depois os estudantes continuaram com os trotes sujos. A diferença foi que a linguiça foi apenas pendurada no pescoço.
  • 5. Unesp (2010)

    5 /12(Wikimedia Commons)

    Instituição: Universidade Estadual Paulista (Unesp) - Araraquara (SP) Data: outubro de 2010 O que ocorreu: Durante os jogos intermunicipais da Unesp, um grupo organizou pela rede social Orkut o chamado “rodeio de gordas”, cujas regras consistiam em chegar perto de alunas, preferencialmente as obesas, jogar conversa como se fosse paquera e assim que possível “montá-las”. O campeão seria o “peão” que ficasse mais tempo sobre a garota. Como resultado da agressão, dois alunos foram punidos com suspensão de 5 dias dois meses depois.  Em 2011, o MP propôs um acordo aos três universitários denunciados como organizadores. Eles deveriam pagar, cada um, 20 salários mínimos em cestas básicas para três instituições de caridade. Um dos jovens não aceitou o acordo e, em 2013, foi condenado a pagar 30 salários mínimos de indenização por danos morais ao Fundo Estadual de Reparação dos Interesses Difusos Lesados, ligado à Promotoria.
  • 6. Unifeb (2010)

    6 /12(Reprodução/Youtube)

    Instituição: Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos (Unifeb) - Barretos (SP) Data: fevereiro de 2010 O que ocorreu: sete estudantes de vários cursos da cidade de Jaborandi foram recebidos em Barretos com um líquido na época identificado como creolina, um desinfetante industrial que provou queimaduras em várias partes do corpo. Tiveram que ser atendidos na Santa Casa da cidade. Muitos dos agredidos não levaram a denúncia adiante e ninguém foi indiciado pelo Ministério Público, que arquivou o caso.
  • 7. Anhanguera (2009)

    7 /12(Kiko Ferrite/EXAME.com)

    Instituição: Anhanguera Educacional - Leme (SP) Data: fevereiro de 2009 O que ocorreu: um calouro de 21 anos de medicina veterinária da Universidade Anhanguera Educacional, em Leme, desistiu de fazer o curso depois das boas vindas que recebeu. Ele foi chicoteado, obrigado a beber muito álcool e a rolar em uma lona com fezes e outras substâncias. O pior foi, segundo o jovem, ter sido agredido ao ser obrigado a sentar em uma cadeira, que foi empurrada por um veterano. O garoto acabou esquecido na rua e deu entrada em um hospital como indigente, pois estava sem os documentos. Dois dos agressores acabaram expulsos e outros sete foram suspensos por 15 dias.
  • 8. Univasf (2007 e 2008)

    8 /12(Reprodução/Youtube)

    Instituição: Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) - Petrolina (PE) Data: prática ocorreu entre 2007 e 2008 dentro da universidade, e fora dela pelo menos em 2009 e 2010 O que ocorreu: Os alunos de Ciência Agrárias da Univasf, em Petrolina, no interior de Pernambuco, foram recebidos por vários anos com um banho nada agradável: uma mistura fétida de fezes e urina de animais. Para completar a humilhação, os estudantes eram também amarrados. Em 2011, a universidade recebeu uma denúncia anônima relativa a 2007 e 2008 e prometeu reabrir a investigação do caso, que já havia gerado suspensões na época.
  • 9. UFU (2005)

    9 /12(Wikimedia Commons)

    Instituição: Universidade Federal de Uberlândia (UFU) - Uberlândia (MG) Data: março de 2005 O que ocorreu: Não foi uma proibição de trotes na UFU, de 1993, que impediu que veteranos de Agronomia fizessem que um calouro, com tinta nas costas, deitasse em cima de um formigueiro. O garoto foi picado mais de 100 vezes. Voltou para casa, mas o inchaço o obrigou a ir a um hospital. Os médicos disseram que, fosse ele alérgico, certamente teria morrido. Diferentemente da maioria dos casos, no entanto, este teve punição: dois alunos foram expulsos da universidade e outros 13 suspensos por quatro meses. O aluno não quis dar queixa criminal contra os veteranos.
  • 10. USP (1999)

    10 /12(USP Imagens)

    Instituição: Universidade de São Paulo (USP) - São Paulo (SP) Data: fevereiro de 1999 O que ocorreu: talvez o caso mais famoso de trote violento no Brasil, o calouro de medicina de ascendência chinesa, Edison Tsung Chi Hsuen, 22 anos, foi encontrado morto na piscina da Atlética de Medicina da USP no dia seguinte ao trote realizado pelos veteranos. Entrou na piscina sem saber nadar, depois de ser alvo, com todos os demais calouros, de uma série clássica de humilhações. O caso teve ampla repercussão na época. Em 2006, o STJ considerou que não havia provas para incriminar os quatro estudantes acusados.
  • 11. PUC-Sorocaba (1998)

    11 /12(Divulgação/PUC)

    Instituição: Pontifícia Universidade Católica (PUC) - Sorocaba (SP) Data: agosto de 1998 O que ocorreu: Conhecido como "Mara-Toma", o trote de Medicina da PUC-Sorocaba terminou mal em 1998. Rodrigo Favoretto Peccini e os colegas peregrinaram por várias repúblicas estudantis, dispostos a beber a maior quantidade possível de álcool. Cansado, Rodrigo deitou-se no sofá de uma república, mas colegas atearam fogo em seu corpo, que classificaram o ato como uma "brincadeira" e confessaram estar embriagados. Rodrigo ficou 24 dias internado no hospital e passou por três cirurgias em razão das queimaduras de segundo e terceiros graus que sofreu em 24% do corpo (tórax, braço esquerdo e pescoço).
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    12 /12(Getty Images)

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