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Por que Temer deve ser cauteloso com as pautas econômicas?

Para evitar que as pautas se atropelem, presidente tem trabalhado ativamente para estabelecer prioridades do Congresso


	Temer apresentou a aliados um cronograma, no qual deixa claro que é a prioridade máxima de 2016 é concluir a votação do texto-base da PEC do teto de gastos públicos
 (Christopher Goodney/Bloomberg)

Temer apresentou a aliados um cronograma, no qual deixa claro que é a prioridade máxima de 2016 é concluir a votação do texto-base da PEC do teto de gastos públicos (Christopher Goodney/Bloomberg)

Marcelo Ribeiro

Marcelo Ribeiro

Publicado em 14 de outubro de 2016 às 11h38.

Brasília – Mesmo com apoio expressivo no Congresso, o presidente Michel Temer (PMDB) não tem escondido preocupação em como priorizar a votação de pautas essenciais para a retomada da economia.

Pressionado pela base governista, o peemedebista tem uma série de matérias no radar, como a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do teto de gastos públicos e a reforma da Previdência. Ainda que tenha pressa para aprovar medidas que deem fôlego a economia, ele quer evitar que as pautas se atropelem entre si.

Nesse contexto, o governo decidiu que levaria as reformas ao Congresso por etapas. Segundo auxiliares de Temer, o presidente e o núcleo duro de seu governo acreditam que “se tentarem emplacar tudo ao mesmo tempo, o Palácio do Planalto não terá força para aprovar matérias consideradas impopulares”.

Em conversa com aliados, o peemedebista apresentou um cronograma, no qual deixa claro que a prioridade máxima de 2016 é concluir a votação do texto-base da PEC que limita os gastos públicos.

Logo após o segundo turno das eleições, o governo deve encaminhar o texto de reforma da Previdência. Ainda assim, interlocutores  já admitem que a votação da matéria será concluída apenas em 2017.

Vale lembrar que, em novembro, também será votada no Senado a PEC que prevê o fim das coligações partidárias, impõe a cláusula de barreira para dificultar o surgimento de novas agremiações políticas, e cria a Federação de Partidos, uma espécie de liga com pelo menos quatro anos de duração.

Segundo o senador Aécio Neves (PSDB-MG), um dos autores da proposta, a aprovação desses três pontos é o começo da Reforma Política. O governo não resistiu a votação da proposta para não confrontar o PSDB, um dos principais partidos da base governista.

De acordo com auxiliares de Temer, a reforma trabalhista deve ficar em banho-maria momentaneamente. Por que deixar a pauta para depois? O governo teme não ter capital político para votar o texto depois da reforma previdenciária.

“O governo prefere aprovar duas pautas para ajudar no ajuste fiscal do que não conseguir fazer nada”, afirmou um parlamentar próximo de Temer a EXAME.com.

Focado na aprovação de todas as medidas que possam reequilibras as contas públicas do país, Temer já indicou que fará um jantar para senadores no início do mês que vem. O objetivo é convencer parlamentares aliados da importância de aprovar a PEC do teto.

Com tantas reformas no radar – sendo todas elas importantes na retomada da confiança na economia brasileira -, pode-se esperar muitos banquetes nos entornos dos Palácios do Alvorada e do Jaburu.

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