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Por que saída de Graça Foster é mais uma derrota para Dilma

Para especialista, seria politicamente menos custoso se a executiva tivesse deixado o cargo no início das investigações da Operação Lava Jato.

A presidente Dilma Rousseff gesticula durante evento com jornalistas (Joedson Alves/Reuters)

A presidente Dilma Rousseff gesticula durante evento com jornalistas (Joedson Alves/Reuters)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 4 de fevereiro de 2015 às 18h10.

São Paulo – A saída de Graça Foster da presidência da Petrobras é mais uma derrota política para a presidente Dilma Rousseff neste início de 2015, na avaliação de Pedro Fassoni Arruda, cientista político e professor da PUC-SP.

Graça Foster e outros cinco diretores da estatal renunciaram hoje a seus cargos. A nova diretoria será definida na sexta-feira.

“É uma grande derrota para o governo, diante das pressões dos grupos de oposição. Isso porque Dilma apostou em Graça Foster e tentou mantê-la o quanto pôde”, afirma Arruda.

Para o especialista, faltou habilidade política ao governo para lidar com a situação. Segundo ele, seria politicamente menos custoso se a executiva tivesse deixado o cargo no início das investigações da Operação Lava Jato.

“Foi um erro muito grande de Dilma. Ela poderia ter feito a demissão muito anteriormente, mas não fez. E isso acabou desgastando a imagem de Graça Foster, mesmo sabendo que não há nenhuma prova de seu envolvimento nesse esquema”, diz o especialista.  

O cientista político lembra ainda que a saída da presidente da Petrobras acontece três dias após um dos maiores revezes políticos do governo Dilma: a eleição de Eduardo Cunha (PMDB) para a presidência da Câmara. O deputado derrotou o candidato petista no primeiro turno.

Longo prazo

Apesar de o cenário atual ser negativo, Arruda argumenta que, no longo prazo, o governo ainda pode colher frutos positivos da renúncia da presidente da Petrobras. “Com essa demissão, haverá novas chances de recuperar o prestígio da empresa e reverter essa situação”, afirma.

Isso depende principalmente de quem ficará à frente da estatal, e a escolha dos nomes não será tarefa simples, ressalta o especialista. A definição dos novos diretores precisará contar com a participação dos partidos aliados, que têm seus próprios interesses.

“Mexer nos cargos das empresas estatais implica modificar o padrão de relacionamento com os partidos aliados. Isso é estrutural do nosso sistema político”, analisa.

A conclusão é que, se a relação do Planalto com os partidos não está em seu melhor momento – haja vista a eleição de Cunha no Congresso – ela pode ficar ainda mais estremecida, caso a escolha dos novos diretores não seja costurada com cuidado.

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