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Poluição ameaça jacarés que sobrevivem no Rio de Janeiro

Animais que sobrevivem nas áreas lacustres estão ameaçados pelo crescimento urbano descontrolado e pela poluição de seus habitats

Jacarés: segundo o biólogo Ricardo Freitas Filho, eventuais aparições urbanas deste réptil já ameaçado de extinção têm seus dias contados (Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 12 de fevereiro de 2014 às 21h33.

Rio de Janeiro - Os jacaré que sobrevivem nas áreas lacustres do Rio de Janeiro estão ameaçados pelo crescimento urbano descontrolado da cidade e pela poluição de seus habitats.

Apesar das consequências da expansão de uma cidade de seis milhões de habitantes ainda é possível encontrar em lagoas e rios da Zona Oeste do Rio exemplares do jacaré de papo amarelo.

Mas as eventuais aparições urbanas deste réptil já ameaçado de extinção têm seus dias contados, segundo o biólogo Ricardo Freitas Filho, que lidera uma iniciativa para lutar pela preservação desta espécie no Rio de Janeiro.

"Os jacarés desta região (Zona Oeste) estão condenados a desaparecer pelo crescimento urbano sem controle e pela falta de preocupação com a conservação do habitat destes animais", assegurou Freitas Filho em entrevista à Agência Efe.

Fundador e diretor do Instituto Jacaré, este biólogo luta desde 2006 pela sobrevivência deste réptil endêmico da América do Sul e que habita regiões pantanosas ou lacustres de países como Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia.

Sua batalha, relata, acontece em duas frentes: nas escolas, onde põe em contato as crianças com seus novos vizinhos pré-históricos, e no terreno, onde desenvolve um incessante trabalho de monitoração e controle destes animais que podem alcançar quase três metros e pesar mais de 100 quilos.

"Capturamos, marcamos, recolhemos amostras de sangue e tecidos, e realizamos análise biométricas para entender o desenvolvimento e a adaptação dos jacarés a estas condições tão adversas", explicou.

Um trabalho que fica pequeno, reconhece, frente ao avanço incontrolável do tijolo que, desde a luxuosa Barra da Tijuca até o empobrecido de Campo Grande, incluindo a futura Cidade Olímpica, invadiu as lagoas, as contaminou e transformou seus moradores originais, os jacarés, em habitantes incômodos.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), sete dos dez bairros mais povoados de Rio estão na Zona Oeste da cidade que, na última década, cresceu a um ritmo anual de 8%.


As previsões indicam que não há marcha à ré: a expectativa de crescimento da Barra de Tijuca para 2020 se situa em torno de 31% segundo o Instituto Pereira Passos.

Um expansionismo que todos os especialistas consideram desordenado e que, segundo Freitas Filho, tem sua principal vítima na própria natureza. "A preocupação ambiental do governo brasileiro, e concretamente do governo do Rio de Janeiro é zero", denunciou o biólogo.

"Em relação ao jacaré, por exemplo, quase nada se fala e ainda menos se faz", lamentou.

A pesquisa realizada por Freitas revela um perigo ainda maior para este réptil que a própria poluição e a presença humana. Seus estudos, segundo revelou à Efe, mostram que 80% dos jacarés que sobrevive na região é macho.

Esta desproporção sexual letal para a espécie obedece "ao desconhecimento e à falta de interesse das autoridades", disse.

"Todos os jacarés do estado de Rio capturados por policiais, bombeiros e patrulhas ambientais são levados aos canais próximos às lagoas ao oeste da cidade. Trata-se de exemplares machos que, na busca de territórios de caça, acabam muitas vezes nas piscinas das urbanizações", explicou.

O número de jacaré de papo amarelo que sobrevive na cidade é um mistério que o biólogo e sua equipe tenta resolver por meio de um censo. Do que também não há registro é de ataques de jacarés a pessoas, segundo asseguraram à Efe moradores da região.

"É um predador pouco agressivo que prefere esconder-se que atacar se não se sente muito ameaçado", comentou Freitas Filho, acrescentando, porém, "nunca se pode esquecer que é um predador e que, portanto , é preciso estar consciente que uma interação errônea, como se aproximar demais, incomodá-los ou dar-lhes comida, pode entranhar grandes riscos".

Por ora o que o jacaré traz às pessoas são benefícios já que "mantém controlada a população de roedores", seu principal alimento. Para o biólogo, "o homem é um perigo para o jacaré, não o contrário".

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Apesar das consequências da expansão de uma cidade de seis milhões de habitantes ainda é possível encontrar em lagoas e rios da Zona Oeste do Rio exemplares do jacaré de papo amarelo.

Mas as eventuais aparições urbanas deste réptil já ameaçado de extinção têm seus dias contados, segundo o biólogo Ricardo Freitas Filho, que lidera uma iniciativa para lutar pela preservação desta espécie no Rio de Janeiro.

"Os jacarés desta região (Zona Oeste) estão condenados a desaparecer pelo crescimento urbano sem controle e pela falta de preocupação com a conservação do habitat destes animais", assegurou Freitas Filho em entrevista à Agência Efe.

Fundador e diretor do Instituto Jacaré, este biólogo luta desde 2006 pela sobrevivência deste réptil endêmico da América do Sul e que habita regiões pantanosas ou lacustres de países como Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia.

Sua batalha, relata, acontece em duas frentes: nas escolas, onde põe em contato as crianças com seus novos vizinhos pré-históricos, e no terreno, onde desenvolve um incessante trabalho de monitoração e controle destes animais que podem alcançar quase três metros e pesar mais de 100 quilos.

"Capturamos, marcamos, recolhemos amostras de sangue e tecidos, e realizamos análise biométricas para entender o desenvolvimento e a adaptação dos jacarés a estas condições tão adversas", explicou.

Um trabalho que fica pequeno, reconhece, frente ao avanço incontrolável do tijolo que, desde a luxuosa Barra da Tijuca até o empobrecido de Campo Grande, incluindo a futura Cidade Olímpica, invadiu as lagoas, as contaminou e transformou seus moradores originais, os jacarés, em habitantes incômodos.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), sete dos dez bairros mais povoados de Rio estão na Zona Oeste da cidade que, na última década, cresceu a um ritmo anual de 8%.


As previsões indicam que não há marcha à ré: a expectativa de crescimento da Barra de Tijuca para 2020 se situa em torno de 31% segundo o Instituto Pereira Passos.

Um expansionismo que todos os especialistas consideram desordenado e que, segundo Freitas Filho, tem sua principal vítima na própria natureza. "A preocupação ambiental do governo brasileiro, e concretamente do governo do Rio de Janeiro é zero", denunciou o biólogo.

"Em relação ao jacaré, por exemplo, quase nada se fala e ainda menos se faz", lamentou.

A pesquisa realizada por Freitas revela um perigo ainda maior para este réptil que a própria poluição e a presença humana. Seus estudos, segundo revelou à Efe, mostram que 80% dos jacarés que sobrevive na região é macho.

Esta desproporção sexual letal para a espécie obedece "ao desconhecimento e à falta de interesse das autoridades", disse.

"Todos os jacarés do estado de Rio capturados por policiais, bombeiros e patrulhas ambientais são levados aos canais próximos às lagoas ao oeste da cidade. Trata-se de exemplares machos que, na busca de territórios de caça, acabam muitas vezes nas piscinas das urbanizações", explicou.

O número de jacaré de papo amarelo que sobrevive na cidade é um mistério que o biólogo e sua equipe tenta resolver por meio de um censo. Do que também não há registro é de ataques de jacarés a pessoas, segundo asseguraram à Efe moradores da região.

"É um predador pouco agressivo que prefere esconder-se que atacar se não se sente muito ameaçado", comentou Freitas Filho, acrescentando, porém, "nunca se pode esquecer que é um predador e que, portanto , é preciso estar consciente que uma interação errônea, como se aproximar demais, incomodá-los ou dar-lhes comida, pode entranhar grandes riscos".

Por ora o que o jacaré traz às pessoas são benefícios já que "mantém controlada a população de roedores", seu principal alimento. Para o biólogo, "o homem é um perigo para o jacaré, não o contrário".

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