Políticos receberam R$ 80 mi por usinas de Rondônia, diz delação
Executivos da Odebrecht disseram que diversos políticos receberam propina para favorecer a empreiteira nos projetos das usinas
Agência Brasil
Publicado em 17 de abril de 2017 às 14h05.
Oito dos 76 inquéritos autorizados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar políticos citados nas delações de ex-executivos da Odebrecht estão relacionados ao pagamento de propina em obras das usinas Hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, construídas no Rio Madeira, em Rondônia.
Serão investigados: senadores Romero Jucá (PMDB-RR), Edison Lobão (PMDB-MA),Valdir Raupp (PMDB-RO), Ivo Cassol (PP-RO) e Aécio Neves (PSDB-MG). Além dos deputados federais Arlindo Chinaglia (PT-SP), João Carlos Bacelar (PR-BA) e Paulinho da Força (SD-SP).
Conforme as delações, a Odebrecht pagou mais de R$ 80 milhões em propina para ser favorecida nos projetos das usinas.
Em um dos casos, o ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, Henrique Valladares, relatou, em delação premiada, que a empreiteira, vencedora da licitação de Santo Antônio, acreditava estar sendo prejudicada no projeto de Jirau.
Por conta disso, em 2008, a empresa procurou o então deputado federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para operar os interesses do consórcio formado pela Odebrecht e a construtora Andrade Gutierrez com outros parlamentares.
"Marcelo [Odebrecht, ex-presidente-executivo da empreiteira] me deu o número de R$ 50 milhões para colocar na mesa como oferecimento ao Dr. Eduardo Cunha para que ele, com esse dinheiro, buscasse o apoio político, a critério dele, buscasse distribuir de tal forma que ele obtivesse o apoio político necessário", disse o delator aos procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato.
Conforme o delator, Cunha teria se beneficiado com parte do dinheiro e repassado outra parte aos parlamentares com influência no governo, que também se tornaram alvos de inquéritos.
O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, também encaminhou as delações para que a Justiça Federal analise o caso de Cunha, que perdeu o foro privilegiado após ter o mandato de deputado federal cassado.
Ele está preso em Curitiba no âmbito da Lava Jato. Segundo os delatores, a empresa também pagou propina para garantir a aprovação de propostas em tramitação no Congresso, em matérias que gerariam impacto na atuação das hidrelétricas. Todos os parlamentares citados nos inquéritos negam as acusações dos delatores.