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Políticos receberam R$ 80 mi por usinas de Rondônia, diz delação

Executivos da Odebrecht disseram que diversos políticos receberam propina para favorecer a empreiteira nos projetos das usinas

Hidrelétrica de Santo Antônio: em 2008, a empresa procurou o então deputado federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para operar os interesses da empreiteira nas usinas (Wikimedia/Divulgação)

Hidrelétrica de Santo Antônio: em 2008, a empresa procurou o então deputado federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para operar os interesses da empreiteira nas usinas (Wikimedia/Divulgação)

AB

Agência Brasil

Publicado em 17 de abril de 2017 às 14h05.

Oito dos 76 inquéritos autorizados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar políticos citados nas delações de ex-executivos da Odebrecht estão relacionados ao pagamento de propina em obras das usinas Hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, construídas no Rio Madeira, em Rondônia.

Serão investigados: senadores Romero Jucá (PMDB-RR), Edison Lobão (PMDB-MA),Valdir Raupp (PMDB-RO), Ivo Cassol (PP-RO) e Aécio Neves (PSDB-MG). Além dos deputados federais Arlindo Chinaglia (PT-SP), João Carlos Bacelar (PR-BA) e Paulinho da Força (SD-SP).

Conforme as delações, a Odebrecht pagou mais de R$ 80 milhões em propina para ser favorecida nos projetos das usinas.

Em um dos casos, o ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, Henrique Valladares, relatou, em delação premiada, que a empreiteira, vencedora da licitação de Santo Antônio, acreditava estar sendo prejudicada no projeto de Jirau.

Por conta disso, em 2008, a empresa procurou o então deputado federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para operar os interesses do consórcio formado pela Odebrecht e a construtora Andrade Gutierrez com outros parlamentares.

"Marcelo [Odebrecht, ex-presidente-executivo da empreiteira] me deu o número de R$ 50 milhões para colocar na mesa como oferecimento ao Dr. Eduardo Cunha para que ele, com esse dinheiro, buscasse o apoio político, a critério dele, buscasse distribuir de tal forma que ele obtivesse o apoio político necessário", disse o delator aos procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato.

Conforme o delator, Cunha teria se beneficiado com parte do dinheiro e repassado outra parte aos parlamentares com influência no governo, que também se tornaram alvos de inquéritos.

O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, também encaminhou as delações para que a Justiça Federal analise o caso de Cunha, que perdeu o foro privilegiado após ter o mandato de deputado federal cassado.

Ele está preso em Curitiba no âmbito da Lava Jato. Segundo os delatores, a empresa também pagou propina para garantir a aprovação de propostas em tramitação no Congresso, em matérias que gerariam impacto na atuação das hidrelétricas. Todos os parlamentares citados nos inquéritos negam as acusações dos delatores.

 

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