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PMs do Recife podem não fazer segurança do Galo da Madrugada

A manifestação foi organizada por esposas de PMs para protestar contra decisões do governo que criminalizam líderes da associação e pelo reajuste salarial

Carnaval no Recife: "Se quisessem a gente trabalhando no Galo, o que custava ter chamado as associações para negociar?" (Arquivo PCR - Facebook/Reprodução)

Carnaval no Recife: "Se quisessem a gente trabalhando no Galo, o que custava ter chamado as associações para negociar?" (Arquivo PCR - Facebook/Reprodução)

AB

Agência Brasil

Publicado em 24 de fevereiro de 2017 às 22h22.

Na tarde da abertura oficial do carnaval do Recife, policiais militares fizeram hoje (24) uma manifestação em que defenderam que os militares escalados para fazer o policiamento no Galo da Madrugada, que desfila amanhã (25), não compareçam ao serviço.

"Amanhã todo policial de Pernambuco tem que ficar com sua família", disse o presidente da Associação de Cabos e Soldados de Pernambuco, Albérisson Carlos, durante discurso em frente à casa do governador do estado, Paulo Câmara.

"Se quisessem a gente trabalhando no Galo, o que custava ter chamado as associações para negociar?".

A manifestação foi organizada por esposas de policiais militares para protestar contra decisões tomadas pelo governo estadual que criminalizam líderes da associação e pelo reajuste salarial que não agradou a categoria. O protesto saiu da Praça do Derby, área central do Recife.

Ontem (23), uma liminar do desembargador José Fernandes de Lemos, do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), estabeleceu multa de R$ 10 mil para quem tentar obstruir a saída de agentes e viaturas da Polícia Militar (PM) dos quartéis.

O juiz acatou pedido da Procuradoria-Geral do Estado, numa tentativa de garantir o policiamento no carnaval, apesar do movimento.

Apesar de ser organizada pelas esposas, os policiais eram maioria na passeata que seguiu pela noite aos gritos de "Não vai ter Galo".

A manifestação foi liderada pelos dirigentes da Associação dos Cabos e Soldados Albérisson Carlos e Nadelson Leite. Os dois tiveram pedido de prisão preventiva requerido pelo estado, mas negado pela 1ª Vara Militar.

Atritos

Desde o fim do ano passado, a relação entre governo e policiais militares de Pernambuco está tensa. Em dezembro, o presidente e o vice-presidente da associação foram presos por crime militar após comandarem uma assembleia que decidiu por paralisação dos policiais.

Em resposta, a PM adotou uma "operação padrão" e os agentes deixaram de fazer horas extras. As Forças Armadas reforçaram o policiamento no estado diante da ameaça de greve, mas se retiraram em janeiro deste ano.

Embora a operação padrão siga em vigor, até agora não havia o anúncio da intenção de reduzir o policiamento no carnaval. No dia 21 de fevereiro, a Secretaria de Defesa Social anunciou inclusive que mais de 31 mil policiais vão trabalhar na região metropolitana do Recife no período.

O decreto que organiza o reforço no policiamento da região obriga o cumprimento da jornada de trabalho pelos servidores das polícias Científica, Civil, Militar e Corpo de Bombeiros.

Os líderes da Associação dos Cabos e Soldados questionam o número de policiais divulgado pelo governo e orientam os militares a pedir o pagamento da jornada extra antecipadamente. As lideranças negam que o movimento no carnaval seja grevista.

"É um pedido das nossas mulheres para ficar com elas no nosso dia de lazer. Isso não é greve, mas um movimento de segurança pública para o agente de segurança", disse o presidente da entidade.

Reajuste

No último dia 16, o reajuste entre 20% e 40% concedido pelo governo do estado a PMs e bombeiros foi aprovado pela Assembleia Legislativa de Pernambuco. No entanto, o aumento não contemplou a categoria, que esperava um percentual maior.

Além disso, os policiais criticam regras incluídas no projeto de lei que regulamentou o reajuste, como a que condiciona as promoções ao não recebimento de punições.

A Agência Brasil procurou o governo de Pernambuco, mas não teve retorno até a publicação.

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