PMDB se reúne e evidencia racha sobre aliança com o PT
Aliança pode estar em xeque depois de ter ficado evidente uma forte divisão entre os peemedebistas na reunião da Comissão Executiva
Da Redação
Publicado em 14 de maio de 2014 às 20h38.
Brasília - A aliança nacional entre PT e PMDB pode estar em xeque depois de ter ficado evidente uma forte divisão entre os peemedebistas na reunião da Comissão Executiva com os representantes dos diretórios estaduais do partido nesta quarta-feira em um hotel em Brasília.
A decisão oficial sobre o apoio formal do PMDB à reeleição da presidente Dilma Rousseff será tomada no dia 10 de junho na convenção nacional e esse pouco tempo foi o principal argumento apresentado por aqueles que defendem a manutenção da aliança nacional com o PT.
Mas na avaliação dos diretórios estaduais que se posicionaram contra a manutenção da aliança na reunião, que durou mais de quatro horas, há tantos problemas na relação com o governo e com o PT que já não há vantagens na continuidade do casamento entre os dois partidos.
A reunião evidenciou também que há uma clara divisão entre o que pensam os senadores, que se esforçam para defender a reeleição de Dilma, e os deputados, que preferem o rompimento da aliança e argumentam que apenas o Senado tem se beneficiado do que classificaram de relação fisiológica com o governo.
A aliança com o PMDB é considerada fundamental pelo PT para o projeto de reeleição de Dilma, não só pelo tempo de TV que o partido agregaria, mas também pela capilaridade nacional da legenda.
As dificuldades de relacionamento entre o governo e as bancadas peemedebistas no Congresso e o temor de um projeto hegemônico de poder do PT, entretanto, têm tornado a manutenção da aliança cada vez mais difícil.
A evidente divisão foi debatida abertamente sob os olhos do vice-presidente da República e presidente licenciado da legenda, Michel Temer, que saiu da reunião sem falar com a imprensa e, segundo relato do deputado Pedro Henry (PE), ficou “evidentemente constrangido”.
Representante do diretório da Bahia e candidato a governador daquele Estado, Geddel Vieira Lima, chegou a dizer que prefere uma aliança com o pré-candidato do PSDB, senador Aécio Neves (MG), e que apoiará o tucano em solo baiano.
“Para o PMDB da Bahia só tem um caminho que eu não posso seguir, que é apoiar o PT”, disse a jornalistas após a reunião.
Para o vice-presidente, porém, esse clima de divisão relatado por integrantes do partido após a reunião não condiz com a realidade.
"Eu até me surpreendi com o apoio que recebi na reunião", disse Temer a jornalistas no Palácio do Planalto, após o encontro. "A grande maioria e a manifestação de vários líderes do PMDB foi de apoio (à aliança)."
Nesse cenário, para garantir a aliança nacional, Temer estaria disposto a liberar os diretórios estaduais para definirem os melhores arranjos eleitorais, sem levar em conta o PT.
Essa avaliação foi feita por alguns parlamentares na saída da reunião, mas não foi confirmada pelo vice.
Questionado se Temer apelou pelo apoio à aliança nacional, o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), disse que “ele como qualquer candidato tem que pedir voto, é natural”.
Segundo Cunha, claramente os diretórios do Rio de Janeiro, da Bahia, do Rio Grande do Sul, de Pernambuco e de Goiás se manifestaram contra a aliança com o PT.
Já os diretórios de Minas Gerais, São Paulo, Pará, Alagoas e Maranhão defenderam a continuidade do projeto com os petistas.
O deputado Leonardo Picciani (RJ) disse que a aliança com o PT não serve mais ao PMDB, que não participa das políticas públicas e não é ouvido “para nada”.
“Essa aliança só atende a ala fisiológica do partido”, afirmou a jornalistas depois de se posicionar a favor do final da aliança.
Picciani disse que seu sentimento é que na convenção nacional, marcada para 10 de junho, haverá maioria suficiente para acabar com a aliança. "Mas é muito difícil fazer um prognóstico", afirmou.
"Qualificar a Relação"
Já o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), disse que o PMDB precisa qualificar sua participação num segundo governo Dilma, mas que não é hora para romper a aliança.
“Eu já disse para a presidente Dilma que no próximo governo nós precisamos qualificar a relação”, afirmou o presidente do Senado. “Não é hora para ter crise de identidade e decidir pelo fim da aliança a tão poucos dias da convenção”, prosseguiu.
“Se houvesse risco na convenção seria a maior demonstração de incoerência política partidária e o PMDB pagaria um preço muito grande por isso”, afirmou.
O senador José Sarney (AP) foi na mesma linha. “Os problemas são conhecidos. Mas são problemas regionais que não são de monta para acabar com a aliança”, disse Sarney à Reuters na saída da reunião.
Brasília - A aliança nacional entre PT e PMDB pode estar em xeque depois de ter ficado evidente uma forte divisão entre os peemedebistas na reunião da Comissão Executiva com os representantes dos diretórios estaduais do partido nesta quarta-feira em um hotel em Brasília.
A decisão oficial sobre o apoio formal do PMDB à reeleição da presidente Dilma Rousseff será tomada no dia 10 de junho na convenção nacional e esse pouco tempo foi o principal argumento apresentado por aqueles que defendem a manutenção da aliança nacional com o PT.
Mas na avaliação dos diretórios estaduais que se posicionaram contra a manutenção da aliança na reunião, que durou mais de quatro horas, há tantos problemas na relação com o governo e com o PT que já não há vantagens na continuidade do casamento entre os dois partidos.
A reunião evidenciou também que há uma clara divisão entre o que pensam os senadores, que se esforçam para defender a reeleição de Dilma, e os deputados, que preferem o rompimento da aliança e argumentam que apenas o Senado tem se beneficiado do que classificaram de relação fisiológica com o governo.
A aliança com o PMDB é considerada fundamental pelo PT para o projeto de reeleição de Dilma, não só pelo tempo de TV que o partido agregaria, mas também pela capilaridade nacional da legenda.
As dificuldades de relacionamento entre o governo e as bancadas peemedebistas no Congresso e o temor de um projeto hegemônico de poder do PT, entretanto, têm tornado a manutenção da aliança cada vez mais difícil.
A evidente divisão foi debatida abertamente sob os olhos do vice-presidente da República e presidente licenciado da legenda, Michel Temer, que saiu da reunião sem falar com a imprensa e, segundo relato do deputado Pedro Henry (PE), ficou “evidentemente constrangido”.
Representante do diretório da Bahia e candidato a governador daquele Estado, Geddel Vieira Lima, chegou a dizer que prefere uma aliança com o pré-candidato do PSDB, senador Aécio Neves (MG), e que apoiará o tucano em solo baiano.
“Para o PMDB da Bahia só tem um caminho que eu não posso seguir, que é apoiar o PT”, disse a jornalistas após a reunião.
Para o vice-presidente, porém, esse clima de divisão relatado por integrantes do partido após a reunião não condiz com a realidade.
"Eu até me surpreendi com o apoio que recebi na reunião", disse Temer a jornalistas no Palácio do Planalto, após o encontro. "A grande maioria e a manifestação de vários líderes do PMDB foi de apoio (à aliança)."
Nesse cenário, para garantir a aliança nacional, Temer estaria disposto a liberar os diretórios estaduais para definirem os melhores arranjos eleitorais, sem levar em conta o PT.
Essa avaliação foi feita por alguns parlamentares na saída da reunião, mas não foi confirmada pelo vice.
Questionado se Temer apelou pelo apoio à aliança nacional, o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), disse que “ele como qualquer candidato tem que pedir voto, é natural”.
Segundo Cunha, claramente os diretórios do Rio de Janeiro, da Bahia, do Rio Grande do Sul, de Pernambuco e de Goiás se manifestaram contra a aliança com o PT.
Já os diretórios de Minas Gerais, São Paulo, Pará, Alagoas e Maranhão defenderam a continuidade do projeto com os petistas.
O deputado Leonardo Picciani (RJ) disse que a aliança com o PT não serve mais ao PMDB, que não participa das políticas públicas e não é ouvido “para nada”.
“Essa aliança só atende a ala fisiológica do partido”, afirmou a jornalistas depois de se posicionar a favor do final da aliança.
Picciani disse que seu sentimento é que na convenção nacional, marcada para 10 de junho, haverá maioria suficiente para acabar com a aliança. "Mas é muito difícil fazer um prognóstico", afirmou.
"Qualificar a Relação"
Já o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), disse que o PMDB precisa qualificar sua participação num segundo governo Dilma, mas que não é hora para romper a aliança.
“Eu já disse para a presidente Dilma que no próximo governo nós precisamos qualificar a relação”, afirmou o presidente do Senado. “Não é hora para ter crise de identidade e decidir pelo fim da aliança a tão poucos dias da convenção”, prosseguiu.
“Se houvesse risco na convenção seria a maior demonstração de incoerência política partidária e o PMDB pagaria um preço muito grande por isso”, afirmou.
O senador José Sarney (AP) foi na mesma linha. “Os problemas são conhecidos. Mas são problemas regionais que não são de monta para acabar com a aliança”, disse Sarney à Reuters na saída da reunião.