Brasil

PM ouve dicas para abordar gay e travesti na Parada

Advogado deu dicas a cerca de 90 oficiais que atuam na região central de São Paulo sobre como trabalhar neste domingo na Parada Gay


	No bate-papo com os PMs, o advogado, um dos protagonistas dos 17 anos de Parada Gay, explicou que tanto os travestis como os transexuais preferem ser chamados pelos seus nomes femininos
 (Getty Images)

No bate-papo com os PMs, o advogado, um dos protagonistas dos 17 anos de Parada Gay, explicou que tanto os travestis como os transexuais preferem ser chamados pelos seus nomes femininos (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de maio de 2013 às 10h04.

São Paulo - A Parada Gay é um evento extravagante. As alegorias das boates vão para as ruas e milhares de frequentadores vestem trajes chamativos, numa festa em que carnaval e política se misturam na Avenida Paulista.

Cabe ao policial militar evitar a "síndrome do cutucão", ou seja, ele não deve dar aquela cotoveladinha indiscreta no parceiro ao lado para que os dois deem risada de quem passa.

No Comando-Geral da Polícia Militar, nesta terça-feira, 28, durante uma hora, o advogado Dimitri Sales, do Instituto Latino-Americano de Direitos Humanos, deu dicas a cerca de 90 oficiais que atuam na região central de São Paulo sobre como trabalhar neste domingo na Parada, além de discutir com eles sobre diversidade sexual e a homossexualidade.

No bate-papo com os PMs, o advogado, um dos protagonistas dos 17 anos de Parada Gay, explicou que tanto os travestis como os transexuais preferem ser chamados pelos seus nomes femininos.

"O órgão sexual não define o gênero da pessoa. Um homem pode se sentir uma mulher e o ideal, caso seja necessário, é perguntar antes o nome que a pessoa prefere ser chamada", disse.

Segundo ele, o mesmo vale para as revistas. Os transexuais e os travestis, segundo ele explicou à reportagem, devem ser revistados por PMs femininos. "Mas, como o efetivo masculino é muito maior, às vezes o homem acaba sendo o responsável pela revista", diz.


O coronel Reynaldo Simões Rossi, do Comando de Policiamento do Centro, responsável pelo policiamento da Parada Gay, entrou no clima "friendly" da palestra.

Apontando para os oficiais fardados, disse que a diversidade sexual entre os ouvintes também era grande, para sentenciar: "O papel da polícia democrática é garantir que todos tenham o direito de manifestar ostensivamente sua orientação sexual e voltar com sua integridade física e patrimonial para casa".

Um dos oficiais explicou ainda que o policial precisa ter jogo de cintura e bom humor no patrulhamento, já que recebe muitos beliscões dos frequentadores, atraídos pelo fetiche exercido pelo fardamento.

Além das dicas, na palestra os oficiais ouviram também explicações sobre a homossexualidade. "É quando seu pescoço vira. Se vira quando passa um homem, é bem possível que você seja gay", brincou.

Dimitri ainda explicou que "opção sexual" é um termo equivocado. "Não se trata de uma questão de escolha. Ninguém escolheria ser o motivo de chacota nos colégios, nos programas humorísticas, ser injuriado e diminuído todos os dias de sua vida", explicou aos PMs, que depois aplaudiram o advogado.

Acompanhe tudo sobre:cidades-brasileirasGaysLGBTMetrópoles globaisParada gayPolícia MilitarPolítica no BrasilPreconceitossao-paulo

Mais de Brasil

Secretário de Turismo diz que 53% das atrações públicas do RS foram danificadas

Prefeito de Canoas diz que reconstrução de prédios públicos demanda mais de R$ 200 milhões

OPINIÃO: Nunca esqueceremos

Enchentes no RS: sobe para 155 o número de mortos; 94 pessoas seguem desaparecidas

Mais na Exame