Brasil

PF emite mandado de prisão contra 10 parentes de Beira-Mar

Cinco filhos dele, a irmã, uma ex-mulher, a sogra e sobrinhos estão entre os que tiveram a prisão preventiva pedida

Fernandinho Beira-Mar: a PF cumpre hoje 22 mandados de prisão preventiva, 13 de prisão temporária e 85 de busca e apreensão contra o traficante (Luiz Roberto Lima/VEJA)

Fernandinho Beira-Mar: a PF cumpre hoje 22 mandados de prisão preventiva, 13 de prisão temporária e 85 de busca e apreensão contra o traficante (Luiz Roberto Lima/VEJA)

AB

Agência Brasil

Publicado em 24 de maio de 2017 às 12h57.

Dez familiares e três advogados de Luiz Fernando da Costa, conhecido como Fernandinho Beira-Mar, estão entre os 35 mandados de prisão da Operação Epístolas, deflagrada hoje (24) pela Polícia Federal (PF).

Cinco filhos dele, a irmã, uma ex-mulher, a sogra e sobrinhos estão entre os que tiveram a prisão preventiva pedida. A PF ainda não tem um balanço de quantos já foram presos.

Sua irmã, que também era advogada de Beira-Mar, considerada um de seus braços direitos administrava seus bens e atividades ilícitas. Ela foi presa em casa, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. A polícia não divulgou os nomes dos investigados.

Segundo o delegado federal chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes de Rondônia, Leonardo Marino, o traficante era informado de todas as decisões da quadrilha, apesar de estar preso há 16 anos, sendo 12 anos no sistema penitenciário federal.

O bilhete que alertou os agentes penitenciários e deu início à operação foi encontrado picotado em uma marmita descartada por Beira-Mar, e teve que ser remontado e periciado pelos agentes. Segundo a PF, não há indícios de conivência de servidores do presídio com o esquema.

"A operação demonstra que, mesmo recluso há anos, o principal investigado ainda detém o controle do tráfico de drogas e diversas outras atividades em comunidades de Duque de Caxias", disse o delegado. "Ele controlava todas as ações. Ninguém poderia fazer nenhuma atividade sem seu consentimento."

A PF cumpre hoje 22 mandados de prisão preventiva, 13 de prisão temporária e 85 de busca e apreensão . Outras 27 pessoas estão sendo conduzidas coercitivamente a depor.

Beira-Mar também está sendo interrogado pela operação, e será transferido da Penitenciária Federal de Porto Velho ainda hoje. Os presos preventivamente serão transferidos para Rondônia, de onde saíram as decisões judiciais para a operação, emitidas pela 3ª Vara Federal.

Bilhetes

Para repassar as ordens aos subordinados, o criminoso utilizava bilhetes que eram passados a um preso que estava na cela ao lado. O detento recebia visitas íntimas e entregava os recados a sua mulher, que os escondia em seu corpo para ocultá-los da revista.

O traficante tinha uma rede de confiança em Porto Velho, e chegava a gastar R$ 20 mil por mês apenas com passagens para as pessoas que recebiam e traziam os recados.

Outras táticas da quadrilha eram mímicas e códigos que o traficante usava ao se comunicar com sua mulher em visitas virtuais, já que ela também está presa. Para repassar as mensagens, a quadrilha também se valia de e-mails, mas fazia o procedimento chamado pela PF de caixa morta.

Mensagens eram escritas e salvas nos rascunhos, para que outras pessoas lessem e apagassem, sem que o texto tivesse que ser enviado a outro endereço de e-mail.

As investigações apontam que Beira-Mar tinha um patrimônio de ao menos R$ 30 milhões, e suas atividades haviam se diversificado, incluindo venda de gás, de água, de cestas básicas e cigarros em 13 comunidades de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

O delegado explicou que a operação visa a enfraquecer economicamente a organização, que usava imóveis, casas de show e bares para misturar o dinheiro ilícito ao lícito. Empresários e gestores ligados a esses estabelecimentos estão entre os presos temporariamente na operação.

Nas mensagens, Beira-Mar cita inclusive orientações para a compra de armas e de drogas em outros países e fala sobre homicídios feitos antes do período da investigação. O acusado dessas mortes está entre os presos, no Ceará.

Os três advogados de Beira-Mar, segundo o delegado, deixaram de se limitar à defesa do preso, e passaram a ajudá-lo na coordenação das atividades ilícitas e na ocultação de bens. Além da irmã, foi preso um advogado no Rio de Janeiro e outro no Distrito Federal.

De acordo com a PF, a quadrilha tinha influência inclusive na nomeação de pessoas para ocupar cargos de confiança na Câmara Municipal de Duque de Caxias, onde um dos mandados de busca e apreensão foi cumprido hoje. Segundo o delegado, ainda não é possível afirmar se algum político tem participação no esquema.

Entre as apreensões da operação estão R$ 100 mil em espécie, 150 caixas de cigarro e 200 cestas básicas.

Acompanhe tudo sobre:Polícia FederalPrisõesTráfico de drogas

Mais de Brasil

Governo cria sistema de emissão de carteira nacional da pessoa com TEA

Governo de SP usará drones para estimar número de morte de peixes após contaminação de rios

8/1: Dobra número de investigados por atos golpistas que pediram refúgio na Argentina, estima PF

PEC que anistia partidos só deve ser votada em agosto no Senado

Mais na Exame