Sergio Moro: ministro da Justiça já havia defendido que o conteúdo das mensagens não fosse investigado (Adriano Machado/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 25 de julho de 2019 às 21h19.
A Polícia Federal afirmou, nesta quinta-feira (25), que "as investigações que culminaram com a deflagração da Operação Spoofing não têm como objeto a análise das mensagens supostamente subtraídas de celulares invadidos".
"O conteúdo de quaisquer mensagens que venham a ser localizadas no material apreendido será preservado, pois faz parte de diálogos privados, obtidos por meio ilegal", diz. "Caberá à Justiça, em momento oportuno, definir o destino do material, sendo a destruição uma das opções", afirma.
A interlocutores, o ministro da Justiça tem defendido que o material não seja submetido à análise dos investigadores para que não haja nova violação de intimidade dos alvos dos hackers.
Sergio Moro também tem ponderado a pessoas próximas que o destino do conteúdo depende da análise de um juiz responsável pela investigação — no caso, Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara Federal, que decretou a prisão de 4 suspeitos de envolvimento com os ataques.
Após Moro, informar a pelo menos um dos alvos do suposto grupo hacker que o material particular obtido seria descartado, o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que uma eventual destruição deve ser analisada pelo poder Judiciário, e não por um órgão administrativo.
"Isso aí é prova de qualquer forma. Tem que marchar com muita cautela. O ideal seria ter o crivo realmente de um órgão do Judiciário. E não simplesmente decidir no campo administrativo que poderá haver destruição de provas", disse o ministro à reportagem.
Já a Procuradoria-Geral da República (PGR) afirmou em nota que foram identificados ataques de hackers a aparelhos utilizados por 25 membros do Ministério Público Federal (MPF). Um deles é o da chefe do órgão, Raquel Dodge. Menos da metade dos aparelhos foram efetivamente comprometidos, segundo a PGR. A instituição já havia informado mais cedo que os invasores não conseguiram ter acesso aos dados de Raquel.
De acordo com a PGR, os ataques foram identificados no início do mês de maio pela Secretaria de Tecnologia de Informação e Comunicação (Stic) após a instauração de procedimento dentro da instituição. As providências foram tomadas para apurar as suspeitas de invasões nas contas do Telegram de membros da força-tarefa Lava Jato em Curitiba e no Rio de Janeiro.
"Ao analisarem o caso específico da procuradora-geral, técnicos da Stic perceberam uma característica que chamou a atenção e que posteriormente foi um dos elementos centrais para se desvendar como se deram as invasões. É que, diferentemente de outros aparelhos que tiveram o aplicativo invadido, o de Raquel Dodge estava com a caixa postal desativada", diz a nota da PGR.
O órgão também informou que entre as medidas adotadas após as invasões estão a troca de linhas telefônicas, ações de comunicação interna para que usuários habilitassem a dupla verificação das contas e que passassem a utilizar o eSpace (ferramenta de mensagens disponibilizada pelo Ministério Público Federal). "Também foi apresentada solicitação à operadora Claro para que desativasse o serviço de caixa postal de todos os telefones institucionais do MPF", afirma.