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Petrobras virou bagunça, diz FHC

Ex-presidente fez várias críticas, durante uma palestra, aos governos que o sucederam


	Fernando Henrique Cardoso: durante a palestra, tucano reagiu à análise de que privilegiou a economia, com a estabilidade da moeda, em detrimento das políticas sociais
 (REUTERS/Paulo Whitaker)

Fernando Henrique Cardoso: durante a palestra, tucano reagiu à análise de que privilegiou a economia, com a estabilidade da moeda, em detrimento das políticas sociais (REUTERS/Paulo Whitaker)

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Da Redação

Publicado em 9 de abril de 2014 às 20h49.

Rio de Janeiro - Em palestra na qual citou algumas realizações de sua gestão e fez várias críticas aos governos que o sucederam, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que a Petrobras "virou bagunça", apontou "acúmulo de erros na questão energética", e disse que o programa Bolsa-Família não tem oferecido porta de saída suficiente, com oportunidades para os beneficiados.

"Há um pouco de excesso de transferência de renda sem contrapartida", afirmou Fernando Henrique na Associação Comercial, onde laçou o livro O Improvável Presidente do Brasil. O tucano reagiu à análise de que privilegiou a economia, com a estabilidade da moeda, em detrimento das políticas sociais.

"Criar o Bolsa-Escola, que foi o germe dessas bolsas, não foi fácil. Hoje é glória nacional, glória petista. A oposição foi enorme. As bolsas tiveram êxito, o subsídio estava condicionado a frequência na escola e tinha porta de saída. Agora pouco a pouco não tem porta de saída, estão aumentando a idade da pessoa que pode ter bolsa", disse o ex-presidente na palestra.

Em entrevista, afirmou que o Bolsa-Família "é política fundamental de Estado e tem que ser mantido, melhorar mais, incentivar mais, não diminuir, e dar mais estímulos para as pessoas se integrarem na vida comum".

Diante da plateia formada principalmente por empresários, Fernando Henrique entrou em clima de campanha ao responder a uma pergunta sobre o futuro do País: "A situação não é desesperadora, mas o caminho está cheio de tropeços e a hora de corrigir é agora nas eleições."

Na mesma resposta, o ex-presidente atacou a política do governo de impedir o aumento do combustível para controlar a inflação. "Houve muito descuido em coisas fundamentais como a energia. Com política para combater erradamente a inflação, tabelando preços conseguimos estragar a Petrobras e o etanol", criticou, referindo-se ao fato de que, sem aumento da gasolina e do diesel, o álcool combustível deixa de ser competitivo.

O tucano voltou a criticar o governo e o PT por tentarem impedir a CPI da Petrobras e ironizou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu sucessor. "O presidente Lula propunha tanta CPI no meu tempo, por que agora está contra? Se o governo está tão preocupado em impedir, a suspeita de que tem alguma coisa errada aumenta", disse, em entrevista.

Na palestra, atacou a influência dos partidos na estatal. "Essas loucuras todas na Petrobras levam a pensar no grande controle que os partidos têm. Dá no que dá. No meu governo, nós arejamos, transformamos em verdadeira empresa, não repartição pública. Cortamos a (exigência) da lei 8666 (das licitações). Agora virou bagunça", disse.

Mais uma vez, o ex-presidente defendeu a presidente Dilma Rousseff no caso da compra, pela Petrobras, da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. A um entrevistador do programa de TV humorístico Pânico que estava fantasiado de Dilma, Fernando Henrique disse: "Você é vítima, tem que explicar que não é responsável. Fala a verdade."

Fernando Henrique afirmou que "muito do que foi feito (em seu governo) foi continuado pelo presidente até 2007 ou 2008, mas depois não". "Muito do que nós construímos está sendo desfeito, não é que tenham a intenção, mas não têm atenção necessária para evitar a corrosão", criticou.

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