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Petrobras não repassa queda no preço do petróleo

Preços da gasolina e do diesel no Brasil estão prestes a completar dois anos com valores acima das cotações internacionais

Alta nos preços garante à Petrobras uma receita adicional de R$ 24,7 bilhões (.)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h47.

Rio - Os preços da gasolina e do diesel no Brasil estão prestes a completar dois anos com valores acima das cotações internacionais. Trata-se do período mais longo de alta desde a liberação do setor, em 2002, garantindo à Petrobrás uma receita adicional de R$ 24,7 bilhões, segundo cálculos do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).

Para analistas, esses recursos vêm ajudando a estatal a manter o ritmo de investimentos enquanto espera a capitalização. "O consumidor brasileiro está subsidiando o plano de investimentos da Petrobrás", resume o diretor do CBIE, Adriano Pires. Em levantamento a pedido do Estado, o especialista indica que, desde outubro de 2008, os preços da gasolina e do diesel estão mais caros no Brasil do que no exterior.

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Naquele ano, as cotações internacionais do petróleo desabaram por causa do estouro da crise mundial, chegando ao piso de US$ 37 por barril em dezembro.

A Petrobrás chegou a promover uma redução de preços no período - de 4,5% para a gasolina e 15% para o diesel -, mas não foi suficiente para equalizar os valores internos com os do mercado internacional. Não houve, também, impacto nas bombas, já que o governo elevou os impostos sobre os dois produtos, revertendo a redução do ano anterior, quando a estatal aumentou seus preços para acompanhar a escalada das cotações do petróleo.

Na média de julho, diz Pires, a gasolina brasileira estava 24% mais cara que a cotação do Golfo do México, usada como parâmetro para a Bacia do Atlântico. No caso do diesel, a diferença era de 14%. Na prática, a Petrobrás não é obrigada a seguir as cotações internacionais, embora esse tenha sido o objetivo da liberação do mercado em 2002. A estatal diz que sua política prevê acompanhamento de longo prazo.

Em nota enviada ao Estado, a companhia declara que "a política de preços adotada pela Petrobrás gera um fluxo de caixa mais estável, o que é positivo para a empresa e acionistas, além de diminuir o impacto da volatilidade dos preços internacionais sobre a economia brasileira e permite à companhia vender seus produtos ao preço médio que vigora no mercado internacional". Desde 2002, porém, não houve período tão longo de alta.


A expectativa é que a diferença se mantenha nos próximos meses. Do ponto de vista da Petrobrás, o mercado não espera quedas de preços em 2010, visão compartilhada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), que tocou no assunto na ata de sua última reunião. As cotações do petróleo - e, consequentemente, dos combustíveis no exterior - também devem se manter estáveis, oscilando em torno dos US$ 75, segundo projeção da consultoria Tendências.

Alívio

A manutenção desse cenário representa um alívio nas contas da Petrobrás, que encontra dificuldades para manter seu plano de investimentos, orçado em R$ 88,6 bilhões em 2010. A empresa está no limite de endividamento e, enquanto a capitalização não é concluída, utiliza o caixa adicional obtido com a venda de gasolina e diesel mais caros para ajudar a fechar suas contas. Os outros combustíveis, como querosene de aviação e gás natural, acompanham mais de perto as cotações internacionais do petróleo.

"Certamente essa política de preços está ajudando a Petrobrás a enfrentar seus problemas de caixa e a bancar seu plano de investimentos", comenta Walter de Vitto, especialista em energia da consultoria Tendências. Os R$ 24,7 bilhões calculados por Pires como ganho adicional equivalem a todos os recursos que a companhia mantinha em caixa no fim do terceiro trimestre. Até o fim de junho, a empresa investiu R$ 38,1 bilhões.

"No fundo, o caixa que a Petrobrás esta fazendo (com os combustíveis) está gastando. Pode-se dizer que ela está fazendo um investimento adicional com esse caixa", diz um analista do mercado financeiro que prefere não se identificar. Prevista inicialmente para julho, a capitalização foi adiada para setembro e depende de negociações sobre o preço das reservas que serão vendidas pelo governo à estatal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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