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Pedido do papa por Guaratiba remete a famoso filme uruguaio

Cancelamento de uma missa que iria acontecer no local durante a Jornada Mundial da Juventude frustou os planos de muitos moradores da região

Funcionários preparam o local onde aconteceria parte da Jornada Mundial da Juventude em Guaratiba: chuvas arapalharam o planejamento do local (Sergio Moraes/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 25 de agosto de 2013 às 15h23.

Brasília - A mensagem que o papa Francisco enviou ontem à prefeitura do Rio de Janeiro pedindo atenção especial ao bairro de Guaratiba, frustrando os sonhos e planos de muitos moradores da região, remete de certa forma a um filme uruguaio que fez bastante sucesso no Brasil.

Uma missa, programada para ocorrer no humilde bairro localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro, fazia parte do programa do papa durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), realizada em julho.

No entanto, as fortes chuvas que atingiram a cidade durante o evento transformou o Campo da Fé, local onde a missa ocorreria, em um imenso lodaçal e por isso a cerimônia foi transferida para a praia de Copacabana.

Na carta enviada à prefeitura, Francisco pediu 'atenção especial aos moradores desse bairro, que tanto sonharam com a realização dos atos centrais da Jornada na sua vizinhança'.

Embora o pontífice não o tenha citado, o incidente evocou a história do elogiado filme 'O banheiro do papa', dos uruguaios Enrique Fernández e César Charlone.

A tragicomédia remete a uma visita real que o papa João Paulo II fez à cidade uruguaia de Melo em 1998 e tem como personagem principal um contrabandista que sonha em sair da pobreza graças ao pontífice.

Com essa intenção, constrói um vaso sanitário para alugá-lo a centenas de milhares de peregrinos que iriam até Melo para ver o papa, mas se vê totalmente frustrado quando na realidade chegam apenas umas poucas centenas de pessoas.

Algo similar ocorreu em Guaratiba em junho. Igual ao personagem do filme, o operário Rodrigo Silva gastou R$ 10 mil, dinheiro que não tinha e pediu emprestado, para construir não um, mas 12 banheiros perto de sua humilde casa, vizinha ao terreno onde aconteceria a missa.

Segundo os cálculos dos organizadores da JMJ, cerca de dois milhões de pessoas chegariam em peregrinação até esse lugar a 60 quilômetros do centro do Rio, motivo pelo qual o 'negócio' não parecia oferecer nenhum risco.

Mas o papa não apareceu e os banheiros continuam ali, até hoje sem uso.

As perdas que Silva sofreu foram pequenas comparadas com as quais amargaram Juracy Santana e outros cinco amigos, que se associaram para comprar nada menos que seis caminhões de refrigerante, água e outras bebidas, e contrataram cem pessoas da comunidade para trabalhar nas vendas durante a visita papal.

Quando quatro dias antes da missa se anunciou de forma oficial a mudança de local, Santana declarou à imprensa que seu plano estava mantido, pois não acreditava na mudança. 'Ninguém cancela um evento dessa natureza de um dia para o outro', disse então.

Ao confirmar que realmente era assim, Santana apareceu perante as câmeras de televisão com os olhos avermelhados do pranto e lamentando os R$ 67 mil 'jogados no lixo', enquanto perguntava como explicar o fracasso a um de seus sócios, que tinha vendido seu carro para entrar no negócio.

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Brasília - A mensagem que o papa Francisco enviou ontem à prefeitura do Rio de Janeiro pedindo atenção especial ao bairro de Guaratiba, frustrando os sonhos e planos de muitos moradores da região, remete de certa forma a um filme uruguaio que fez bastante sucesso no Brasil.

Uma missa, programada para ocorrer no humilde bairro localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro, fazia parte do programa do papa durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), realizada em julho.

No entanto, as fortes chuvas que atingiram a cidade durante o evento transformou o Campo da Fé, local onde a missa ocorreria, em um imenso lodaçal e por isso a cerimônia foi transferida para a praia de Copacabana.

Na carta enviada à prefeitura, Francisco pediu 'atenção especial aos moradores desse bairro, que tanto sonharam com a realização dos atos centrais da Jornada na sua vizinhança'.

Embora o pontífice não o tenha citado, o incidente evocou a história do elogiado filme 'O banheiro do papa', dos uruguaios Enrique Fernández e César Charlone.

A tragicomédia remete a uma visita real que o papa João Paulo II fez à cidade uruguaia de Melo em 1998 e tem como personagem principal um contrabandista que sonha em sair da pobreza graças ao pontífice.

Com essa intenção, constrói um vaso sanitário para alugá-lo a centenas de milhares de peregrinos que iriam até Melo para ver o papa, mas se vê totalmente frustrado quando na realidade chegam apenas umas poucas centenas de pessoas.

Algo similar ocorreu em Guaratiba em junho. Igual ao personagem do filme, o operário Rodrigo Silva gastou R$ 10 mil, dinheiro que não tinha e pediu emprestado, para construir não um, mas 12 banheiros perto de sua humilde casa, vizinha ao terreno onde aconteceria a missa.

Segundo os cálculos dos organizadores da JMJ, cerca de dois milhões de pessoas chegariam em peregrinação até esse lugar a 60 quilômetros do centro do Rio, motivo pelo qual o 'negócio' não parecia oferecer nenhum risco.

Mas o papa não apareceu e os banheiros continuam ali, até hoje sem uso.

As perdas que Silva sofreu foram pequenas comparadas com as quais amargaram Juracy Santana e outros cinco amigos, que se associaram para comprar nada menos que seis caminhões de refrigerante, água e outras bebidas, e contrataram cem pessoas da comunidade para trabalhar nas vendas durante a visita papal.

Quando quatro dias antes da missa se anunciou de forma oficial a mudança de local, Santana declarou à imprensa que seu plano estava mantido, pois não acreditava na mudança. 'Ninguém cancela um evento dessa natureza de um dia para o outro', disse então.

Ao confirmar que realmente era assim, Santana apareceu perante as câmeras de televisão com os olhos avermelhados do pranto e lamentando os R$ 67 mil 'jogados no lixo', enquanto perguntava como explicar o fracasso a um de seus sócios, que tinha vendido seu carro para entrar no negócio.

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