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PCC tentou 'intermediar a paz' entre facções do Rio

Durante a apuração do MP paulista, os investigadores interceptaram uma conversa entre duas lideranças do PCC

Prisões: guerra entre as facções é apontada como um dos principais motivos para a morte dos 56 detentos em Manaus (Ueslei Marcelino/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de janeiro de 2017 às 18h06.

Uma denúncia do Ministério Público de São Paulo, de 2012, revela as tratativas entre integrantes do Primeiro Comando da Capital ( PCC ) para tentar "intermediar a paz, a fim de fortalecer o crime" entre as facções cariocas Comando Vermelho (CV) e Amigos dos Amigos (ADA). A tentativa foi entre os anos de 2010 e 2011.

Atualmente, a facção paulista se aliou à ADA e está em disputa com o CV. Aguerra entre as facções é apontada como um dos principais motivos para a morte dos 56 detentos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, o Compaj, em Manaus. A Família do Norte, do Amazonas, é aliada ao CV.

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Durante a apuração do MP paulista, os investigadores interceptaram uma conversa entre duas lideranças do PCC - Roberto Soriano e Abel Pacheco Andrade. Na conversa, Soriano pergunta se o traficante conversou com "os caras do CV". Pacheco diz que não, mas que mandou outro integrante da facção falar com as lideranças da facção carioca.

PCC

Na conversa, integrante do PCC fala em fortalecer o crime

Segundo Soriano, o recado a ser dado é que o PCC não teria "inimizades com vocês(CV), nem com o Terceiro (Comando), nem com o ADA. É guerra de vocês, se vocês quiserem intermediar uma paz estamos aí, porque o crime fortalece o crime, mas estamos com as cadeias de portas abertas pra vocês, a situação de negócios".

Em outra conversa, Soriano fala com Daniel Vinicius Canônico, outra liderança do PCC, sobre a relação entre os criminosos paulistas e cariocas. Segundo o traficante, o PCC nunca foi inimigo da ADA e "tinham uma ligação com o Vermelho (Comando Vermelho)", mas que foi quebrada "em cima da arrogância dos caras". Entretanto, Soriano sugere na conversa que "o intuito de tudo é estarem se unindo, se fortalecendo e um ajudar o outro".

"Nós também temos 65 favelas aqui (São Paulo), se precisarem passar uma temporada, vai ser bem recebido e a gente está aí não pra dividir o crime e sim para tentar unir e se fortalecer cada vez mais, porque imagina eles (ADA) com um braço em São Paulo, eles (PCC) com um braço no Rio".

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