(Jefferson Rudy/Agência Senado)
Alessandra Azevedo
Publicado em 20 de maio de 2021 às 10h47.
Última atualização em 24 de maio de 2021 às 10h58.
Em depoimento à CPI da Covid, nesta quinta-feira, 20, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello colocou a culpa da crise de desabastecimento de oxigênio em Manaus, no início do ano, na Secretaria de Saúde do Amazonas e na empresa fornecedora, White Martins. Contestado, ele insistiu que o Ministério da Saúde foi “proativo” quando soube do problema.
“Vejo aí duas responsabilidades muito claras: uma começa na na empresa que consome a sua reserva estratégica e não se posiciona de uma forma clara e a outra da secretaria”, afirmou Pazuello, em resposta a uma pergunta do senador Eduardo Braga (MDB-AM) sobre o assunto.
O parlamentar amazonense discordou e ressaltou que a responsabilidade é do poder público, não da fornecedora. "A empresa tem um contrato para atender um certo volume. Se esse volume é quadruplicado, é o poder público que tem que tomar responsabilidade", disse. Segundo ele, a White Martins pode ir à CPI para "esclarecer fatos contratuais", mas não para assumir culpa.
Pazuello reforçou que a secretaria de saúde do estado deveria ter acompanhado o processo e se antecipado, porque as informações do ministério são fornecidas pelas secretarias. "Quanto a isso, é clara no sistema [a responsabilidade], é da Secretaria de Saúde do Estado do Amazonas. Ponto", afirmou.
O ex-ministro também disse que, quando soube da situação, o Ministério da Saúde agiu de forma "proativa" para resolvê-lo. "Nós passamos a dividir ali, naquele momento, a compreensão do problema, no dia 10 [de janeiro] à noite. No dia 11, começamos a agir, acionando tudo o que tinha que acionar. Eu volto a dizer: da nossa parte, nós fomos muito proativos", afirmou.
Braga discordou. "Vossa excelência chegou com a sua equipe Manaus no dia seguinte, mas não providenciou o avião para ir buscar o oxigênio na Venezuela. Não providenciou para buscar oxigênio líquido em volume e em quantidade necessária. Nem o senhor, nem a secretaria do governo do estado, nem a prefeitura, nem ninguém", disse.
O senador citou uma matéria de um jornal do Amazonas, publicada em 6 de janeiro, que já alertava para a falta de oxigênio. Pazuello afirmou nesta quarta-feira à CPI que só soube do risco de desabastecimento em 10 de janeiro. “Nessa mesma matéria diz que houve acréscimo de internações em UTI em leitos clínicos de covid-19”, apontou Braga.
Pazuello disse que o presidente Jair Bolsonaro participou de reunião na qual o governo decidiu não intervir na saúde pública do Amazonas, mesmo diante das dificuldades decorrentes do desabastecimento de oxigênio. Segundo o general, o governador do estado, Wilson Lima, aliado de Bolsonaro, apresentou argumentos para que não houvesse intervenção.
"Essa decisão não era minha. [O assunto] foi levado à reunião de ministros com o presidente. E o governador, presente, se explicou, apresentou suas observações. E foi decidido pela não intervenção", contou Pazuello.