Paulistanos querem mais participação política e transparência
A maioria dos residentes, 90%, disse ser a favor de que obras com elevado impacto orçamentário, social ou ambiental sejam submetidas a plebiscitos
Agência Brasil
Publicado em 24 de janeiro de 2017 às 21h12.
A população da capital paulista quer mais participação política direta e mais transparência na gestão, indica a pesquisa do Índice de Referência de Bem-Estar no Município (Irbem) divulgada hoje (24).
Para o levantamento encomendado pela Rede Nossa São Paulo, foram ouvidos 1 mil moradores da cidade entre os dias 8 de dezembro de 2016 e 4 de janeiro deste ano.
A maioria dos residentes no município, 90%, disse ser a favor de que obras com elevado impacto orçamentário, social ou ambiental sejam submetidas a plebiscitos.
A maior parte da população da cidade, 84%, também gostaria que as prefeituras regionais, antigas subprefeituras, tivessem mais autonomia na gestão dos serviços municipais.
Prefeituras regionais
A forma de escolha dos prefeitos regionais foi, no entanto, um dos itens mais mal avaliados da pesquisa. Em uma escala de zero a dez, o modelo, que prevê apenas a indicação pelo prefeito, recebeu menção 2,5.
A área de transparência e participação política foi a pior avaliada no estudo, tendo nota total de 2,7 pontos. A pesquisa avalia ao todo 71 itens em 17 áreas temáticas.
"Esse contexto mostra que de fato a população paulistana anseia por mais participação política direta e com mais transparência", ressaltou sobre os resultados o coordenador da Rede Nossa São Paulo, Américo Sampaio.
Além de melhorar a forma de escolha dos prefeitos regionais, os dados mostram, na avaliação de Sampaio que a população quer "descentralizar a gestão. O que significa, em última análise, aproximar a gestão pública da população".
Qualidade de vida
De modo geral, o índice de bem-estar na cidade de São Paulo recebeu nota 3,7, menção feita a partir das avaliações para todos os itens da pesquisa. Todos os pontos receberam notas abaixo da média de 5,5.
"O Irbem mostra que a população está insatisfeita, que todas as áreas deixam a desejar, estão abaixo da média. Nós vemos isso como uma grande oportunidade de melhoria", disse o secretário municipal de planejamento e gestão, Paulo Uebel.
As conclusões do estudo serão usadas, segundo ele, para a elaboração do plano de metas da prefeitura para os próximos anos, que deverá ser apresentado até março.
"Nós estamos fazendo um estudo detalhado, usando todas as referências que existem, para fazer um plano de metas consistente e bem elaborado", disse após a apresentação da pesquisa. O plano deverá, de acordo com o secretário, passar por 38 audiências públicas.
Sobre o foco da administração municipal, que tem dedicado diversas ações ao Programa Cidade Linda, Uebel disse que a iniciativa está em linha com as expectativas da população.
"O Cidade Linda não é um programa de aparências apenas, mexe com questões estruturais", disse ao defender, por exemplo, o apagamento de pichações e grafites em pontos de grande visibilidade da capital.
Ao listar as áreas que têm mais importância para a qualidade de vida aparecem como prioridades, nesta ordem: educação, saúde, segurança e mobilidade. Entre as 17 opções, aparência e estética ficam em último lugar.
"Baseada na teoria das janelas quebradas, quando você tem áreas degradadas da cidade os índices sociais e de criminalidade pioram. A partir do momento que você resolve essa questão de forma estruturada, os índices melhoram", acrescentou ao citar a teoria elaborada pelo casal norte-americano George L. Kellinge e Catherine M. Coles.