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Vítimas da talidomida: desculpas de farmacêutica não bastam

Fabricante se desculpou pela distribuição da droga que há mais de 50 anos causou má formação em milhares de fetos em mais de 40 países, inclusive no Brasil

Uso da talidomida por grávidas nos anos 50 e 60 provocou graves deficiências em milhares de crianças. Laboratório que desenvolveu substância pediu desculpas 50 anos depois (©AFP/Archives / Jean Ayissi)
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Da Redação

Publicado em 1 de setembro de 2012 às 16h39.

O laboratório alemão que desenvolveu a talidomida rompeu 50 anos de silêncio e pediu desculpas na sexta-feira pelos efeitos causados pela droga. O remédio foi distribuído para mulheres grávidas durante os anos 50 e começo dos 60 para combater enjoos matinais, mas seus efeitos provocaram má formação em milhares de fetos em mais de 40 países, inclusive no Brasil. Neste sábado, associações de vítimas reagiram com indignação ao comunicado tardio do laboratório.

O pedido aconteceu durante a inauguração de uma estátua em homenagem às vítimas na cidade de Stolberg, sede do laboratório Grünenthal, que em 1957 lançou a talidomida. “Pedimos o perdão por não termos encontrado uma maneira de chegar até vocês ao longo dos últimos 50 anos”, afirmou em um discurso Harald Stock, chefe-executivo do laboratório, durante a inauguração do monumento, que custou 5.000 euros. “Pedimos que encarem nosso longo silêncio como um sinal do choque que o destino de vocês causou em nós”.

As desculpas, com mais de 50 anos de atraso, não foram bem recebidas pelas associações que representam as vítimas da talidomida. Na Inglaterra, a associação Thalidomide Agency UK, respondeu que a empresa tem que acompanhar as palavras com indenizações. Associações do Japão, Alemanha e Austrália também se queixaram do pedido de desculpas tímido e tardio.

Claúdia Maximino, presidente da Associação Brasileira dos Portadores da Síndrome da Talidomida, disse ao site de VEJA que o pedido do Grünenthal é “uma palhaçada” e não faz a menor diferença na qualidade de vida das vitimas. “O que um pedido de desculpas muda nas nossas vidas? Continuamos com pensões miseráveis (pagas pelo INSS), que estão cada vez mais defasadas. Uma estátua não muda nada”, disse Maximino, que nasceu em 1962 com problemas nos quatro membros após sua mãe usar talidomida durante a gravidez.

O uso da droga – que foi fabricada sob licença por vários laboratórios – foi banido na maioria dos países entre 1961 e 1962. Estima-se que mais de 10.000 crianças nascidas entre 1958 e 1962 sofreram má-formação nos braços e pernas, entre outros tipos de deficiências físicas, por causa da droga.

No Brasil, segundo dados do INSS, cerca de 800 pessoas sofreram os efeitos da droga. A talidomida continua sendo fabricada, mas seu consumo é recomendado apenas para pacientes que sofram de hanseníase, aids, doenças crônico-degenerativas e mieloma múltiplo (um tipo de câncer). Segundo Maximino, casos de pessoas que nascem com síndrome de talidomida continuam a ser registrados, mesmo com seu uso proibido para gestantes desde 1962.

“O último caso foi em 2010, no Maranhão. O governo distribui a talidomida para os doentes, em vez de aplicá-la somente em hospitais, como acontece em outros países. Assim, ele acaba chegando na mão de mulheres grávidas. Só o Brasil registrou uma segunda e uma terceira gerações de bebês com síndrome. Tudo por causa da falta de controle. Desculpas não ajudam a resolver esse problema”, disse Maximino.

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O laboratório alemão que desenvolveu a talidomida rompeu 50 anos de silêncio e pediu desculpas na sexta-feira pelos efeitos causados pela droga. O remédio foi distribuído para mulheres grávidas durante os anos 50 e começo dos 60 para combater enjoos matinais, mas seus efeitos provocaram má formação em milhares de fetos em mais de 40 países, inclusive no Brasil. Neste sábado, associações de vítimas reagiram com indignação ao comunicado tardio do laboratório.

O pedido aconteceu durante a inauguração de uma estátua em homenagem às vítimas na cidade de Stolberg, sede do laboratório Grünenthal, que em 1957 lançou a talidomida. “Pedimos o perdão por não termos encontrado uma maneira de chegar até vocês ao longo dos últimos 50 anos”, afirmou em um discurso Harald Stock, chefe-executivo do laboratório, durante a inauguração do monumento, que custou 5.000 euros. “Pedimos que encarem nosso longo silêncio como um sinal do choque que o destino de vocês causou em nós”.

As desculpas, com mais de 50 anos de atraso, não foram bem recebidas pelas associações que representam as vítimas da talidomida. Na Inglaterra, a associação Thalidomide Agency UK, respondeu que a empresa tem que acompanhar as palavras com indenizações. Associações do Japão, Alemanha e Austrália também se queixaram do pedido de desculpas tímido e tardio.

Claúdia Maximino, presidente da Associação Brasileira dos Portadores da Síndrome da Talidomida, disse ao site de VEJA que o pedido do Grünenthal é “uma palhaçada” e não faz a menor diferença na qualidade de vida das vitimas. “O que um pedido de desculpas muda nas nossas vidas? Continuamos com pensões miseráveis (pagas pelo INSS), que estão cada vez mais defasadas. Uma estátua não muda nada”, disse Maximino, que nasceu em 1962 com problemas nos quatro membros após sua mãe usar talidomida durante a gravidez.

O uso da droga – que foi fabricada sob licença por vários laboratórios – foi banido na maioria dos países entre 1961 e 1962. Estima-se que mais de 10.000 crianças nascidas entre 1958 e 1962 sofreram má-formação nos braços e pernas, entre outros tipos de deficiências físicas, por causa da droga.

No Brasil, segundo dados do INSS, cerca de 800 pessoas sofreram os efeitos da droga. A talidomida continua sendo fabricada, mas seu consumo é recomendado apenas para pacientes que sofram de hanseníase, aids, doenças crônico-degenerativas e mieloma múltiplo (um tipo de câncer). Segundo Maximino, casos de pessoas que nascem com síndrome de talidomida continuam a ser registrados, mesmo com seu uso proibido para gestantes desde 1962.

“O último caso foi em 2010, no Maranhão. O governo distribui a talidomida para os doentes, em vez de aplicá-la somente em hospitais, como acontece em outros países. Assim, ele acaba chegando na mão de mulheres grávidas. Só o Brasil registrou uma segunda e uma terceira gerações de bebês com síndrome. Tudo por causa da falta de controle. Desculpas não ajudam a resolver esse problema”, disse Maximino.

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