Visão geral do plenário da Câmara dos Deputados durante sessão do Congresso Nacional, em Brasília (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 8 de março de 2015 às 11h18.
Brasília - Metade dos parlamentares na Câmara avalia como ruim ou péssima a relação entre Executivo e Legislativo e acredita que o quadro vai manter-se como está ou piorar nos próximos três meses. É o que mostra a primeira pesquisa de avaliação do governo Dilma Rousseff na Câmara feita pela consultoria política Arko Advice, à qual o jornal O Estado de S. Paulo teve acesso com exclusividade. Foram ouvidos 102 deputados de 20 partidos, distribuídos conforme a representatividade de cada bancada, entre 24 e 26 de fevereiro.
Nesse período, o estresse já tomava conta dos parlamentares no Congresso, diante da expectativa dos pedidos de investigação de políticos pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O Supremo Tribunal Federal autorizou na sexta-feira a abertura de inquérito contra 12 senadores e 22 deputados suspeitos de ligação com o esquema de corrupção na Petrobrás.
Mas a pesquisa ainda não havia captado completamente a piora no clima em Brasília com a crise deflagrada entre o governo Dilma e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Ele devolveu à Presidência da República a medida provisória que reduziu o benefício tributário da desoneração da folha de pagamento das empresas no mesmo dia em que Janot enviou sua lista ao STF.
"A pesquisa reflete um momento de tensão em que o governo já enfrentava diversas dificuldades na Câmara", diz o analista sênior da Arko Advice, Cristiano Noronha, responsável pela pesquisa em conjunto com Murillo de Aragão, diretor da consultoria. Para Noronha, se os deputados ouvidos fossem entrevistados na semana que passou, após o envio da lista de Janot e da devolução da MP da desoneração por Renan, a avaliação do governo teria sido pior.
"O fato de que metade dos deputados avalia como ruim ou péssima a relação do Legislativo com o governo é uma sinalização clara de que a presidente Dilma precisa urgentemente mudar não somente a sua postura - ou seja, com mais diálogo e compartilhamento das decisões -, como também uma possível mudança de pessoas na articulação com o Congresso", explica o analista da Arko Advice.
Para Noronha, Dilma precisa incluir representantes de outros partidos da base aliada no núcleo duro de coordenação política do governo ou substituir nomes que já estejam desgastados na articulação com o Congresso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.