Temer: para Lula, o governo, mesmo em situação crítica, tem conseguido reaglutinar forças, enquanto o PT precisa de uma bandeira para reconquistar a confiança da sociedade (Ueslei Marcelino/REUTERS/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 2 de junho de 2017 às 10h01.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a cúpula do PT avaliaram que o presidente Michel Temer pode ganhar sobrevida política porque está sendo mais rápido na reação às denúncias contra ele do que o PT e outros partidos da oposição nos ataques.
Em conversa com deputados, senadores e dirigentes antes da abertura do 6.º Congresso Nacional do partido, Lula disse que o governo, mesmo em situação crítica, tem conseguido reaglutinar forças, enquanto o PT precisa de uma bandeira para reconquistar a confiança da sociedade. O evento petista começou ontem em Brasília.
A portas fechadas, Lula e seus correligionários também consideraram que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deve suspender o julgamento da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer, marcado para ser retomado no dia 6.
"O único jeito de Temer cair é se o TSE cassar a chapa. Impeachment não cabe neste caso e ele (Temer) já disse que não renuncia", afirmou o deputado Zé Geraldo (PT-PA).
Integrantes da cúpula petista apostam que um dos sete ministros do TSE pedirá vista do processo, o que daria tempo para Temer tentar salvar seu mandato. O diagnóstico do partido é o de que, neste momento, o presidente pode ficar "sangrando".
"Nada é impossível. Acho que Temer está buscando uma 'sarneyzação', que pode se arrastar por um tempo e agarrar em todos nós como uma sarna", disse Marco Aurélio Garcia, ex-assessor especial da Presidência.
Defensor de eleições diretas com mandato excepcional de cinco anos em caso de vacância na Presidência, o ex-ministro Jaques Wagner disse ontem que "Temer tem mais legitimidade para continuar no cargo do que qualquer nome escolhido em uma eventual eleição indireta".
"Querendo ou não, ele estava na linha sucessória da Presidência", disse o ex-ministro. "Ele era vice. É lógico que traiu a Dilma, mas era vice."
Segundo Wagner, o Brasil não é parlamentarista para trocar de presidente "de seis em seis meses". "Estamos brincando com coisas com as quais não podemos brincar. A briga política é fundamental para oxigenar a democracia, mas não pode asfixiar o País. Quando a democracia vira uma questão de conveniência a gente está mal." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.