Brasil

Para governo, rico no Brasil se acha da classe média

Governo recebeu críticas no passado por considerar de classe média brasileiros com renda familiar per capita de R$ 291. Hoje, rebateu os argumentos em contrário


	Para governo, o brasileiro, mesmo quando é da classe alta, tem uma inexplicável tendência de dizer que é da média
 (Marcos Santos/USP Imagens)

Para governo, o brasileiro, mesmo quando é da classe alta, tem uma inexplicável tendência de dizer que é da média (Marcos Santos/USP Imagens)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de abril de 2013 às 21h56.

São Paulo – Depois de receber críticas por contabilizar como sendo da classe média todo brasileiro cuja renda familiar per capita esteja entre R$ 291 e R $1.019, o governo deu hoje uma resposta oficial aos comentários negativos. Usou três argumentos. O primeiro deles: que rico no Brasil quer ser percebido como classe média, “por mais incoerente que isso possa parecer”.

Em relatório divulgado hoje, a Secretaria de Assuntos Estratégicos, ligada à Presidência da República, afirma que a discussão é complicada porque vem acompanhada de valores, preconceitos e auto percepção.

“No Brasil, fazem parte dos 5% mais ricos todos aqueles em famílias com renda per capita acima de R$2.400 ao mês e muitos membros desse grupo se consideram parte da classe média”, diz o texto.

O governo usa a Estatística para rebater os críticos e defender que não se pode subir o limite atual do que é considerado classe média.

“Seria impossível conceber qualquer divisão da população em três classes de renda (baixa, média e alta) em que os 5% mais ricos estivessem fora da classe alta”.

O governo federal vem propagando a bandeira de que o Brasil se tornou um "país de classe média" - quase 40 milhões de pessoas entraram no grupo nos últimos 10 anos. A fatia abocanhada pela classe chega a 52% da sociedade.

Mas recebeu críticas de que estaria abrindo demais o critério para se beneficiar nas contas. E é contra essa visão que o documento divulgado hoje apresenta argumentos.

A resposta do governo, inclusive, ecoa a visão do Instituto Data Popular, que estuda a classe C.

Em entrevista a EXAME.com em novembro do ano passado, o sócio-diretor do instituto, Renato Meirelles, afirmou que apenas 15% dos mais ricos do Brasil se colocam no topo. O resto acha que é da classe média ou, pior, da baixa mesmo.

“O mundo corporativo é muito autorreferente e acha que todo mundo é classe média. Que rico é apenas o Eike Batista”, constatou então Meirelles, quando o bilionário carioca ainda figurava como o mais rico do país.

As outras duas razões
A segunda razão para o número parecer baixo, de acordo com o governo, é que o uso dos dados do IBGE, através da Pesquisa Nacional por Amosta de Domicílios (Pnad), são autodeclarados.

Assim, mesmo que de qualidade internacional, segundo o relatório, eles “não retratam a “verdadeira” renda de cada um”. Ou seja, uma família de classe média formada por três pessoas ganharia, na verdade, mais que os valores entre R$ 873 e R$ 3.057 considerados hoje.


Nestes casos, rendimentos vindos de diversas fontes, como ativos financeiros e transferências entre famílias, acabam subdeclarados.

Para provar isso, o relatório apresenta um novo cálculo usando dados tidos como mais confiáveis quando se trata de renda, da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do próprio IBGE. Com isso, a mesma família de três pessoas de classe média estaria ganhando de fato algo entre R$1.300 e R$3.700.

O governo usa o Pnad e não o POF, porém, porque ele é calculado apenas a cada cinco anos.

A terceira razão para a percepção geral equivocada, segundo a Secretaria de Assuntos Estratégicos, é que se tende a pensar na renda do indivíduo isolado da família.

“A família brasileira tem, em média, cerca de três membros, o que faz com que a renda per capita tenda a ser 1/3 da renda familiar total. Aqueles que inadvertidamente acham que os pontos de corte propostos são valores para a renda familiar total terão a sensação que eles estão muito abaixo do que deveriam”, justifica o governo. 

Acompanhe tudo sobre:Classe AClasse CClasse médiaEstatísticasIBGERenda per capita

Mais de Brasil

Mais de 600 mil imóveis estão sem luz em SP após chuva intensa

Ao lado de Galípolo, Lula diz que não haverá interferência do governo no Banco Central

Prefeito de BH, Fuad Noman vai para a UTI após apresentar sangramento intestinal secundário

Veja os melhores horários para viajar no Natal em SP, segundo estimativas da Artesp