Brasil

Para Economist, prisão por mensalão não é mais “impensável”

Publicação britânica considera avanço julgamento do mensalão e destaca que a prisão de políticos agora não é mais “impensável” no país

Os olhos vendados da estátua "A Justiça", em frente ao STF: para a Economist, políticos serem presos é ainda algo improvável, mas não mais "impensável" no Brasil (Morio/Wikimedia Commons)

Os olhos vendados da estátua "A Justiça", em frente ao STF: para a Economist, políticos serem presos é ainda algo improvável, mas não mais "impensável" no Brasil (Morio/Wikimedia Commons)

DR

Da Redação

Publicado em 27 de julho de 2012 às 20h00.

São Paulo - “Uma má reputação tem historicamente representado pequeno impedimento para uma longa carreira na política brasileira”. É citando os casos de Fernando Collor e Paulo Maluf - ambos hoje no Congresso, apesar de escândalos no passado – que a revista The Economist começa reportagem do julgamento do Mensalão, marcado para a próxima quinta-feira no Supremo Tribunal Federal (STF).

Para a publicação, que o Mensalão tenha chegado à Suprema Corte após sete anos é por si só um progresso. 

"Prisão para políticos corruptos pode ainda ser improvável, mas não é mais impensável”, sentencia a Economist. “O principal efeito do julgamento será afastar a cultura da impunidade no Brasil para os poderosos” é o argumento da revista para apontar avanços institucionais no país. 

O fato do ex-presidente Lula ter sido reeleito um ano depois do “maior escândalo político” de anos recentes é apontado como exemplo das prioridades dos brasileiros. “Ele (Lula) era popular por melhorar a vida dos pobres, não pela cruzada contra a corrupção”, mostra a reportagem.

Na ânsia de desenhar o cenário nacional que contribui para a impunidade, porém, a revista erra ao afirmar que no Brasil é necessária a permissão do Congresso para que "ministros e legisladores (parlamentares) sejam investigados por crimes durante o mandato“.

Desde 2001, uma emenda constitucional garante que inquéritos e ações penais contra políticos possam tramitar e serem julgadas pelo STF sem autorização da Câmara ou Senado.

“Hoje, o Supremo apenas dá ciência e comunica a respectiva Casa”, explica o professor de Direito Público da Universidade de Brasília, Mamede Said. No caso dos Ministros de Estado, no entanto, permanece a necessidade de autorização do Congresso.

Acompanhe tudo sobre:CorrupçãoCrise políticaEmpresasEscândalosFraudesMensalãoPolítica no BrasilSupremo Tribunal Federal (STF)The Economist

Mais de Brasil

Indícios contra militares presos são "fortíssimos", diz Lewandowski

Câmara aprova projeto de lei que altera as regras das emendas parlamentares

PF envia ao STF pedido para anular delação de Mauro Cid por contradições

Barroso diz que golpe de Estado esteve 'mais próximo do que imaginávamos'