Para ANTT, adiar trem-bala não trará mais interessados
O diretor-geral da ANTT reiterou que, no que depender da agência o cronograma não será alterado
Da Redação
Publicado em 25 de novembro de 2010 às 21h22.
A pressão para adiar o leilão do Trem de Alta Velocidade (TAV) está partindo das empreiteiras e dos fornecedores de equipamentos, na avaliação do diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo. "Quem está 'brifando' é o pessoal que está interessado. Qual o interesse deles? Que eu vou assumir que tem que colocar contingência, aumentar o financiamento, colocar mais capital?", declarou Figueiredo. "Se não adiar, não vai mudar nada. Se adiar vão pressionar para o governo repensar, colocar um orçamento mais confortável para as empresas. Vendo os atores e esse processo, consigo fazer o mapeamento", observou Figueiredo.
O diretor-geral da ANTT reiterou que, no que depender da agência o cronograma não será alterado. "A parte de engenharia, que era a grande reivindicação de que precisavam de tempo, está disponível há um ano e meio. Não fizeram porque não quiseram", disse. "Se não fizeram um estudo em um ano e meio, vão fazer em três meses?", questionou. Figueiredo observou ainda que o adiamento do leilão não implica em garantia de aumento de competidores, o que ele pode constatar em reuniões com os empresários.
Questionado quanto ao argumento apresentado pelos empresários sobre a influência do período eleitoral, já que a presidente eleita, Dilma Rousseff, e o candidato do PSDB, José Serra, tinham ideias convergentes sobre o projeto, Figueiredo ressaltou que as empresas "trabalharam com um cenário que não aconteceu".
Em relação às reclamações dos empresários de que algumas definições importantes só ocorreram na véspera do leilão, como a Medida Provisória que definiu o financiamento de R$ 20 bilhões pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Figueiredo ponderou que esse benefício já havia sido anunciado há um ano. "A MP saiu agora, mas o perfil do financiamento, como seria feito, foi dito há um ano", reforçou.
Figueiredo reiterou que a ANTT trabalha com a hipótese de haver três consórcios na disputa do leilão. "Para que a licitação aconteça e tenha resultado, devemos ter pelo menos um consórcio. Estamos confiantes de que pelo menos um terá. Estamos esperançosos de que tenhamos três", ressaltou. Ele ponderou que, caso haja apenas um participante e se o valor do projeto apresentado for superior aos R$ 33 bilhões, isso não traria nenhum impacto para o governo. O impacto, segundo ele, seria a redução da Taxa Interna de Retorno (TIR) para o investidor.
"Se o projeto for mais caro, o investidor vai ter que colocar mais capital. O teto é R$ 33 bilhões e tem a tarifa teto (que poderá ser cobrada dos usuários). Essa tarifa teto, com esse investimento, gera para o investidor um retorno calculado de 9%. Se ele investidor muda os parâmetros do investimento, não mudando nenhuma das outras coisas, ele vai ter um retorno menor do que nove", explicou. Depois do leilão, segundo Figueiredo, a proposta será analisada para verificar se o plano de negócios está consistente com o projeto. Caso contrário, a proposta é desclassificada.