Brasil

Papa defende justiça social para pacificação de favelas

Apenas com integração e justiça sociais os esforços de pacificação serão permanentes, afirmou papa Francisco durante visita à favela da Varginha, no Rio

Papa Francisco é cercado pela multidão de fiéis na favela da Varginha: "nenhum esforço de pacificação será duradouro, não haverá harmonia e felicidade para uma sociedade que ignora, que deixa à margem, que abandona na periferia parte de si mesma", ressaltou (Yasuyoshi Chiba/AFP)

Papa Francisco é cercado pela multidão de fiéis na favela da Varginha: "nenhum esforço de pacificação será duradouro, não haverá harmonia e felicidade para uma sociedade que ignora, que deixa à margem, que abandona na periferia parte de si mesma", ressaltou (Yasuyoshi Chiba/AFP)

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Da Redação

Publicado em 25 de julho de 2013 às 14h42.

Rio de Janeiro - Os esforços de pacificação de comunidades carentes só serão permanentes se houver integração e justiça sociais, afirmou o papa Francisco em visita à favela da Varginha, no complexo de Manguinhos, zona norte do Rio de Janeiro, na manhã desta quinta-feira.

"Nenhum esforço de pacificação será duradouro, não haverá harmonia e felicidade para uma sociedade que ignora, que deixa à margem, que abandona na periferia parte de si mesma", ressaltou o Papa, em visita à comunidade da Varginha, controlada durante anos pelo tráfico de drogas e pacificada há sete meses.

Durante seu discurso, o pontífice também pediu que os jovens não se deixem abater pela corrupção após as recentes manifestações que se espalharam em todo o Brasil exigindo punição aos políticos corruptos, melhorias nos meios de transporte, educação e saúde de qualidade.

"Vocês, queridos jovens, possuem uma sensibilidade especial frente às injustiças, mas muitas vezes se desiludem com notícias que falam da corrupção, com pessoas que, em vez de buscar o bem comum, procuram o seu próprio benefício", disse o pontífice diante de milhares de fiéis que acompanhavam seu discurso.

"A todos vocês repito: nunca se desanimem, não percam a confiança, não deixem que a esperança se apague", acrescentou.

Antes de inciar seu discurso, o Papa recebeu as boas-vindas de um jovem da comunidade que disse que sua visita "tirou a comunidade do descaso".


"Sua visita nos colocou nas páginas dos jornais nacionais e internacionais, que antes só falavam de nós para mostrar o tráfico e as enchentes", afirmou o jovem morador da comunidade.

Mesmo com um discurso de forte cunho político e social, Francisco não deixou o bom humor de lado e, brincando, disse que gostaria de "bater na porta de cada brasileiro para tomar um cafezinho mas não um copo de cachaça".

Debaixo de uma chuva incessante, o pontífice chegou à favela da Varginha a bordo do papamóvel. A comunidade de 1.000 pessoas foi, durante décadas, controlada pelo tráfico de drogas. Em 2012, a favela - situada entre o estádio do Maracanã e o aeroporto do Galeão - foi pacificada.

"Francisco, eu te amo!", entoavam, em coro, os moradores da comunidade que recepcionaram o pontífice e o aguardavam deste o início da manhã. Francisco visitou uma capela da comunidade, onde fez uma pequena celebração. Na saída do local, sob gritos da multidão, falou e abençoou os fiéis.

Durante o caminho, o papa argentino recebeu das mãos de crianças uma bandeirola do time San Lorenzo, clube de Buenos Aires para o qual torce.

Momentos antes de subir ao palco montado especialmente para recebê-lo, o Papa também visitou uma casa da comunidade, que foi escolhida no momento. A residência de quatro moradores e de paredes amarelas era uma das sete casas que disputavam a honra de receber a ilustre visita.


"Foi uma grande surpresa, ontem não dormi de tanta ansiedade", disse a dona da casa visitada por Francisco, Maria Luzia dos Santos. "Falei com ele, e foi Deus quem me ajudou, pois achei que fosse ficar muito emocionada, que fosse chorar, mas consegui pedir para que ele nos abençoasse", contou.

O Papa deixou a favela da Varginha pouco depois das 12h, onde seguiu até a Catedral Matropolitana, no centro do Rio de Janeiro. Lá, ele teve um encontro exclusivo com fiéis argentinos. Mais de 20 mil jovens vieram da Argentina para a Jornada Mundial da Juventude.

Na parte da tarde, o pontífice participará na chamada "Acolhida ao Papa", ato central da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) na praia de Copacabana, onde é aguardado por por centenas de milhares de jovens.

Logo cedo, na manhã desta quinta-feira, o papa Francisco participou de cerimônia no Palácio da Cidade, em Botafogo, onde recebeu as chaves da cidade do Rio e abençoou as bandeiras das Olimpíadas de 2016. O ato contou com a participação de astros do esporte brasileiro, como Zico e Oscar Schmidt.

"Muito obrigado por estarem aqui neste momento e de coração darei a bênção a todos, a suas famílias, seus amigos, seus bairros", disse, em espanhol, o papa argentino de 76 anos, diante de centenas de fiéis que o receberam sob chuva na sede da prefeitura do Rio.

"E rezem por mim", pediu o pontífice, repetindo o apelo feito na quarta-feira durante a primeira missa pública que celebrou no Brasil, no santuário de Aparecida, em São Paulo.

O papa Francisco está no Rio de Janeiro para presidir a jornada Mundial da Juventude (JMJ), que acontece até 28 de julho e reúne cerca de 1,5 milhão de pessoas vindas de 170 países.

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