Brasil

Papa critica estratégia de pacificação das favelas no Rio

O pontífice afirmou que, enquanto a desigualdade social não for resolvida, "não haverá paz duradoura"

Papa Francisco visita a comunidade de Varginha, no Complexo de Manguinhos, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro (Tânia Rêgo/ABr)

Papa Francisco visita a comunidade de Varginha, no Complexo de Manguinhos, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro (Tânia Rêgo/ABr)

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Da Redação

Publicado em 25 de julho de 2013 às 14h11.

Rio de Janeiro - O papa Francisco atacou a estratégia de "pacificação" das favelas no Rio de Janeiro, alertando que, enquanto a desigualdade social não for resolvida, "não há paz duradoura".

Nesta quinta-feira, 25, em plena Favela da Varginha, na zona norte da cidade, ele fez um dos discursos de cunho social mais importantes de seu pontificado e convocou os jovens a continuar pressionando por melhorias, em um sinal de seu apoio aos manifestantes que tomaram as ruas do Brasil desde junho.

O papa ainda completou: a grandeza de uma nação só pode ser medida a partir de como ela trata seus pobres, numa referência indireta à insistência do governo de vender o Brasil como uma das maiores economias do mundo e, ao mesmo tempo, não dar uma solução às suas favelas.

Francisco chega a reconhecer os avanços sociais promovidos pelo governo. Mas alerta que isso ainda não é suficiente e que a pacificação de favelas, como a que ele visita, não pode ser feita com armas.

"Quero encorajar os esforços que a sociedade brasileira tem feito para integrar todas as partes do seu corpo, incluindo as mais sofridas e necessitadas, através do combate à fome e à miséria", disse.

Pacificação

"Nenhum esforço de pacificação será duradouro, não haverá harmonia e felicidade para uma sociedade que ignora, que deixa à margem, que abandona na periferia parte de si mesma", declarou ainda o papa durante o discurso. E alertou: "Uma sociedade assim simplesmente empobrece a si mesma, perde algo de essencial para si mesma."


O papa disse ainda que "somente quando se é capaz de compartilhar é que se enriquece de verdade". "Tudo aquilo que se compartilha se multiplica. A medida da grandeza de uma sociedade é dada pelo modo como esta trata os mais necessitados, que não tem outra coisa senão a sua pobreza."

Manifestações

Ele ainda manifestou seu apoio a todos aqueles no Brasil que lutam por mudanças sociais, em uma referência aos protestos que ganharam as ruas do País desde junho.

Atacando a corrupção e o fato de a periferia ser abandonada por políticos, o papa deixou claro que a Igreja vai apoiar o movimento mais amplo de exigências por melhorias.

Fontes no Vaticano confirmaram ao jornal O Estado de S. Paulo que essa foi a forma pela qual o papa optou por lançar seu recado aos manifestantes. A opção foi a de evitar a palavra "protestos", mas ainda assim fazer um apelo para que a pressão contra a classe dirigente continue.


"Aqui, como em todo o Brasil, há muitos jovens", disse. "Vocês possuem uma sensibilidade especial frente às injustiças, mas muitas vezes se desiludem com notícias que falam de corrupção, com pessoas que, em vez de buscar o bem comum, procuram o seu próprio beneficio", declarou.

"Também para vocês e para todas as pessoas eu repito: nunca desanimem, não percam a confiança", insistiu.

Francisco ainda apelou à população que não se deixa "acostumar ao mal, mas a vencê-lo". O papa ainda garantiu: "Vocês não estão sozinhos, a Igreja está com vocês, o papa está com vocês".

Educação

O papa também aproveitou seu discurso na favela para voltar a defender alguns dos pilares do dogma da Igreja: a família e a vida, "que deve ser sempre tutelado e promovido".

O papa pediu uma educação de qualidade e com valores, e não apenas um sistema que tem como metas "uma simples transmissão de informações com o fim de gerar lucros".

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