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Panamericano influenciou política monetária desde julho

De acordo com o presidente do BC, o problema no Panamericano era um "risco importante" para as condições de crédito futuras

A fraude no Banco Panamericano foi revelada somente em 9 de novembro (Divulgação)
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Da Redação

Publicado em 25 de novembro de 2010 às 19h00.

Brasília - Os problemas de contabilidade das operações de crédito no Banco Panamericano foram levados em consideração pelo Comitê de Política Monetária (Copom) desde a reunião de julho, ainda que o Banco Central não tivesse identificado na ocasião a instituição que estava gerando os potenciais desequilíbrios no sistema financeiro.

As declarações foram feitas pelo presidente do BC, Henrique Meirelles, em reunião com economistas em São Paulo nesta quinta-feira.

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"O relevante é que o BC tinha a informação já para o Copom de julho e, certamente para o de setembro, que tinha um problema", afirmou Meirelles, de acordo com vídeo da reunião publicado na página do BC no final da tarde.

De acordo com o presidente do BC, o problema no Panamericano era um "risco importante" para as condições de crédito futuras, dependendo de como fosse equacionado.

Em julho, o Copom elevou os juros para o atual patamar, a 10,75 por cento, e contrariou as expectativas de parte dos agentes, que pediam uma elevação maior. De acordo com Meirelles, é importante considerar que o BC dispõe muitas vezes de informações que não estão disponíveis para o mercado.

As atas das reuniões de julho e de setembro não traziam nenhuma menção a riscos para as condições de crédito.

A fraude no Banco Panamericano foi revelada somente em 9 de novembro, com a divulgação de um aporte de 2,5 bilhões de reais do acionista controlador, o grupo Silvio Santos.

Segundo Meirelles, o BC demorou algum tempo até dimensionar o volume do problema e verificar que o impacto estava concentrado em apenas uma instituição.

Para Flavio Serrano, economista sênior do Espírito Santo Investment Bank, "com certeza isso é uma informação nova."

"A gente tinha achado equivocado o BC ter parado (de subir os juros). Uma parte foi explicada: tinha o Panamericano no processo", acrescentou.

"A gente não vê em dezembro esse aumento de juro, mas ele começa a preparar o terreno. Nossa expectativa é em janeiro."

Inflação

O recente aumento da inflação tem sido mencionado como a principal razão para uma alta do juro no começo de 2011. De acordo com um economista que participou do encontro --dividido em três grupos--, o mercado demonstrou preocupação com a alta dos alimentos, que tem pressionado os índices de preços.

A prévia mais recente do índice oficial de inflação superou as expectativas de analistas em novembro. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) de novembro teve alta de 0,86 por cento, ante 0,62 por cento em outubro.


Além disso, o cenário externo representa outra ameaça, por dificultar as previsões. "Falou-se um pouco da situação de indefinição de algumas variáveis. Se comentou no sentido de que as premissas estão muito voláteis, e o que a gente assume (como cenário) perde a validade muito rápido", disse o economista, que preferiu não ser identificado.

O BC usa a reunião trimestral com economistas para colher impressões sobre o cenário de inflação e, por isso, normalmente ouve mais do que fala aos analistas de mercado.

Mesmo assim, o diretor de Política Econômica, Carlos Hamilton Araújo, disse que uma das hipóteses de trabalho é a política fiscal, sobre a qual o mercado recebeu sinalizações "importantes". Nesta semana, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, falou em cortes de mais de 20 bilhões de reais no primeiro ano de governo de Dilma Rousseff.

O diretor de Normas do BC e indicado para a presidência da instituição no governo Dilma, Alexandre Tombini, não participou da reunião.

O teor das reuniões do BC com representantes do mercado normalmente não é divulgado. A assessoria da instituição afirmou que neste caso isso ocorreu para evitar "assimetria de informações".

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