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Palocci: Lula pediu R$ 30 mi para Delfim e Bumlai em obra de Belo Monte

Revelações fazem parte do terceiro acordo de colaboração premiada do ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil, desta vez com o Ministério Público Federal

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Andre Coelho/Bloomberg)

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Andre Coelho/Bloomberg)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 20 de janeiro de 2019 às 13h44.

São Paulo - O ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antonio Palocci afirmou, em delação premiada, que Delfim Netto recebeu R$ 4 milhões de um acerto de R$ 15 milhões de propinas ao PT supostamente repassados pela Andrade Gutierrez. Delfim foi o todo poderoso ministro da Fazenda do regime militar, nos anos 1970. Ele ficou famoso como o ministro do 'milagre econômico'.

Em nove de março de 2018, Delfim foi alvo de buscas e apreensões no âmbito da Operação Buona Fortuna, 49ª fase da Lava Jato. Segundo os investigadores, já foram rastreados pagamentos em valores superiores a R$ 4 milhões de um total estimado em R$ 15 milhões.

Primeiro delator do núcleo político de comando do esquema de corrupção sistêmica nos governos do PT revelado pela Lava Jato, Palocci detalhou sua atuação no acerto de R$ 135 milhões em propinas em Belo Monte - equivalente a 1% do contrato de R$ 13,5 bilhões. O valor dividido de forma igualitária, 50% cada, entre o PT e o MDB. E incriminou Lula e Dilma no esquema.

Palocci afirma que Lula "se envolveu diretamente" na corrupção em Belo Monte. Segundo o delator, o ex-presidente exigiu que o amigo José Carlos Bumlai, pecuarista com livre acesso ao Planalto em seu governo, e Delfim Netto recebessem "milhões" no negócio, por terem formulado o consórcio vencedor do contrato.

O ex-ministro disse que 'Lula insistia que deveriam ser pagos em virtude da atuação de Delfim Neto e Bumlai na formação do consórcio vencedor e 'que Lula informou que Bumlai e Delfim Neto deveriam receber R$ 30 milhões pela formação do consórcio alternativo e que ainda não tinham sido pagos'.

Segundo Palocci, Lula estava 'irritado' porque Dilma Rousseff não havia autorizado o pagamento de propinas ao PT pela construção de Belo Monte, já que haveria um outro acerto com o PMDB.

O ex-ministro afirma que recebeu um pedido de Lula para que ajudasse o então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, a remunerar Delfim e Bumlai pela ajuda que teriam dado ao consórcio vencedor de Belo Monte.

Para Palocci, a 'presença de Bumlai significava que havia interesses também de Lula no recebimento dos valores'. O ex-ministro diz que 'recebeu um visita de do executivo da Andrade Gutierrez Otávio Marques de Azevedo, 'o qual se fazia acompanhado de Jose Carlos Bumlai, na sede' de sua empresa Projeto.

Na reunião, segundo Palocci, Otávio indagou se havia necessidade de se pagar cerca de R$ 30.000.000,00 (trinta milhões) a Antonio Delfim Netto e ainda disse que 'iria abater os pagamentos dos valores que eram devidos pelas empresas do consórcio construtor ao PT e ao PMDB, ou seja, seriam abatidos quinze milhões dos valores de cada agremiação'.

De acordo com Palocci, 'pela presença de Bumlai na reunião, confirmava-se o que posteriormente Lula confidenciou, de que também Bumlaipretendia receber parte dos 30 milhões' e que 'os trabalhos de Bumlai eram feitos, muitas das vezes, para a sustentação da família de Lula'.

Palocci relata que R$ 15 milhões, metade do total, foram quitados a Delfim e ao PT. Delfim teria ficado com R$ 4 milhões.

COM A PALAVRA,OS ADVOGADOS RICARDO TOSTO E JORGE NEMR, QUE DEFENDEM DELFIM

"Caros, todos os esclarecimentos e as informações sobre esse tema já foram prestados às autoridades.

A defesa do professor Antonio Delfim Netto, representada pelos advogados Ricardo Tosto e Jorge Nemr, esclarece que "o professor Delfim Netto não ocupa cargo público desde 2006 e não cometeu nenhum ato ilícito em qualquer tempo. Os valores que recebeu foram honorários por consultoria prestada".

COM A PALAVRA, DILMA ROUSSEFF

As novas mentiras de Palocci

Dilma rebate as novas declarações fantasiosas do ex-ministro

A propósito das supostas novas declarações do senhor Antônio Palocci, a Assessoria de Imprensa de Dilma Rousseff registra:

Mais uma vez, o senhor Antônio Palocci mente em delação premiada, tentando criar uma cortina de fumaça porque não tem provas que comprometam a idoneidade e a honra da presidenta Dilma.

É fantasiosa a versão de que ela teria "dado corda" para a Lava Jato "implicar" Lula. Isso não passa de uma tentativa vazia de intrigá-la com o presidente Lula.

Na verdade, a delação implorada de Palocci se constitui num dos momentos mais vexaminosos da política brasileira, porque revela o seu verdadeiro caráter.

Assessoria de Imprensa

Dilma Rousseff

COM A PALAVRA, LULA

SOBRE HISTÓRIAS DE PALOCCI E MOTORISTAS PLANTADAS HOJE CONTRA LULA

A Lava Jato tem quase 200 delatores beneficiados por reduções de pena. Para todos perguntaram do ex-presidente Lula. Nenhum apresentou prova nenhuma contra o ex-presidente ou disse ter entregue dinheiro para ele. Antônio Palocci, preso, tentou fechar um acordo com o Ministério Público inventando histórias sobre Lula. Até o Ministério Público da Lava Jato rejeitou o acordo por falta de provas e chamou de "fim da picada".

Mas o TRF-4 decidiu validar as falas sem provas de Palocci, que saiu da prisão e foi para a casa, com boa parte de seu patrimônio mantido em troca de mentiras sem provas contra o ex-presidente. O que sobra são historinhas para gerar manchetes caluniosas.

Todos os sigilos fiscais de Lula e sua família foram quebrados sem terem sido encontrados valores irregulares.

Há outros motoristas e outros sigilos que deveriam ser analisados pelo Ministério Público, que após anos, segue sem conseguir prova nenhuma contra Lula, condenado por "atos indeterminados". Curiosa a divulgação dessa delação sem provas justo hoje quando outro motorista ocupa o noticiário.

Assessoria de Imprensa do ex-presidente Lula

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