Soldado do Exército brasileiro patrulha as ruas do complexo da Maré durante a ocupação, no Rio de Janeiro (Ricardo Moraes/Reuters)
Da Redação
Publicado em 9 de abril de 2014 às 19h07.
Rio - O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), prometeu nesta quarta-feira, 9, construir 19 escolas e três clínicas da família no Complexo da Maré, zona norte da cidade, ocupado desde 30 de março pelas forças de segurança para futura implantação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPP).
A região está ocupada desde sábado por militares do Exército e da Marinha, que substituíram a Polícia Militar. O anúncio foi feito após uma reunião com representantes das associações de moradores das 15 favelas do complexo, além de ONGs que atuam na Maré.
Segundo Paes, as obras devem ficar prontas em um ano e meio. Desde o início do programa das UPPs, em 2008, o secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, critica a demora do poder público para levar projetos sociais para essas comunidades, que há décadas são dominadas por traficantes de drogas ou, mais recentemente, por milicianos.
As licitações para construção das escolas e dos postos de saúde, no valor de R$ 270 milhões, já foram publicadas no Diário Oficial do município.
"Com essas novas escolas, o objetivo é ter todas as crianças da Maré estudando em tempo integral", explicou o prefeito. Paes disse ainda que, mesmo antes da pacificação da Maré, os serviços básicos da prefeitura já estavam presentes na região, mas que é preciso melhorá-los. "A Maré já tem 30 escolas, nove unidades de saúde, coleta diária de lixo, iluminação pública, quase 100% de cobertura do programa saúde de família. O que buscamos agora é qualificar esse serviço. O que mais faltava aqui era segurança, que com a pacificação será resolvido". O prefeito também prometeu que a Maré vai receber o programa Bairro Maravilha - que consiste na reurbanização de ruas e calçadas.
Favela da Telerj.
Perguntado sobre o que será feito com as milhares de pessoas que, desde semana passada, invadiram um prédio abandonado pertencente à empresa de telefonia Oi (antiga Telerj), no Engenho Novo, zona norte da cidade, Paes disse que o movimento é orquestrado e que os invasores devem ser retirados. Após a invasão, em poucos dias o terreno e o terraço do prédio foram loteados e totalmente tomados por barracos feitos com pedaços de madeira. O local ficou conhecido como Favela da Telerj.
"Eu não conheço nenhuma Favela da Telerj. Eu conheço uma invasão, com todas as características de ser profissional, organizada. Ali tem pessoas humildes, mais pobres, com necessidade habitacional. Mas (também há pessoas) que estão ali loteando, demarcando. Pobre que é pobre não aparece ali com aqueles pedaços de madeira demarcando número. É um movimento organizado. Ninguém dorme lá porque a maioria das pessoas não mora ali. Acho que (os invasores) têm que ser retirados. Tem que ser dada a reintegração de posse. Invadiu, ocupou no peito e na raça, a Prefeitura do Rio não vai desapropriar para construir (casas)", concluiu o prefeito.