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Paes diz que imunização contra a covid-19 deve começar no dia 25 no Rio

Data prevista é a mesma para o estado de São Paulo

Rio de Janeiro: no mapa divulgado hoje, nenhuma região da cidade apresentava risco muito alto, mas a maior parte do município tinha risco alto (Tomaz Silva/Agência Brasil)
AM

André Martins

Publicado em 8 de janeiro de 2021 às 15h05.

Última atualização em 8 de janeiro de 2021 às 15h55.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes , disse nesta sexta-feira, dia 8, que a vacinação contra covid-19 no Rio de Janeiro pode começar no dia 25 — mesma data que o governador de São Paulo, João Doria , previu para iniciar a campanha de imunização. Embora Paes afirme que a intenção é de seguir o Plano Nacional de Imunizações, a prefeitura poderia se antecipar caso a campanha do Ministério da Saúde sofra atraso.

Ainda durante a transição, Paes fechou um acordo para a aquisição de 3,3 milhões de doses da CoronaVac, desenvolvida em parceria entre o Butantan e o laboratório chinês Sinovac Biotech.

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"Estamos prontos para começar a vacinação no mesmo dia de São Paulo. Mas estamos diante de muitas dúvidas. Ao mesmo tempo, a gente entende que o Plano Nacional de Imunização vai se utilizar da vacina do Butantan. É uma grande notícia, de maturidade. A gente espera que essas doses sejam distribuídas de maneira igualitária para todos os entes da federação. Estamos prontos para começar a vacinação no dia 25 também. Hoje o secretário Daniel Soranz terá mais uma reunião com o Butantan em São Paulo para acertar mais detalhes", disse Paes.

A prefeitura estuda, inclusive, montar postos de vacinação Drive-Thru para que os grupos prioritários que receberão a vacina possam receber a dose sem sair do carro. Essa estratégia já foi adotada pela secretaria municipal de Saúde em abril do ano passado, na campanha de vacinação contra a gripe. Com o apoio do Exército, postos votantes foram montados no Riocentro e no Detran.

Ainda não está claro, porém, como o Rio poderia antecipar a vacinação. Isso porque na apresentação do programa de vacinação na quinta-feira, dia 7, o Ministério da Saúde estava requisitando todas as doses da vacina.

Das 3,3 milhões de doses que a prefeitura espera contar de São Paulo, 2,6 milhões cobririam os grupos considerados prioritários pelo Plano Nacional de Imunizações, conforme Eduardo Paes já anunciara no último domingo, dia 3. Dessas 2,6 milhões, 872.571 se referem a pessoas com mais de 75 anos, trabalhadores da Saúde, comunidades quilombolas e idosos que moram em abrigos. A lista inclui ainda outras 1.675.384 de pessoas na entre idosos na faixa de 60 a 74 anos, pessoas com comorbidades, professores e profissionais de forças de segurança, distribuídos por três grupos.

O cronograma das demais faixas populacionais ainda está em planejamento pelo Ministério da Saúde.

Na madrugada de 20 de dezembro do ano passado, antes mesmo de tomar posse, Eduardo Paes anunciou, através de suas redes sociais, a assinatura de um termo de cooperação com o Instituto Butantan para a aquisição da vacina contra o novo coronavírus. As postagens foram feitas horas depois de uma reunião com o governador de São Paulo, João Doria, que postou em suas redes sociais um vídeo ao lado de Paes. Nesta ocasião, o prefeito do Rio disse esperar começar a vacinação na cidade carioca no fim de janeiro de 2021

Paes afirmou nas mensagens que o "ideal é que tenhamos um Plano Nacional de Imunização", mas destacou que está fazendo ações para preparar a rede de saúde do Rio para que "possa atender os cariocas com a maior brevidade possível e sem riscos". Entre os anúncios feitos em seu plano de governo para os primeiros cem dias de gestão, o prefeito do Rio disse que quer preparar principalmente as Clínicas da Família para receberem a campanha de imunização.

Uso emergencial

Nesta quinta-feira (7), o Butantan apresentou à Anvisa os dados sobre vacina. Segundo as informações, a CoronaVac tem eficácia de 78% nos estudos no Brasil. A vacina desenvolvida pelo Butantan e pela chinesa Sinovac Biotech é o primeiro imunizante a pedir autorização emergencial de uso para a agência.

Restrições

A prefeitura do Rio de Janeiro passará a adotar restrições localizadas para conter a disseminação da covid-19 , em vez de medidas que englobem estabelecimentos de todo o município de uma só vez. A proposta foi apresentada hoje (8) pelo prefeito Eduardo Paes , e pelo secretário municipal de saúde, Daniel Soranz, e vai considerar risco de contágio em cada uma das regiões administrativas da capital fluminense.

Com base nos números de óbitos e casos registrados na semana epidemiológica anterior, a prefeitura divulgará toda sexta-feira o mapa de risco da cidade, e cada região será classificada como de risco moderado, alto ou muito alto. Quanto maior o risco, maiores serão as restrições.

"A cidade não é uma coisa só, não dá para imaginar que a realidade de Santa Cruz é a mesma realidade do Leblon", defendeu o prefeito, que pediu que a população nas áreas de risco alto colabore para que a situação não se agrave. "A última coisa que eu quero é me meter na vida dos indivíduos, mas, ao mesmo tempo, temos que defender os interesses da coletividade".

No mapa divulgado hoje, nenhuma região da cidade apresentava risco muito alto, mas a maior parte do município tinha risco alto. Um número menor de áreas tinha risco moderado, como Jacarepaguá, Ilha do Governador e Guaratiba.

"Eu me refiro a toda Zona Sul, à Barra da Tijuca, à região de Santa Cruz, à região de Grande Bangu, a Ricardo, Anchieta, Pavuna e a outras regiões que podiam estar listadas aqui na minha frente. Se eles não tomarem os devidos cuidados, há uma chance real de isso ir para o nível muito alto. E se for para o nível muito alto, a gente vai ter restrições bastante firmes. A prefeitura não tem condições - e ninguém tem - de ficar de babá para a população . É preciso que as pessoas se conscientizem", acrescentou o prefeito.

Eduardo Paes prometeu publicar na semana que vem o detalhamento das restrições que vão valer em cada caso, mas exemplificou citando como vai funcionar para áreas públicas abertas como o Campo de Santana, no centro do Rio. Com risco moderado, será necessário o distanciamento social de 2 metros e o funcionamento em horário ampliado, porém sem limitação de público. Já com risco alto, o número de frequentadores ficará restrito à metade da capacidade, e essa fração cairá para um terço quando o nível de risco for muito alto. Em regiões com o maior nível de risco, também não será permitida a entrada de pessoas dos grupos vulneráveis nesses espaços públicos, como pessoas com mais de 60 anos.

Daniel Soranz defendeu que a adoção de restrições localizadas é importante mesmo considerando que grande parte da população se desloca no município. "É errado achar que o Rio de Janeiro é uma cidade homogênea. É importante que a gente divida pra fazer a ação correta de acordo com cada local".

A prefeitura planeja apresentar o plano para testagem em massa no próximo domingo e também deve lançar um aplicativo para que as pessoas com covid-19 possam notificar seus próprios casos, o que, na visão do secretário, pode dar mais agilidade à atualização dos dados.

Os dados consolidados pela prefeitura mostram também que desde o início da pandemia a VRA (Copacabana e Leme) teve proporcionalmente mais casos em comparação com o resto na cidade. A mesma coisa acontece no total de óbitos. Copacabana também é o bairro que o maior número de idosos por habitante no Rio.

O projeto do boletim epidemiológico foi elaborado pelo novo Centro de Operações de Emergências (OE Covid-19 RIO).

Caso a prefeitura siga todas as orientações da Secretaria estadual de Saúde para o emprego do sistema de cores, nenhuma escola pública ou particular poderia retomar as aulas presenciais. Isso porque a classificação da Secretaria estadual de Saúde não libera a abertura das salas de aula a partir de laranja.

Parques na cidade

Na manhã desta sexta-feira, o prefeito Eduardo Paes esteve no Campo de Santana, no Centro, para a reabertura do espaço após dez meses fechado por conta da pandemia de Covid-19. Além disso, a partir desta sexta-feira, os outros 37 parques públicos do Rio ganharam mais duas horas de funcionamento pela manhã.

A lotação dos parques vai estar condicionada às informações de classificação de risco por Região Administrativa, com regras divulgadas nesta sexta-feira pela Secretaria municipal de Saúde. A classificação que será divulgada pela SMS seguirá três níveis de Alerta — 1, 2 e 3, conforme indicadores que mostram a evolução da doença por região do Rio de Janeiro. Segundo o prefeito, boa parte da cidade está hoje no nível 1.

No nível 1, não existem restrições quanto a quantidade de pessoas nos parques, respeitada a lotação máxima por área. No nível 2, os parques vão poder abrir com a metade da lotação. Já no nível 3, a lotação será reduzida a um terço e a proibição da entrada com pessoas maiores de 60 anos.

Nesta sexta-feira, Paes também disse que a prefeitura já estuda liberar a reabertura das piscinas de condomínios, cujo acesso foi proibido por Crivella para reduzir o risco de contágio pelo covid.

"O pessoal da Saúde entende que em risco de contágio moderado e alto é positivo abrir piscinas de condomínio. Claro, que a partir de determinadas regras. Hoje, elas estão fechadas. Isso pode ser feito. A partir da resolução, isso será permitido".

Números preocupantes

A capital fluminense registrou, desde o início da pandemia, 15.312 mortes por covid-19, ficando apenas um pouco atrás da capital do São Paulo, que soma 15.970 óbitos no mesmo período, mas tem quase o dobro da população carioca. No Rio, a escalada de mortes tem se agravado: em média, são 49 óbitos por dia, dois a cada hora. E, desde 23 de setembro, a cidade está no topo do ranking de mortes em municípios do país analisadas por períodos de 14 dias, passando à frente de São Paulo, que fica em segundo lugar, e Brasília, em terceiro.

Nesta quinta-feira, dia 7, no mesmo dia em que o Brasil superou a marca de 200 mil mortos pela doença, o Rio completou 106 dias consecutivos com o maior total de mortes entre os municípios do país. Foram 132 óbitos e 1.207 novos casos. Desde que o início da pandemia de coronavírus no país, em março, o Estado do Rio já teve 452.758 pessoas infectadas e 26.292 vidas perdidas. A capital responde por mais da metade de todos os óbitos.

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