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Padilha poderia ficar com parte de laboratório da Lava Jato

Padilha exerce atualmente o cargo de secretário municipal de Relações Governamentais da administração Fernando Haddad (PT), em São Paulo

Alexandre Padilha: ele nega categoricamente que fosse assumir o controle de uma cota do laboratório (Paulo Pinto/Analítica/Fotos Públicas)
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Da Redação

Publicado em 5 de janeiro de 2016 às 14h28.

São Paulo - O ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha (governo Dilma Rousseff) iria ficar com uma parte do laboratório Labogen, usado pelo doleiro Alberto Youssef para tentar fraudar contratos milionários da pasta em 2013. A informação foi dada pelo entregador de dinheiro de Youssef, Carlos Alexandre de Souza Rocha, o Ceará, em delação premiada à Procuradoria-Geral da República.

Ele disse ter ouvido do doleiro que o laboratório seria fatiado em quatro partes, uma delas assumida por Padilha, então ministro da Saúde, em parceria com o então vice-líder do PT na Câmara André Vargas, preso e condenado na Operação Lava Jato.

Padilha exerce atualmente o cargo de secretário municipal de Relações Governamentais da administração Fernando Haddad (PT), em São Paulo.

Ele nega categoricamente que fosse assumir o controle de uma cota do laboratório.

O delator afirmou que o laboratório seria dividido entre quatro controladores.

Ele citou como beneficiários da partilha dos ativos da Labogen, além do ex-deputado André Vargas, o empresário Pedro Paulo Leoni Ramos, ex-ministro do governo Fernando Collor (1990/1992), e o doleiro Leonardo Meirelles, suposto laranja de Youssef.

"A Labogen seria dividida em quatro partes; uma das partes era de Leonardo Meirelles; a segunda parte era de Alberto Youssef, baseada no débito que Leonardo Meirelles tinha para com ele; a terceira parte era do então ministro da Saúde Alexandre Padilha e de André Vargas; a quarta parte era do fundo de investimentos administrado por Pedro Paulo Leoni Ramos; o aporte de dinheiro na Labogen para fabricar os medicamentos a serem fornecidos ao Ministério da Saúde foi feita por meio do fundo de investimentos administrado por Pedro Paulo Leoni Ramos", disse Ceará no seu depoimento.

A Labogen era uma das empresas usadas por Youssef para remeter dinheiro de forma fraudulenta para o exterior via celebração de contratos de câmbio para importações fictícias, segundo a força-tarefa da Lava Jato.

O laboratório e o nome de Padilha já haviam sido citados no depoimento de Youssef. Segundo o doleiro, o ex-deputado André Vargas teria feito lobby junto ao ministro Padilha para que a Labogen firmasse contratos milionários com o Ministério da Saúde.

O delator Ceará fez dezenove depoimentos, entre 29 de junho e 2 de julho de 2015, na Procuradoria-Geral da República. Em um deles, o Termo de Colaboração número 7, o delator relata a negociação para aquisição da Labogen.

Segundo ele, Youssef disse que pretendia "viabilizar" a empresa de medicamentos para "receber uma dívida" e "ainda obter lucro".

A Labogen era uma indústria química em situação financeira caótica, quando o doleiro decidiu assumir o negócio e "revitalizar" a empresa para se infiltrar no Ministério da Saúde, segundo a Polícia Federal.

Ceará disse ainda recordar que a Labogen tinha contrato com o Ministério da Saúde, mas não soube precisar o valor, se era de R$ 64 milhões ou R$ 164 milhões - desde que a PF identificou os movimentos de Youssef na área, em 2014, o Ministério da Saúde tem reiterado que não chegou a assinar contrato com a Labogen.

Em seu depoimento, Ceará relatou que em 2014 recebeu de Youssef a ordem de ir com ele buscar "um amigo" no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e que este amigo era "líder do PT, muito influente e com acesso à presidente Dilma Rousseff".

Ao entrar no carro, depois de ouvir de Youssef que Ceará era seu homem de confiança, André Vargas teria dito que "está tudo marcado, tudo certo com o ministro".

Ceará afirmou à Procuradoria que, em um momento posterior, Youssef lhe disse que o ministro ao qual Vargas se referia era o então titular da Saúde, Alexandre Padilha.

Defesa

"É absurda e irresponsável qualquer tentativa, por meio de um vazamento seletivo baseado no 'ouvi dizer', de mais uma vez tentar vincular o nome do ex-ministro da Saúde ao referido laboratório mesmo após quase dois anos de conclusão de uma sindicância feita pelo Ministério da Saúde, de uma apuração concluída pela Controladoria-Geral da União (CGU) e de uma investigação da Polícia Federal (PF) não terem encontrado nenhum vínculo do ex-titular da Pasta com irregularidades e se quer o mesmo ter sido arrolado em qualquer investigação", afirma a assessoria de Padilha por meio de nota.

"Cabe ressaltar que em nenhum momento o ex-ministro esteve sob investigação da Operação Lava Jato", continua o texto, ressaltando que Padilha "sempre defendeu e contribuiu para a apuração total de qualquer irregularidade pelos órgãos responsáveis".

O ministro, segundo a nota, "também defende a apuração dos vazamentos seletivos cuja motivação deve ser investigada, pois certamente esse tipo de expediente não pode ser confundido com transparência nem correção à investigação em curso".

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Ele disse ter ouvido do doleiro que o laboratório seria fatiado em quatro partes, uma delas assumida por Padilha, então ministro da Saúde, em parceria com o então vice-líder do PT na Câmara André Vargas, preso e condenado na Operação Lava Jato.

Padilha exerce atualmente o cargo de secretário municipal de Relações Governamentais da administração Fernando Haddad (PT), em São Paulo.

Ele nega categoricamente que fosse assumir o controle de uma cota do laboratório.

O delator afirmou que o laboratório seria dividido entre quatro controladores.

Ele citou como beneficiários da partilha dos ativos da Labogen, além do ex-deputado André Vargas, o empresário Pedro Paulo Leoni Ramos, ex-ministro do governo Fernando Collor (1990/1992), e o doleiro Leonardo Meirelles, suposto laranja de Youssef.

"A Labogen seria dividida em quatro partes; uma das partes era de Leonardo Meirelles; a segunda parte era de Alberto Youssef, baseada no débito que Leonardo Meirelles tinha para com ele; a terceira parte era do então ministro da Saúde Alexandre Padilha e de André Vargas; a quarta parte era do fundo de investimentos administrado por Pedro Paulo Leoni Ramos; o aporte de dinheiro na Labogen para fabricar os medicamentos a serem fornecidos ao Ministério da Saúde foi feita por meio do fundo de investimentos administrado por Pedro Paulo Leoni Ramos", disse Ceará no seu depoimento.

A Labogen era uma das empresas usadas por Youssef para remeter dinheiro de forma fraudulenta para o exterior via celebração de contratos de câmbio para importações fictícias, segundo a força-tarefa da Lava Jato.

O laboratório e o nome de Padilha já haviam sido citados no depoimento de Youssef. Segundo o doleiro, o ex-deputado André Vargas teria feito lobby junto ao ministro Padilha para que a Labogen firmasse contratos milionários com o Ministério da Saúde.

O delator Ceará fez dezenove depoimentos, entre 29 de junho e 2 de julho de 2015, na Procuradoria-Geral da República. Em um deles, o Termo de Colaboração número 7, o delator relata a negociação para aquisição da Labogen.

Segundo ele, Youssef disse que pretendia "viabilizar" a empresa de medicamentos para "receber uma dívida" e "ainda obter lucro".

A Labogen era uma indústria química em situação financeira caótica, quando o doleiro decidiu assumir o negócio e "revitalizar" a empresa para se infiltrar no Ministério da Saúde, segundo a Polícia Federal.

Ceará disse ainda recordar que a Labogen tinha contrato com o Ministério da Saúde, mas não soube precisar o valor, se era de R$ 64 milhões ou R$ 164 milhões - desde que a PF identificou os movimentos de Youssef na área, em 2014, o Ministério da Saúde tem reiterado que não chegou a assinar contrato com a Labogen.

Em seu depoimento, Ceará relatou que em 2014 recebeu de Youssef a ordem de ir com ele buscar "um amigo" no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e que este amigo era "líder do PT, muito influente e com acesso à presidente Dilma Rousseff".

Ao entrar no carro, depois de ouvir de Youssef que Ceará era seu homem de confiança, André Vargas teria dito que "está tudo marcado, tudo certo com o ministro".

Ceará afirmou à Procuradoria que, em um momento posterior, Youssef lhe disse que o ministro ao qual Vargas se referia era o então titular da Saúde, Alexandre Padilha.

Defesa

"É absurda e irresponsável qualquer tentativa, por meio de um vazamento seletivo baseado no 'ouvi dizer', de mais uma vez tentar vincular o nome do ex-ministro da Saúde ao referido laboratório mesmo após quase dois anos de conclusão de uma sindicância feita pelo Ministério da Saúde, de uma apuração concluída pela Controladoria-Geral da União (CGU) e de uma investigação da Polícia Federal (PF) não terem encontrado nenhum vínculo do ex-titular da Pasta com irregularidades e se quer o mesmo ter sido arrolado em qualquer investigação", afirma a assessoria de Padilha por meio de nota.

"Cabe ressaltar que em nenhum momento o ex-ministro esteve sob investigação da Operação Lava Jato", continua o texto, ressaltando que Padilha "sempre defendeu e contribuiu para a apuração total de qualquer irregularidade pelos órgãos responsáveis".

O ministro, segundo a nota, "também defende a apuração dos vazamentos seletivos cuja motivação deve ser investigada, pois certamente esse tipo de expediente não pode ser confundido com transparência nem correção à investigação em curso".

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